Um Voto De Glória . Морган Райс

Um Voto De Glória  - Морган Райс


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Depois de um tempo, Gwen parou de tentar.

      No entanto, agora Gwen se sentia mal por Luanda; ela se perguntava o que teria acontecido com sua irmã depois que os McClouds foram invadidos por Andronicus. Será que ela havia sido assassinada? Gwen estremeceu com esse pensamento. Elas eram rivais, mas afinal de contas, elas ainda eram irmãs e ela não queria vê-la morta tão jovem.

      Gwen pensou em sua mãe, o outro único membro de sua família deixado para trás, encalhado na Corte do Rei, com Gareth naquele estado. O pensamento lhe provocou um calafrio. Apesar de toda a raiva que ela ainda tinha de sua mãe, Gwen não queria que ela acabasse assim. O que aconteceria se a Corte do Rei fosse invadida? Será que sua mãe seria morta?

      Gwen não podia deixar de sentir que sua vida, a qual tinha sido tão cuidadosamente construída, estava desabando ao seu redor. Parecia que tinha sido apenas ontem, em pleno auge do verão, que tinha sucedido o casamento de Luanda, uma festa gloriosa, toda a Corte do Rei transbordava com abundância, ela e sua família, estavam todos juntos, celebrando; o Anel era inexpugnável. Parecia que tudo duraria para sempre.

      Agora tudo tinha se despedaçado totalmente. Nada era o que uma vez tinha sido.

      Uma brisa fria de outono a golpeou e Gwen cobriu os seus ombros com um suéter de lã azul. O outono havia sido muito curto esse ano; o inverno já estava chegando. Ela podia sentir a brisa gelada ficar cada vez mais pesada com a umidade, enquanto todos se dirigiam mais para o Norte, ao longo do Canyon. O céu estava escurecendo mais cedo e o ar estava cheio com um novo som, o som dos gritos dos pássaros do inverno, os abutres vermelhos e pretos que voavam baixo quando a temperatura caía. Eles gralhavam incessantemente e o som, por vezes, irritava Gwen. Era como o som da morte que se aproximava.

      Desde que haviam se despedido de Thor, todos tinham seguido ao longo do Canyon, rumo ao Norte, sabendo que esse caminho os conduziria até a cidade mais ocidental da parte oeste do Anel: Silésia. Enquanto eles avançavam, a névoa sinistra do Canyon emanava em ondas, envolvendo os tornozelos de Gwen.

      “Nós já não estamos tão longe agora, Majestade.” Disse uma voz.

      Gwen olhou para ver Srog de pé do outro lado dela, vestido com a armadura vermelha distintiva de Silésia e flanqueado por vários de seus guerreiros, todos vestidos com sua cota de malha vermelha e botas. Gwen tinha sido tocada pela bondade de Srog para com ela, tocada por sua lealdade para com a memória de seu pai e pela sua oferta de proporcionar-lhes Silésia como um refúgio. Ela não sabia o que ela e todas aquelas pessoas teriam feito sem ele. Eles ainda estariam naquele mesmo momento presos na Corte do Rei, à mercê da traição de Gareth.

      Srog era um dos lordes mais honrados que ela havia conhecido. Com milhares de soldados à sua disposição, com seu controle da famosa fortaleza do Oeste, ele não precisava prestar homenagem a ninguém. Mas ele rendia um grande tributo ao seu pai. Tinha havido sempre um equilíbrio delicado de poder. Nos tempos em que o avô de Gwen era rei, Silésia precisou da Corte do Rei; no tempo de seu pai, nem tanto e atualmente Silésia não precisava da corte em absoluto. De fato, com a queda do escudo protetor e o caos na Corte do Rei, eram eles os que precisavam de Silésia.

      É claro que o Exército Prata e a Legião eram os melhores guerreiros que existiam, como eram também os milhares de soldados que acompanhavam Gwen. Isso abrangia a metade do exército real. Mesmo assim, Srog, como a maioria dos outros lordes, poderia ter simplesmente fechado seus portões e cuidado de seus próprios assuntos.

      Em vez disso, ele havia procurado Gwen, tinha jurado lealdade a ela e insistido em hospedar todos eles. Tinha sido uma bondade que Gwen estava determinada a retribuir de alguma forma, algum dia. Isso se por acaso, eles sobrevivessem.

      “Você não precisa se preocupar.” Respondeu ela baixinho e colocando a mão suavemente em seu pulso. “Nós marcharíamos até os confins da terra para entrar em sua cidade. Nós somos muito afortunados de contar com sua bondade neste momento difícil.”

      Srog sorriu. Ele era um guerreiro de meia-idade com o rosto marcado por muitas linhas e por muitas batalhas, seu cabelo era castanho-avermelhado, a linha da sua mandíbula era forte e ele não tinha barba. Srog era um homem de verdade, ele não era apenas um lorde, mas sim um verdadeiro guerreiro.

      “Por seu pai, eu caminharia através do fogo.” Ele respondeu. “Os agradecimentos são desnecessários. É uma grande honra poder pagar minha dívida para com ele, ficando a serviço de sua filha. Afinal, era a vontade dele que Vossa Majestade governasse. Então, quando eu respondo a Vossa Majestade, eu respondo a ele.”

      Perto de Gwen também marchavam Kolk e Brom. Atrás deles se ouvia o constante barulho de milhares de esporas, de espadas tilintando em suas bainhas e de escudos esbarrando nas armaduras. Era uma grande cacofonia de barulhos, avançando cada vez mais longe, para o Norte, ao longo da borda do Canyon.

      “Majestade.” Kolk disse: “… Eu estou sobrecarregado pela culpa. Eu não deveria ter deixado Thor, Reece e os outros saírem sozinhos para o Império. Mais de nós deveríamos ter nos oferecido para ir com eles. Se alguma coisa acontecer com eles, isso vai pesar para sempre sobre minha cabeça.”

      “Essa foi a missão que eles escolheram.” Gwen respondeu. “… Era uma questão de honra. Quem tinha de ir, já foi. A culpa não faz bem a ninguém.”

      “E o que acontecerá se eles não retornarem a tempo com a espada?” Perguntou Srog. “Não vai demorar muito até que o exército de Andronicus apareça em nossos portões.”

      “Então vamos tomar uma posição.” Disse Gwen confiante, demonstrando em sua voz o máximo de coragem que podia, esperando deixar os outros à vontade. Ela notou que os outros generais se viraram e olharam para ela.

      “Nós nos defenderemos até o último golpe.” Acrescentou ela. “Não haverá nenhuma retirada, nenhuma rendição.”

      Ela sentiu que os generais estavam impressionados. Ela ficou impressionada com sua própria voz, com a força crescente dentro dela, surpreendendo até a si mesma. Era a força de seu pai, a força de sete gerações de reis MacGil.

      Eles continuaram a marchar, a estrada fazia uma curva acentuada para a esquerda e quando Gwen virou a curva ela se deteve, a vista era de tirar o fôlego.

      Silésia.

      Gwen lembrou que seu pai a tinha levado ali de viagem várias vezes quando ela era uma garotinha. Era um lugar que permanecia em seus sonhos desde então, um lugar que parecia mágico para ela. Agora que ela o via com os olhos de uma mulher adulta, ele ainda lhe tirava o fôlego.

      Silésia era a cidade mais incomum que Gwen já tinha visto. Todos os edifícios, todas as fortificações, todas aquelas pedras, tudo havia sido construído com uma antiga pedra vermelha e brilhante. A metade superior de Silésia, alta, vertical, repleta de parapeitos e torres, estava construída sobre o continente, enquanto a metade inferior estava construída dentro do lado do Canyon. As brumas esvoaçantes do Canyon sopravam para dentro e para fora, envolvendo a cidade, fazendo com que o vermelho brilhasse e faiscasse na luz, dando a impressão de que a cidade estava construída nas nuvens.

      As suas fortificações se elevavam por uns trinta metros, estavam coroadas por parapeitos e sustentadas por uma fileira interminável de muralhas. O lugar era uma fortaleza. Mesmo que um exército de alguma forma derrubasse suas muralhas, ele ainda teria de descer até a metade inferior da cidade, direto para os penhascos e lutar na borda do Canyon. Era claramente uma guerra que nenhum exército invasor iria querer travar. Era por isso que aquela cidade tinha se conservado por mil anos.

      Seus homens pararam e ficaram boquiabertos e Gwen podia sentir que todos estavam maravilhados, também.

      Pela primeira vez em muito tempo, Gwen sentiu otimismo. Aquele era um lugar onde eles poderiam ficar longe do alcance de Gareth, um lugar que eles poderiam defender. Um lugar onde ela poderia governar. E talvez, apenas talvez, o lugar onde o reino MacGil pudesse ressurgir novamente.

      Srog ficou ali, com as mãos na cintura, absorvendo tudo como se estivesse vendo sua cidade pela primeira vez, com os olhos brilhando de orgulho.

      “Bem-vindos a Silésia.”

      CAPÍTULO


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