Um Grito De Honra . Морган Райс

Um Grito De Honra  - Морган Райс


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princípio, ela pensou que ele ia matá-la também, então ele a cumprimentou com uma reverência.

      “Alteza.” Ele disse humildemente, baixando a cabeça em deferência. “Ainda não recebemos ordens reais a respeito do que fazer com o corpo. Eu não fui instruído sobre se devo dar-lhe um enterro apropriado ou se devo sepultá-lo como indigente em uma sepultura coletiva.”

      Gwen parou aborrecida pelo fato de que aquela decisão tivesse recaído sobre ela; Akorth e Fulton pararam bem ao lado dela. Ela olhou para cima, apertou os olhos ao sol, olhando para o corpo pendurado apenas a alguns centímetros dela. Ela estava prestes a seguir em frente e ignorar o homem, quando algo lhe ocorreu. Ela queria justiça para seu pai.

      “Jogue-o em uma vala comum.” Disse ela. “Sem inscrição. Não lhe faça nenhum ritual especial de sepultamento. Eu quero o seu nome borrado dos anais da história.”

      Ele inclinou a cabeça em reconhecimento e ela sentiu uma pequena sensação de vingança. Afinal, aquele era realmente o homem que tinha matado seu pai. Apesar de odiar manifestações de violência, ela não derramou nenhuma lágrima por Firth. Ela podia sentir o espírito de seu pai com ela agora, mais forte do que nunca e sentiu uma sensação de paz provir dele.

      “E mais uma coisa.” Ela acrescentou, parando o carrasco. “Baixe o corpo agora.”

      “Agora, minha senhora?” Perguntou o carrasco. “Mas o rei deu ordens para que ele ficasse indefinidamente.”

      Gwen abanou a cabeça.

      “Agora.” Ela repetiu. “Essas são as novas ordens.” Ela mentiu.

      O carrasco curvou-se e correu para baixar o cadáver.

      Gwen sentiu outra pequena sensação de vingança. Ela não tinha nenhuma dúvida de que Gareth estava observando o corpo de Firth desde sua janela, durante o dia. Sua remoção seria um vexame para ele, serviria como um lembrete de que as coisas nem sempre sairiam como ele as planejava.

      Gwen estava quase indo embora, quando ouviu um grito característico, ela parou e virou-se para ver Estopheles, o falcão, empoleirado bem no alto do poste. Ela levantou a mão para proteger os olhos do sol, tentando se certificar de que seus olhos não a estavam enganando. Estopheles gritou novamente, abriu suas asas e logo depois as fechou.

      Gwen podia sentir que o pássaro trazia o espírito de seu pai. Sua alma inquieta estava mais um passo, próxima da paz.

      De repente, Gwen teve uma  ideia: ela assobiou, estendeu um braço e Estopheles desceu de seu poleiro e pousou no pulso dela. O peso da ave era grande e suas garras cravaram na pele de Gwen.

      “Vá até Thor.” Ela sussurrou para a ave. “Encontre-o no campo de batalha. Proteja-o. VÁ!” Ela gritou ao levantar o seu braço.

      Ela viu quando Estopheles bateu as asas e se elevou nos ares, cada vez mais alto no céu. Ela rezou para que ele tivesse êxito. Havia algo de misterioso sobre aquele pássaro, especialmente seu vínculo com Thor e Gwen sabia que tudo era possível.

      Gwen continuou apressada pelas ruas sinuosas em direção à casa da curandeira. Passaram por uma das várias portas em arco que davam para fora da cidade. Gwen movia-se tão rápido quanto podia, rezando para que Godfrey aguentasse o tempo suficiente para que eles pudessem obter ajuda.

      O segundo sol mergulhou mais baixo no céu no momento em que eles subiram por uma pequena colina nos arredores da Corte do Rei. A cabana da curandeira surgiu diante deles. Era uma cabana pequena e simples com apenas um quarto, suas paredes de barro eram brancas e tinha uma pequena janela de cada lado da pequena porta de carvalho em forma de arco. Penduradas em seu telhado havia plantas de todas as cores e variedades, elas emolduravam a cabana que também estava cercada por um jardim de ervas, cujas flores de todas as cores e tamanhos se espalhavam amplamente, dando a impressão de que a casa estava no meio de uma estufa.

      Gwen correu para a porta e bateu a aldrava várias vezes. A porta se abriu e apareceu diante dela o rosto assustado da curandeira.

      Illepra. Ela tinha sido a curandeira da família real toda a sua vida e tinha estado presente na vida de Gwen, desde quando ela deu seus primeiros passos. Ainda assim, Illepra conseguia ter uma aparência jovem, na verdade, ela parecia apenas um pouco mais velha do que Gwen. Sua pele radiante brilhava, emoldurando seus gentis olhos verdes e fazendo-a parecer ter apenas um pouco mais de dezoito anos. Gwen sabia que ela era bem mais velha do que isso, sabia que a sua aparência era enganosa e também sabia que Illepra era uma das pessoas mais inteligentes e talentosas que ela já tinha conhecido.

      O olhar de Illepra deslocou-se para Godfrey e ela captou a situação de imediato. Ela acabou com as galanterias e seus olhos se arregalaram de preocupação, percebendo a urgência. Ela passou por Gwen e correu para o lado de Godfrey, colocando a palma da mão sobre sua testa. Ela franziu o cenho, preocupada.

      “Tragam-no para dentro.” Ela ordenou aos dois homens, apressadamente. “E depressa!”

      Illepra voltou para dentro, abrindo mais a porta e eles a seguiram rapidamente entrando apressados na cabana. Gwen os seguiu, agachando-se ao passar pela pequena entrada e fechou a porta atrás deles.

      Estava escuro ali e seus olhos demoraram um momento para ajustar-se, quando o fizeram, Gwen viu a casa exatamente como ela se lembrava desde que era menina: pequena, clara e limpa, repleta de plantas, ervas e poções de toda variedade.

      “Coloquem-no ali.” Illepra ordenou aos homens, com uma voz tão séria como Gwen jamais tinha ouvido. “Naquela cama, no canto. Tirem sua camisa e seus sapatos. E depois, deixem-nos a sós.”

      Akorth e Fulton fizeram tal como lhes foi dito. Quando eles estavam correndo para a porta, Gwen agarrou o braço de Akorth.

      “Fique de guarda do lado de fora.”Ordenou ela. “Quem veio atrás de Godfrey pode querer ter uma última chance de acabar com ele. Ou comigo.”

      Akorth assentiu com a cabeça e ele e Fulton saíram, fechando a porta atrás deles.

      “Há quanto tempo ele está assim?” Illepra perguntou com urgência, sem olhar para Gwen enquanto se ajoelhava ao lado de Godfrey e começava a tomar seu pulso, apalpar seu estômago e examinar sua garganta.

      “Desde ontem à noite.” Gwen respondeu.

      “Ontem à noite!” Illepra repetiu, sacudindo a cabeça com preocupação. Ela examinou-o por um longo tempo, em silêncio, sua expressão ficou sombria.

      “Isso não é nada bom.” Ela disse finalmente.

      Ela colocou a mão sobre a testa de Godfrey de novo e dessa vez fechou os olhos, respirando fundo por um tempo muito longo. Um silêncio espesso invadiu o quarto e Gwen estava começando a perder a noção do tempo.

      “Veneno.” Illepra finalmente sussurrou, com os olhos ainda fechados, como se estivesse lendo seus sintomas por osmose.

      Gwen sempre se maravilhava com sua habilidade; ela nunca tinha errado, nem uma única vez em toda sua vida. Ela tinha salvado mais vidas do que as que o exército tinha tomado. Ela se perguntava se aquela era uma habilidade aprendida ou se tinha sido herdada. A mãe de Illepra tinha sido curandeira e sua avó também. Mas, ao mesmo tempo, Illepra tinha passado cada minuto de sua vida estudando poções e artes de cura.

      “Um veneno muito poderoso.” Illepra acrescentou mais confiante. “Um que eu raramente encontro. Um veneno caríssimo. Quem estiver tentando matá-lo sabe o que está fazendo. É incrível que ele não tenha morrido. Ele deve ser muito mais forte do que pensamos.”

      “Ele herdou essa força de meu pai.” Gwen disse. “Ele tinha a força de um touro. Todos os MacGil kings tinham.”

      Illepra atravessou a sala e misturou várias ervas em um recipiente de madeira, cortando, moendo-as e adicionando-lhes um líquido durante o processo. O produto final era uma pomada espessa, verde, com a qual ela encheu a palma da mão e correu de volta para o lado de Godfrey para aplicá-la massageando sua testa, sua garganta e a parte de baixo de seus braços. Quando ela terminou, ela atravessou a sala novamente, pegou um copo e derramou vários líquidos nele, um líquido vermelho, um marrom e um roxo. À medida que os líquidos


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