Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém. Maisey Yates

Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém - Maisey Yates


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ela tentasse, nunca conseguia agradá-lo. Para ele, as mulheres só serviam para tecer e ter filhos. De facto, casara-se pela segunda vez com a intenção de ter um filho varão e repudiara a esposa quando não o conseguira.

      O pai não entendia o desejo de independência de Farah e ela não compreendia porque é que ele não aceitava que também tinha cérebro e sabia como usá-lo. Para cúmulo, estava decidido a casá-la, algo que ela não queria. Na sua opinião, havia dois tipos de homens no mundo: os que tratavam bem as esposas e os que não. Mas nenhum deles apoiaria a independência total da esposa, nem a sua felicidade.

      Farah sabia que o pai agia guiado pela crença de que as mulheres precisavam da proteção de um homem. E ela ficara sem recursos para lhe demonstrar o seu erro.

      Com um suspiro, virou-se para o outro lado, recordando como o amigo da infância pedira permissão para a cortejar. Amir era o braço direito do pai, por isso pensava que era o melhor partido para a filha. Infelizmente, Amir era igualmente machista e ela não queria casar-se com ele.

      Como castigo, o pai proibira-a de receber mais revistas ocidentais, pois culpava-as das suas ideias loucas. A verdade era que Farah só queria ser diferente. Queria fazer mais do que trazer material educativo de contrabando para a aldeia. Queria mudar a situação das mulheres em Bakaan e defender os seus direitos. E sabia que não teria nenhuma possibilidade de o conseguir se se casasse.

      O mais provável era que não tivesse nenhuma oportunidade em qualquer caso, mas isso não a impedia de tentar e, de vez em quando, ultrapassar os limites que o pai marcava.

      Frustrada e irritada, pressentindo que algo terrível estava prestes a acontecer, acomodou-se na almofada e perdeu-se num sono inquieto e pouco reparador.

      Uma sensação de inquietação acompanhou-a durante os dias seguintes, até a amiga chegar a correr até ela quando estava a limpar a manjedoura dos camelos e tudo piorar.

      – Farah! Farah!

      – Calma, Lila – tranquilizou-a Farah, deixando a pá de lado. – O que aconteceu?

      Lila tentou recuperar o fôlego.

      – Não vais acreditar, mas Jarad acabou de voltar do acampamento secreto do teu pai e… – começou a jovem e baixou o tom de voz, embora não houvesse mais ninguém por ali, para além dos camelos. – Diz que o teu pai sequestrou o príncipe de Bakaan.

      Capítulo 2

      Sentindo-se culpada por ter estado a desfrutar da ausência do pai, Farah correu para os estábulos e montou o cavalo branco. Se o que Lila dizia era verdade, o pai podia enfrentar a pena de morte por essa temeridade.

      Como se conseguisse perceber o seu desassossego, o Raio de Lua relinchou e levantou a cabeça.

      – Calma – tranquilizou-o Farah, embora precisasse mais de se acalmar do que o cavalo. – Corre como o vento. Tenho um mau pressentimento.

      Pouco depois, entrou no acampamento secreto, desmontou e entregou o cavalo a um dos guardas para que lhe desse água. Estava a escurecer e, nas tendas, estavam a fazer-se os preparativos para passar a noite. De um dos lados do acampamento estava o deserto e, do outro, as montanhas, banhadas pelos últimos raios do entardecer.

      No entanto, naquele dia, não tinha tempo para se deleitar com a sua beleza, pensou Farah. Estava muito nervosa, rezando para que Lila se tivesse enganado.

      – O que estás a fazer aqui? – perguntou Amir, num tom seco e com o rosto tenso, ao vê-la a aproximar-se da tenda do pai.

      – E tu? – replicou ela, cruzando os braços num gesto desafiante. Não estava disposta a deixar-se intimidar pelo seu antigo amigo da infância.

      – Isso não é um assunto teu.

      – Se o que me disseram é verdade, é – contradisse ela e respirou fundo. – Por favor, diz-me que não é verdade.

      – A guerra é coisa de homens, Farah.

      – Guerra? – repetiu ela e praguejou como um homem teria feito, enfrentando o olhar de desaprovação de Amir. – Portanto, é verdade – sussurrou. – O príncipe de Bakaan está aqui?

      Amir cerrou os dentes.

      – O teu pai está ocupado.

      – Está lá dentro?

      Farah referira-se ao príncipe, mas ele não entendeu.

      – Não pode ver-te agora. As coisas são… Delicadas.

      Uma forma muito subtil de o descrever, pensou ela. A tensão podia sentir-se no acampamento.

      – Como aconteceu? Sabes que o meu pai é um homem velho e amargurado. Era a tua responsabilidade cuidar dele.

      – Continua a ser o chefe de Al-Hajjar.

      – Sim, mas…

      – Farah? És tu? – chamou o pai, da tenda.

      Ela sentiu um nó no estômago. Por muito machista e autoritário que fosse, era a única pessoa que tinha no mundo e amava-o.

      – Sim, pai – confirmou Farah e, passando à frente de Amir, entrou na tenda.

      O espaço estava iluminado com candeeiros a óleo, dividido por uma zona para comer e outra para dormir, com uma cama ampla e um círculo de almofadas. Vários tapetes cobriam o chão para o isolar do frio da noite.

      O pai parecia cansado. Os restos do jantar ainda estavam na mesa.

      – O que estás a fazer aqui, menina? – perguntou ele, com o sobrolho franzido. As mulheres não eram bem-vindas no santuário privado do chefe da tribo.

      Farah conteve-se para não responder que só queria cuidar dele. A sua relação nunca fora muito afetuosa.

      – Ouvi dizer que sequestraste o príncipe de Bakaan – indicou, rezando para que não fosse verdade.

      O pai esfregou a barba branca, um gesto que significava que estava a pensar se devia responder ou não.

      – Quem te disse isso?

      – É verdade, então? – perguntou ela, sentindo-se embargada pela preocupação.

      – A notícia não pode espalhar-se. Amir, encarrega-te disso.

      – É óbvio.

      Farah não se apercebera de que Amir a seguira para dentro. Virou-se para ele e, ao prestar mais atenção, apercebeu-se de que tinha um olho arroxeado.

      – Como aconteceu isso?

      – O que importa?

      Farah interrogou-se se fora o príncipe que lhe dera um murro, mas não indagou mais.

      – Mas porquê? Como?

      Amir deu um passo à frente com o rosto tenso.

      – O arrogante príncipe Zachim pensou que podia atravessar as dunas com o carro a meio da noite sem ter nenhuma reserva de combustível.

      – E? – inquiriu Farah, olhando para o pai.

      – E capturámo-lo.

      Ela pigarreou, tentando não pensar o pior.

      – Porque fizeram isso?

      – Porque não queremos que outro Darkhan tome o poder e ele é o herdeiro.

      – Pensei que o irmão mais velho era o herdeiro.

      – O miserável Nadir vive na Europa e não quer ter nada a ver com Bakaan – indicou Amir.

      – Isso não vem ao caso – replicou ela, abanando a cabeça. – Não podem… sequestrar um príncipe sem mais nem menos!

      – Quando se souber que o príncipe Zachim já não está disponível, o país desestabilizar-se-á ainda mais e ficaremos com o poder que sempre nos


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