Meu Furacão É Você. Victory Storm
Victory Storm
MEU FURACÃO É VOCÊ
Victory Storm
Após quatro anos de separação, Kira volta para seu melhor amigo em Princeton, mas aquele que ela encontrará não é mais aquele menino doce e frágil, submetido à violência do pai, mas um rapaz de dezessete anos, com raiva do mundo inteiro e de si mesmo. Kira conseguirá apagar esse ódio e ensiná-lo a amar?
LUCAS. Kira foi embora há quatro anos, me deixando sozinho no pior momento da minha vida. Nunca a perdoarei por isso. Ela voltou agora e todo o ódio que sinto, me faz ficar longe dela. Contudo, toda vez que ela olha para mim, eu me sinto confuso, perdido e assustado, mas não posso esquecer quem sou: sou apenas uma mercadoria estragada e ninguém poderia amar um cara como eu.
KIRA. Após quatro anos de distância e desespero por causa daquela partida forçada, finalmente voltei para Lucas. Mas as coisas mudaram agora e me tornei vítima do seu bullying. Quem é aquele menino que só conhece violência e que usa as garotas apenas para transar com elas? Não sei o que aconteceu, mas farei o que puder para apagar o ódio que vejo em seus olhos e que o mantém longe de mim.
©2021 Victory Storm
E-mail: [email protected]
Site web: www.victorystorm.com
Editora: Tektime
Tradutora: Ju Pinheiro
Capa: Homem elegante com torso musculoso usando um moletom com capuz Di Nejron Photo-https://stock.adobe.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro deve ser reproduzida ou divulgada em quaisquer formas, fotocópias, microfilmes ou por quaisquer outros meios, sem a permissão da autora.
Esta é uma obra de ficção. Personagens e lugares são produtos da imaginação da autora e são usados para dar veracidade à narração. Qualquer semelhança com eventos, lugares e pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.
LUCAS
Princeton, Kentucky, 28 de setembro de 2010
Um furacão.
Foi o que Lucas pensou diante da bravura da garota desconhecida que se interpunha entre ele e seu pai.
— Tente bater nele de novo e irei denunciá-lo à polícia! — gritou aquele tornado furioso, fazendo até Lucas pular. O menino ainda estava pressionando a mão na bochecha, inchada e vermelha por causa do último tapa que tinha recebido. O homem riu com força, enfrentando aquela ameaça tola. Aquele som rouco e mordaz fez Lucas sentir arrepios nas costas, forçando-o a se esconder de maneira covarde atrás da sua salvadora alta, que não parecia nem um pouco assustada com o comportamento falsamente divertido do seu pai. Contudo, Lucas o conhecia muito bem e compreendia perfeitamente o que viria depois dessa risada de barítono e ainda mais depois de ameaças tão públicas. Em um ímpeto de coragem, ele pegou a mochila da sua salvadora e tentou jogá-la fora antes que seu pai perdesse a calma mais uma vez e levantasse a mão, ou pior, seu cinto, para ela também.
— Cuidado com o que você está dizendo, pirralha! — advertiu o homem, ficando de repente sério e aproximando-se ainda mais dela.
— É você quem deve ter cuidado com o que faz ou vou contar a mamãe e ela o enviará para a prisão junto com todos os pais violentos que batem em seus filhos — desafiou ela mais uma vez, com uma voz delicada, mas, ao mesmo tempo, feroz, decidida a não se deixar assustar por aquele parasita.
— O que você disse? — explodiu o homem com raiva, curvando-se sobre aquela pequena criatura que torceu o nariz para o hálito com cheiro de álcool que saía da sua boca. E então veio o suspiro do seu pai. O suspiro que Lucas conhecia muito bem: aquele sibilo vibrante e rígido que sempre acabava em um gesto violento contra qualquer coisa ao seu redor. Ele lançou um olhar furtivo para o rosto orgulhoso e perfeito da garota, que não havia recuado nem um centímetro, continuando a protegê-lo e mantê-lo seguro atrás das suas costas, que estavam ligeiramente curvadas com o peso dos livros na mochila. Os olhos dele permaneceram em seus lábios rosados e perfeitos, a boca pequena e em formato de coração, sem nenhuma cicatriz ou marcas de violência. As feições dela eram um pouco estranhas de acordo com Lucas, mas, ao mesmo tempo, curiosas e ele gostaria de poder ver seu rosto melhor, mas a respiração ofegante e trêmula do seu pai o dominava. Contendo seu medo e os gemidos de dor que continuavam saindo da sua boca, ele tomou coragem e com uma força que nunca tinha sentido, conseguiu empurrar sua salvadora para o lado bem a tempo, antes que a mão de seu pai voasse impiedosamente para o rosto da garota.
— Deixe-a ir! — gritou seu filho, reunindo suas forças em um grito desesperado. Ele sabia que não poderia fazer nada contra seu pai, mas jurou para si mesmo que faria tudo que pudesse para proteger aquela garota inocente, que provou ser tola o suficiente para enfrentar o temperamental e poderoso Darren Scott.
— Você não pode me dar nenhuma ordem, entendeu? Você é apenas um menino tolo que acabará como sua mãe fracassada! — disse seu pai com raiva, agarrando-o de maneira abrupta pelo pescoço. Apenas alguns meses haviam se passado desde que eles encontraram a mãe dele dormindo na banheira cheia de água. Ele havia ficado perplexo no início, quando viu sua mãe completamente vestida na banheira, mas tudo assumiu um significado diferente mais tarde, depois que seu pai entrou. Ele ainda achava difícil colocar suas lembranças em ordem . Ele só conseguia se lembrar dos gritos angustiantes e enfurecidos do pai, enquanto ele tirava a esposa da água e chamava Rosalinda, a empregada, que estava chorando e gritando que a casa estava amaldiçoada, enquanto corria para chamar a ambulância. Então tudo ficou nebuloso até o funeral da sua mãe.
Ele não sabia se tinha chorado ou não, mas conseguia se lembrar de que, quando voltaram do cemitério naquela noite, seu pai havia se embebedado mais do que normalmente fazia e começou a gritar com ele, dizendo que ele era um perdedor igual a mãe, que fora tão covarde a ponto de se suicidar, deixando-o sozinho para cuidar de um filho que ele nunca quis e que poderia até ser um bastardo na sua opinião, considerando o passado vergonhoso e devasso da cobra com a qual ele havia se casado há dez anos.
Naquela noite, trancado em seu quarto e escondido debaixo dos lençóis, ele começou a tremer e chamar pela mãe de maneira descontrolada, esperando que ela viesse resgatá-lo.
Infelizmente, seu sonho não se tornou realidade, como também nunca tinha acontecido quando ela estava viva, então ele apenas continuou chorando até que sentiu que sua barriga e cabeça doíam.
Agora, as palavras do seu pai o atingiam de maneira tão violenta quanto naquela noite.
Ele mordeu o lábio inferior para evitar o choro, mas finalmente as lágrimas começaram a fluir de maneira abundante.
— Pai, não a machuque. Por favor — implorou ele, soluçando e escondendo o rosto na manga da jaqueta para impedir que aquela garota, que era mais corajosa do que ele, visse.
— Meu filho está chorando por uma mulher! Isso é que é novidade! Você é um fraco. Adivinha? Você vai voltar para casa sozinho, assim aprenderá a não me desobedecer e não ficar contra mim! — decidiu o homem, dando meia volta e caminhando para o carro com passos instáveis porque tinha bebido muito naquela tarde.
— Espere, pai! — Lucas tentou detê-lo, assustado com a ideia de voltar para casa sozinho, mas seu pai já tinha caminhado até a porta do carro e entrado, sem nem olhar para ele, deixando o filho de nove anos tremendo e chorando à beira da rua.
— Não se preocupe. Minha mãe vai levá-lo para casa de carro — disse a jovem garota, tentando acalmá-lo. Ela havia se afastado, observando a cena toda.
Sua voz doce e gentil foi capaz de acalmar o sofrimento de Lucas, então ele parou de chorar.