Uma Luz No Coração Da Escuridão. Amy Blankenship
por esta mesma razão, só que ela não contou à amiga por quê. Suki também comprou uma roupa. Tirando a roupa do armário, ela mergulhou nela com emoção. Era um vestido totalmente preto e muito colado ao corpo. Ela se apaixonou por ele assim que o viu.
Bom, Shinbe não está por perto â pensou Suki com um sorriso contente enquanto olhava o vestido no espelho. Era muito curto, mas não mostrava demais, apenas o suficiente para provocar e deixar a imaginação vagar. Prendendo os cabelos escuros para trás com uma xuxinha também preta, Suki pôs um pouco de maquiagem e pegou suas chaves, indo ao apartamento de Kyoko, logo ao lado.
Kyoko saiu do quarto esperando que tivesse tempo de lanchar qualquer coisa antes de sair, mas antes mesmo de chegar à cozinha, alguém estava batendo na porta.
â Deus, espero que não seja Toya â disse ela e se perguntou se deveria atender. Ela ainda tinha 20 minutos antes que fosse hora de se encontrar com Suki, então Kyoko escolheu ignorar os golpes na porta por um momento com medo de quem estaria do outro lado.
à incrÃvel como o medo faz você se sentir com cinco anos de idade. A sobrancelha de Kyoko se contraiu enquanto ela respirava.
A pancada tornou-se um pouco mais alta, mas desta vez seguida por uma voz.
â Tudo bem, Kyoko, sei que você está aÃ. Não me faça derrubar esta porta! â disse com uma risadinha.
Kyoko revirou os olhos pensando que Suki parecia ser da polÃcia. Abriu a porta para sua melhor amiga, que imediatamente agarrou seu braço para tirá-la do apartamento.
â Anda, vamos. Tenho uma sensação ruim se não formos agora, Shinbe aparecerá ou algo assim â Kyoko mal teve tempo de fechar a porta antes que Suki a puxasse para fora.
*****
Kyou abriu as pesadas cortinas escuras da janela, agora que o crepúsculo havia chegado. Seus longos cabelos prateados se curvaram ao seu redor enquanto ele abriu a janela, permitindo que o vento da noite chegasse para acariciar seu rosto angélico. Vestido de preto, ele tinha a aparência de um anjo caÃdo.
O dinheiro lhe trouxe a liberdade de definir suas próprias horas e o poder assegurou que ele não seria perturbado. Comprar todo o andar superior do hotel mais caro da cidade deu-lhe a solidão que ele precisava e a vista que ele queria. Olhando para o outro lado da rua, ele podia ver uma fila que já começara a se formar no Club Midnight, a boate mais popular da cidade. Era o lugar perfeito para as criaturas da noite.
A fila enorme estava repleta de universitárias meio travessas e rapazes interesseiros que as seguiam. Os olhos assombrados de Kyou brilhavam com desprezo quando ele começou a passar a vista na fila, perguntando-se sobre qual das moças chamaria a atenção daquele que ele caçava. Quem seria a próxima vÃtima de Hyakuhei?
Kyou podia sentir Hyakuhei na cidade e se perguntou se Hyakuhei podia sentir a morte perseguindo-o. Desta vez, as coisas estavam diferentes. Kyou o encontrou com muita facilidade, como se Hyakuhei tivesse deixado uma trilha para ele seguir. As mortes e os desaparecimentos de universitárias locais foram um cartão de chamada flagrante para Kyou, apontando para apenas uma pessoa.
Ele não gostava de pensar que Hyakuhei o estava levando até aqui.
â Não estou mais sob seu controle - rosnou Kyou enquanto o sangue escorria entre seus dedos cerrados e seus olhos manchados de rosa. â Você não tem nenhum poder sobre mim, não mais! â Acalmando sua raiva crescente, Kyou novamente pôs a máscara de indiferença sobre seus traços, escondendo sua aura. Era hora de o predador se tornar presa.
Se ele conseguia sentir a força da vida de Hyakuhei, Kyou precisaria de cautela para evitar que seu criador percebesse a dele também.
*****
Kyoko ficou surpresa com o tamanho da boate. Seus lábios se separaram quando Suki parou o carro no enorme estacionamento. Suki queria chegar lá um pouco cedo para evitar a fila, mas como Kyoko viu, uma fila já havia se formado, então elas correram para fora do carro. Kyoko reconheceu rostos familiares da faculdade que frequentava e sorriu quando notou que Tasuki, seu amigo de longa data, era um deles.
Do seu lugar na multidão, Tasuki viu Kyoko e Suki. Ele havia deixado que suas amigas o convencessem a ir e, não tendo nada melhor para fazer agora que as provas acabaram, ele concordou de bom grado. Ele era bonito e tinha um corpo bem feito, com os cabelos castanhos na altura dos ombros e os olhos cor de chocolate que derretiam o coração de todas as garotas.
Ele também era um dos rapazes mais populares no campus, mas Tasuki era mais conhecido pelas notas altas que tirava em todas as matérias e ele era mais legal do que a maioria dos caras no campus. Claro, ser uma das pessoas mais ricas da faculdade também aumentava seu status, mas ele não era esnobe e nem aparentava ser rico.
Fazendo um ziguezague pela multidão, Tasuki aproximou-se de Kyoko com um sorriso genuÃno. Ele a conhecia desde o ensino fundamental e sempre teve uma paixão secreta por ela. Eles haviam saÃdo algumas vezes, mas não era nada sério, eram mais como melhores amigos na verdade, e fazia um tempo que eles não se encontravam para sair.
Ele a convidaria mais para sair, mas aquele tal de Toya ou o chefe de segurança da escola estavam sempre rondando a Kyoko. Ele poderia jurar que tinha ouvido um rosnado na última vez que se aproximou dela enquanto ela estava com um deles.
Com isso em mente, ele olhou nervosamente a área esperando que ela estivesse sozinha. Não que ele tenha medo deles, não, nunca...
Suki viu o nervosismo de Tasuki e riu alto.
- Está tudo bem, Tasuki. Viemos sozinhas.
Ela riu do olhar confuso de Kyoko e agarrou Tasuki pelo cotovelo, puxando-o para a fila. Ela e todos os outros que o conheciam estavam conscientes do fato de que ele tinha uma queda por Kyoko. Bem, todos exceto a Kyoko, claro.
Kyoko corou quando Tasuki virou-se para olhar para ela. Ela não tinha percebido o quanto mais alto ele havia ficado.
â Oi, Tasuki, quanto tempo. Ouvi dizer que você está arrasando com suas notas este ano. â Seu rosto iluminou-se de felicidade, percebendo que havia muito tempo que eles tinham saÃdo juntos. Ela sempre se sentiu muito segura perto dele, como os melhores amigos se sentem. Caramba, ela tinha sentido muita saudade dele.
Um sorriso suave agraciou os lábios de Tasuki, gostando do fato deles não terem perdido contato, mesmo que fosse à distância. Talvez ele ainda tenha uma chance com ela. Ele realmente queria a chance de mostrar a ela o quanto ele ainda se importava com ela e queria estar com ela, que ele não estava "fora de sua alçada" como ela sempre parecia acreditar.
Por algum motivo, ela parecia pensar que ele faria tudo apenas para vê-la só porque eles tinham sido amigos desde o inÃcio do ensino médio. Ele pretendia corrigir esse equÃvoco.
â Ã, Kyoko, se você precisar de alguma ajuda, eu ficaria feliz em estudar com você, a qualquer hora. â Ele secretamente queria bater sua cabeça contra a parede de tijolos sabendo que estava mais uma vez soando como um melhor amigo em vez de um candidato a namorado.
Suki apenas balançou a cabeça ao ver a tristeza silenciosa nos olhos de Tasuki quando ele sorria para Kyoko.
Coitado â pensou consigo mesma enquanto um sorriso malicioso se espalhava por seus lábios. Ele só precisava de um pequeno impulso na direção certa.
*****
Os olhos de Kyou se estreitaram enquanto a multidão de crianças ingênuas aumentava.
Muitas opções para o Hyakuhei â pensou. Era sempre a mesma coisa: tomar uma vida e ficar impune, assim como o monstro se safou no passado. Frustrado,