Os bastidores da verdade. Tobias G. Alte

Os bastidores da verdade - Tobias G. Alte


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      © Editora Gato-Bravo, 2020

      Não é permitida a reprodução total ou parcial deste livro nem o seu registo em sistema informático, transmissão mediante qualquer forma, meio ou suporte, sem autorização prévia e por escrito dos proprietários do registo do copyright.

      editor Marcel Lopes

      coordenação editorial Paula Cajaty

      revisão e adaptação Hanny Saraiva

      projecto gráfico 54 Design

      imagem da capa Shutterstock

      Título

      Os bastidores da verdade

      Autor

      Tobias G. Alte

      isbn 978-989-8938-63-3

      e-isbn 978-989-8938-64-0

      1a edição: Junho, 2020

      Depósito Legal: 471247/20

      gato·bravo

      rua Veloso Salgado, 15 A

      1600-216 Lisboa, Portugal

      tel. [+351] 308 803 682

      [email protected]

      editoragatobravo.pt

      À minha mulher Rosa Farate

      Sumário

       Prefácio

       Apresentação do autor

       Prólogo

       I. Quotidianos

       II. Retalhos de Vidas

       III. Vidas em retalhos

       IV. Enigma

       V. Desenlace

       Epílogo

      Prefácio

      Sempre fomos fascinados pelos bastidores. Pelo que existe por detrás do espectáculo em que colectivamente participamos, seja ele no palco do teatro ou no palco da vida. Pela engrenagem que faz mover a máquina, a história por detrás da história. Essa ideia de bastidores – o local onde tudo se prepara, onde o espectáculo se forma – é a ideia de um local proibido, onde o truque se desconstrói, onde o mágico revela a essência do seu acto.

      Por nos serem vedados, há esse desejo, quase voyeurístico, de saber o que acontece lá, nesse lugar escondido, por detrás das cortinas – de saber a origem do que aconteceu. É por isso que o título – “Os bastidores da verdade” – dificilmente poderia ser mais representativo do que nos é proposto nas páginas deste livro: descobrir a verdade através da análise do que se esconde na construção dela mesma. “Os bastidores da verdade” é, acima de tudo, uma história sobre a verdade: a verdade do que aconteceu, mas também a verdade do que somos, a verdade do que pensamos, sentimos, sonhamos.

      É essa a proposta cativante, ambiciosa, de Tobias G. Alte – entrar nos bastidores da mente, compreender o que acontece atrás das cortinas do pensamento dizível – entrar no espelho, para, do outro lado, descobrir que a nossa mente é o segredo, tão bem guardado dentro de nós.

      Escolher o policial como veículo para essa proposta não é por acaso: não há nada mais semiótico que o policial, porque o espectador é convidado a participar na descoberta, porque cada elemento é uma pista, uma possibilidade de decifrar o enigma. Assim, não espanta que Tobias G. Alte tenha escolhido esse género para encontrar a ponte elusiva entre a psicanálise e o thriller. Ao convidar-nos a entrar com ele nessa descoberta, nessa busca de pistas, convida-nos também a encontrar a simbiose entre a investigação de um crime e a investigação psicanalítica - ambas procuram o que acontece nos bastidores.

      E, fiel às suas influências, de Rex Stout a Agatha Christie, Tobias G. Alte não se limita a propor-nos o desvendar de um grande mistério - ele também reflete sobre os mistérios dos seus personagens, das suas relações, dos seus segredos, das suas verdades. E, ao fazê-lo, reflete também sobre os nossos mistérios, as nossas verdades. De facto, munido de um entendimento profundo da psique humana, Tobias G. Alte não dá um passo em falso ao desvendar o mistério do que pensamos, ao espreitar para dentro dos nossos bastidores. Talvez seja aí que esta obra mais brilha – em oferecer um olhar para dentro de nós próprios, ao mesmo tempo que nos envolve num enigma, obrigando-nos a virar cada página em busca de respostas. É esse mistério dentro de um mistério que torna “Os bastidores da verdade” um livro ímpar, um livro onde vale a pena procurar pela verdade que mais nos fascina: a nossa.

      — Pedro Farate, argumentista e cineasta

      Apresentação do autor

      Tobias Micael Guina Alte é o alter-ego literário de um médico e psicanalista pela sexta década da vida que decidiu dar alento a um “bichinho” escrevinhador intuído, como é mais ou menos da “praxe”, por alturas da adolescência, mas remetido à prateleira das ilusões úteis ao longo da (esforçada) adultícia.

      No trabalho, depois do encontro com a investigação empírica, descobriu namoro enlaçado com a psicanálise, paixão de juventude. No amor, depois de namoros episódicos e acasalamentos desenlaçados, com dois conúbios à mistura, concretizou, finalmente, enlace marital amoroso e bem-aventurado, já há algum tempo pressentido, com escritora inspirada e poetisa talentosa, que influenciou tacitamente esta aventura.

      Um filho legítimo que busca terçar talentos artísticos nos alvores da (mui resistida) adultícia e um enteado empenhado e disciplinado na ambição de ter sucesso. Também uma gata coquete de recente coabitação.

      Família dispersa e amizades poucas, mas boas. Ego bem-doseado e libido bem-temperada, Tobias G. Alte, que ora se apresenta, inicia-se na escrita ficcional, na qual espera ter saída semelhante à do seu ego, sobretudo na escrita psicanalítica. E, talvez, quem sabe, passar de “candidato” a “iniciado” e de “iniciado” a “titular”?

      Prólogo

      Tratar vidas em desalinho é grande aforro com laivos de desaforo. Passeiam-se vielas esconsas, calcorreiam-se ruelas estreitas, percorrem-se avenidas, descobrem-se miradouros, tentam evitar-se becos sem saída. Viajam-se lugares desconhecidos em terra familiar e lugares familiares por terra desconhecida…

      O mundo é, ao mesmo tempo, inóspito e anfitrião, o tempo é frio e habitado de calor, os dias alternam entre percursos corriqueiros por encontros inesperados e trajectos aventureiros por encontros adiados. As alegrias e as tristezas são o tempero de um alimento existencial que se banqueteia à entrada de portas sem saída e à volta de ancoradouros de chegada por saída. Alinham-se jeitos e trejeitos de dor e descoberta, receios de amor e certezas de desafecto, entre arremedos de esperança e impulsos de desalento, à beira da desistência. Propõem-se afazeres, arranjam-se temperanças e negoceiam-se ganhos e perdas em “lutos” de amores transviados e desesperanças de sonhos irrealizados.. Em cada dia espera-se a noite e a cada noite antecipa-se o dia… é sempre assim, a noite anterior e o dia seguinte. E o tempo é longo, à beira do desencanto, e curto, sempre muito curto, à espreita de um alento que desperte o desejo e inspire a alma. É um aqui-não-vai e ali-já-vem de curso contínuo e percurso variante em direcção (invariante) a destino incerto. Só a pouco e pouco se divisam figuras em fundo e se alumiam


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