A volta do sedutor. Barbara Cartland

A volta do sedutor - Barbara Cartland


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p>A Volta do Sedutor

      Barbara Cartland

      Barbara Cartland Ebooks Ltd

      Esta Edição © 2017

      Título Original: “Love comes to the Castle“

      Direitos Reservados - Cartland Promotions 2017

      Capa & Design Gráfico M-Y Books

       m-ybooks.co.uk

      NOTA DA AUTORA

      Na maioria dos Castelos e em casas ancestrais inglesas, encontram-se passagens secretas, calabouços sinistros e cômodos secretos que serviam de esconderijo para padres e religiosos.

      Lembro-me de que o primeiro esconderijo para religiosos perseguidos que eu vi foi em Madresfiel Court, a casa ancestral do Conde de Beauchamp. Uma passagem abriu-se inesperadamente bem no centro do soalho de uma das salas, onde ninguém imaginava que ela pudesse existir.

      Em um quarto secreto de Longleat, a linda mansão do marquês de Bath, operários que trabalhavam na reforma da casa encontraram ossos de um dos ancestrais do aristocrata, que séculos atrás fora misteriosamente encerrado entre quatro paredes maciças.

      Durante o reinado de Elizabeth I, os padres celebravam missas nesses cômodos secretos; os monarquistas também usaram tais esconderijos e viram-se forçados a construir mais lugares secretos para se esconderem das tropas de Cromwell.

      Atualmente as crianças se sentem fascinadas por tais lugares cheios de histórias e mistérios; adoram fazer perguntas, interessadas em saber quantas vidas foram salvas graças ao que para elas seria uma espécie de brincadeira de esconde-esconde.

      CAPÍTULO I ~ 1885

      «O que devo fazer?», Janet perguntou a si mesma.

      Caminhando pelo jardim da villa, repleto de buganvílias, hibiscos floridos e lírios em botão, ela lembrou-se de que estes últimos eram as flores prediletas de seu pai.

      Tal pensamento ocasionou-lhe uma dolorida pontada no coração. O pai, que nos últimos anos lhe enchera a vida de felicidade, agora estava morto.

      Aos dezessete anos Janet perdera a mãe. Na ocasião o pai, que jamais gozara de muita saúde, passara a encontrar apoio e conforto na única filha.

      Lorde Compton de Mellor fora um dos mais eminentes ministros da Justiça que a Inglaterra conhecera. Ocupara os cargos de conselheiro da rainha e de juiz e ficara conhecido por seus discursos brilhantes, julgamentos sábios e palavras ponderadas, os quais, no passado, costumavam ser motivos de júbilo para a imprensa que raramente passava um dia sem qualquer referência a tão ilustre personalidade.

      Amando profundamente o pai e lhe reconhecendo a inteligência privilegiada e a agudeza de espírito, Janet sentia um prazer imenso em estar ao lado dele.

      Dotado também de extraordinário bom humor e de um encanto nato, lorde Compton sempre mereceu o respeito não só dos amigos, mas até mesmo dos criminosos que ele mandava para a prisão.

      Devido à saúde precária, viu-se forçado a afastar-se de seu cargo e deixar a Inglaterra, indo viver no sul da Itália, o que foi considerado uma perda para seu país, porém motivo de grande alegria para sua esposa.

      A Villa das Flores, comprada por lorde Compton, situava-se entre Nápoles e Sorrento, e ali a família Compton viveu gloriosamente feliz. Janet foi mandada para um colégio em Nápoles.

      Foi então que, inesperadamente, lady Compton contraiu um tipo de febre maligna que de tempos em tempos grassava em Nápoles, vindo a falecer, mal tendo o marido e a filha tido tempo de se darem conta da gravidade da moléstia.

      Mesmo sem consultar o pai, Janet deixou o colégio para ficar na villa o tempo todo, fazendo-lhe companhia. Felizmente, com a orientação da diretora do colégio, conseguiu contratar os melhores professores particulares, que passaram a vir à villa todas as manhãs para lhe ministrarem aulas de literatura, música e história.

      Dessa forma Janet recebia as aulas enquanto o pai descansava, e tinha o resto do dia para ficar ao lado dele, o que também não deixava de ser um meio de instruir-se, pois, como ela própria costumava dizer-lhe, lorde Compton era uma enciclopédia viva.

      Não se cansava de dizer a si mesma o quanto era excepcionalmente feliz por ter um homem tão brilhante para ensiná-la, orientá-la e, sem dúvida, inspirá-la.

      —Sabe, papai— ela costumava dizer ao pai em tom de brincadeira—, creio que só me restará a alternativa de me tornar uma solteirona, pois jamais encontrarei uma marido que tenha uma inteligência brilhante como a sua!

      Rindo daquela simplicidade, lorde Compton respondia:

      —Ora, minha querida filha, você se apaixonará com seu coração e não com seu cérebro!

      —Isso é absurdo!— a filha discordava—, eu jamais serei capaz de amar um homem tolo que não tenha capacidade de manter comigo uma conversa do mesmo nível que mantenho com você.

      —Agora está me assustando. Vou providenciar sua ida para a Inglaterra no próximo ano. Será apresentada à Rainha e conhecerá pessoas jovens como você.

      Janet preferiu não dar qualquer resposta e ficou dizendo a si mesma que jamais se separaria de seu pai, pois os médicos já a haviam advertido de que sua saúde era bastante delicada. Seu coração poderia parar a qualquer momento, e ele precisava poupar-se ao máximo.

      Dessa forma Janet sentia-se plenamente feliz de poder sentar-se com ele na sacada da villa ou de caminhar ao seu lado, muito vagarosamente, pelo jardim ensolarado.

      Contrariando os conselhos médicos, Janet insistia com o pai para deixarem a villa durante o inverno, atravessarem o Mediterrâneo, indo para Argel, onde era mais quente e não havia os traiçoeiros ventos noturnos, vindos direto das montanhas cujos picos eram cobertos de neve.

      Há um mês esses ventos haviam atingido a Villa das Flores, exatamente quando ela se sentia feliz por ver o pai tão bem. Porém, certa manhã, quando menos esperava, ao entrar no quarto de lorde Compton, encontrou-o morto, com um leve sorriso no belo rosto, o que a fez ter certeza de que ele havia morrido pensando na esposa. Naturalmente já se achava ao seu lado.

      «Eles devem estar muito felizes juntos», era o que Janet dizia a si mesma naquele instante, passeando pelo jardim. «Mas e eu? O que farei?»

      Ocorreu-lhe que o mais sensato seria voltar à Inglaterra. Embora seus avós estivessem mortos, tinha muitas tias e primas que se sentiriam felizes e honradas em servir-lhe de chaperon por ocasião do seu um tanto atrasado début.

      No momento, porém, estava de luto. Não usava roupas pretas por saber que o pai ironizava o exagero quanto aos “crepes negros e lágrimas”. É que as mulheres seguiam o exemplo da, Rainha e faziam o que a sociedade esperava delas. Na Inglaterra e o mesmo aconteceria com Janet, especialmente tendo lorde Compton sido um homem tão ilustre.

      Nos jornais ingleses foram publicados longos necrológios sobre o ex-Ministro, e jos jornais italianos seguiram-lhes o exemplo, uma vez que lorde Compton também vivera na Itália.

      «O que devo fazer?», era a pergunta que ainda não deixara a mente de Janet, que, no momento, se aproximava do chafariz de pedras.

      Enquanto admirava os jatos de água que eram lançados rumo ao céu para voltarem transformados em milhares de gotículas iridescentes, ela pensava que se permanecesse na Villa das Flores, como era sua intenção, deveria providenciar uma chaperon.

      A simples ideia pareceu-lhe inviável, uma vez que não iria suportar uma conversa banal com uma mulher, dia após dia, estando acostumada a manter com o pai uma conversação inteligente, quando se sentia embevecida diante da sabedoria e agudeza de espírito de lorde Compton.

      Como ela gostava de discordar do pai e apresentar-lhe argumentos que eram rebatidos com a maior eloqüência e racionalidade! Então, levada mais pelo prazer de ouvi-lo derrotá-la com o habitual


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