Um Reinado De Aço . Морган Райс

Um Reinado De Aço  - Морган Райс


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ela teria que confiar em si mesma. Mesmo o seu povo, que sempre a tinha apoiado, que a via como um deus, agora parecia desconfiar dela. Seu pai nunca a tinha preparado para isso. Sem o apoio de seu povo, que tipo de rainha ela seria? Uma rainha impotente.

      Gwen gostaria desesperadamente de recorrer a alguém que lhe desse conforto, de quem pudesse obter respostas. Mas Thorgrin havia partido; sua mãe estava morta; aparentemente todos que ela conhecia e amava já não estavam com ela. Ela se vê em uma encruzilhada, e nunca havia se sentido tão confusa.

      Gwen fecha os olhos e reza para que Deus a ajude. Ela não costumava orar muito, mas sua fé era forte, e ela tem certeza de que ele existia.

      Por favor, Deus. Estou tão confusa. Mostre-me como melhor proteger o meu povo. Mostre-me como melhor proteger Guwayne. Mostre-me como ser uma grande governante.

      "As orações são uma coisa poderosa," diz uma voz.

      Gwen imediatamente se vira, aliviada instantaneamente ao ouvir aquela voz. Diante dela, a alguns metros de distância, está Argon. Ele está vestido com seu manto e capuz brancos, segurando seu cajado e olhando para o horizonte em vez de olhar para ela.

      "Argon, eu preciso de respostas. Por favor, ajude-me."

      "Estamos sempre em busca de respostas," ele declara. "E ainda assim elas não vêm com tanta frequência. Nossas vidas são destinadas a serem vividas. O futuro nem sempre pode nos ser revelado."

      "Mas pode ser insinuado," diz Gwendolyn. "Todas as profecias que eu li, todos os pergaminhos, a história do Anel – ainda indicam que uma grande escuridão está por vir. Você tem que me dizer. Isso vai mesmo acontecer?"

      Argon se vira e olha para ela com os olhos cheios de fogo, mais escuros e mais assustadores do que ela já tinha visto.

      "Sim," ele responde.

      A certeza de sua resposta a assusta mais do que qualquer coisa. Ele, Argon, que sempre falava em enigmas.

      Gwen estremece por dentro.

      "Será que ela chegara até aqui, na Corte do Rei?"

      "Sim," afirma ele.

      Gwen sente sua sensação de pavor se aprofundar. Ela também se sente segura em sua convicção de que tinha estado certa o tempo todo.

      "E o Anel será destruído?" Ela pergunta.

      Argon olha para ela e balança a cabeça lentamente.

      "Há apenas mais algumas coisas que eu posso lhe dizer," ele fala. "Se você quiser, esta pode ser uma delas."

      Gwen considera aquilo. Ela sabe que a sabedoria de Argon era uma coisa preciosa. No entanto, aquilo é algo que ela realmente precisa saber.

      "Diga-me," ela pede.

      Argon respira fundo ao se virar e examinar o horizonte pelo que parece uma eternidade.

      "O Anel será destruído. Tudo o que você conhece e ama será destruído. O lugar onde você está agora não será nada, exceto brasas e cinzas flamejantes. Todo o Anel será reduzida a cinzas.Sua nação deixará de existir. A escuridão está chegando. Uma escuridão maior do que qualquer escuridão em nossa história."

      Gwendolyn sente a verdade de suas palavras ecoar dentro dela, sente o profundo timbre de sua voz ressoar na essência de seu ser. Ela sabe que cada palavra que ele diz é verdade.

      "O meu povo não acredita nisso," ela fala com a voz trêmula.

      Argon dá de ombros.

      "Você é a rainha. Às vezes, o poder deve ser utilizado com vigor, e não somente contra nossos inimigos, mas também com nosso povo. Faça o que precisa ser feito, e deixe de buscar a aprovação constante de seu povo. A aprovação é uma coisa ardilosa. Às vezes, quando as pessoas mais te odeiam, significa que você está fazendo a melhor coisa para eles. Seu pai foi abençoado com um reino em paz. Mas você, Gwendolyn, você terá um teste muito maior: você terá um reinado de aço."

      Quando Argon começa a partir, Gwendolyn se adianta e estende a mão para ele.

      "Argon," ela chama.

      Ele para, mas não se vira.

      "Diga-me apenas mais uma coisa, eu lhe imploro. Verei Thorgrin novamente?"

      Ele faz uma pausa, um silêncio longo e pesado. Nesse silêncio sombrio, ela sente seu coração se partir em dois, esperando e rezando para que ele lhe dê apenas mais uma resposta.

      "Sim," ele responde.

      Ela fica ali, com o coração batendo acelerado, desejando saber mais.

      "Você pode me dizer algo mais?"

      Ele se vira e olha para ela com tristeza em seus olhos.

      "Lembre-se da escolha que você fez. Nem todo amor é feito para durar para sempre."

      Acima deles, Gwen ouve o grito de um falcão e olha para o céu, pensando.

      Então ela volta a olhar para trás, procurando Argon, mas ele já havia partido.

      Ela segura Guwayne apertado e olha para seu reino, um último olhar – desejando lembrar dele assim, enquanto ele ainda é um reino vibrante, vivo, antes que tudo se transformasse em cinzas. Ela se pergunta com medo que grande perigo poderia estar à espreita por trás da aparente beleza. Ela estremece ao saber, sem sombra de dúvida, que todos descobririam em breve.

      CAPÍTULO SETE

      Stara grita enquanto despenca pelo ar, se debatendo com Reece ao lado dela, e Matus e Srog ao lado dele, os quatro caindo do castelo em meio ao vento e chuva ofuscantes, mergulhando em direção ao chão. Ela se prepara quando vê os grandes arbustos aproximando-se deles rapidamente, e constata que a única forma de sobreviver à queda seria graças à eles.

      Um momento depois, Stara sente como se todos os ossos do seu corpo estivessem quebrando ao se chocar contra um arbusto – que mal amortece sua queda – e continuar caindo até bater no chão. Ela fica sem fôlego com o impacto, e tem certeza de que quebrou um costela. Mas ao mesmo tempo, ela percebe que está afundada no solo, e que a terra está mais enlameada do que ela pensava, e havia amortecido o impacto.

      Os outros também caem ao seu lado, e todos começam a escorregar quando a lama cede. Stara não havia antecipado que eles cairiam em uma encosta íngreme, e antes que ela possa evitar, ela começa a deslizar com os outros, correndo ladeira abaixo, todos misturados à lama.

      Eles rolam e deslizam, e logo as corredeira os levam deslizando para baixo da montanha em velocidade máxima. Enquanto ela desliza, Stara olha por cima do ombro e vê o castelo de seu pai desaparecendo rapidamente de sua vista, e percebe que, pelo menos, eles estão sendo levados para longe de seus atacantes.

      Stara olha para baixo e se esquiva tentando desviar das rochas em seu caminho, indo tão rápido que mal consegue recuperar o fôlego. A lama está incrivelmente lisa, e a chuva cai com  mais força, seu mundo girando na velocidade da luz. Ela tenta diminuir a velocidade, agarrando-se à lama, mas é impossível.

      Ao mesmo tempo em que Stara se pergunta se a queda um dia terminaria, ela é inundada pelo pânico ao se lembrar onde aquela encosta terminava: diretamente em um penhasco. Se eles não conseguissem parar logo, ela percebe, em breve todos estariam mortos.

      Stara vê que nenhum dos outros consegue parar de escorregar, e todos estão se debatendo, gemendo, tentando o máximo que podem, porém  completamente impotentes. Stara olha para frente e vê, com horror, que o penhasco se aproxima rapidamente. Com nenhuma maneira de parar por si mesmos, eles estão prestes a despencar para suas mortes.

      De repente Stara vê Srog e Matus virando à esquerda, para uma pequena caverna na borda do precipício. Eles de alguma forma conseguem bater com os pés nas rochas, chegando a uma parada antes de caírem do penhasco.

      Stara tenta enfiar seus saltos na lama, mas nada funciona; ela simplesmente gira e continua escorregando, e vendo o precipício se aproximando dela, ela grita, sabendo que ela chegaria ao fim em menos


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