Um Rito de Espadas . Морган Райс
coisa que o fazia hesitar era o fato de que Alistair devia estar a salvo.
Talvez, ele pensou, na próxima vida ele pudesse passar mais tempo com ela.
“Bem, foi bom enquanto durou.” Disse uma voz.
Erec se virou e viu Brandt de pé ao seu lado, com a mão no punho da sua espada, também resignado. Os dois lutaram inúmeras batalhas juntos, haviam sido superados em número muitas vezes e ainda assim Erec nunca tinha visto aquela expressão no rosto do seu amigo. Ela devia estar refletindo a sua própria: ela indicava que a morte estava ali.
“Pelo menos nós morreremos empunhando nossas espadas.” Disse o Duque.
Aquelas palavras eram o eco exato dos pensamentos de Erec.
Lá embaixo, os homens do Império pareciam perceber isso, eles olharam para cima. Milhares deles começaram a se reunir para marchar em uníssono, em direção ao penhasco, de armas em punho. Centenas de arqueiros do Império começaram a se ajoelhar e Erec sabia que em poucos momentos o derramamento de sangue começaria. Ele se preparou e respirou fundo.
De repente, ouviu-se um barulho estridente que provinha de algum lugar do céu, fora do horizonte. Erec olhou para cima e examinou os céus, perguntando a si mesmo se ele não estaria ouvindo coisas. Uma vez, ele tinha ouvido o grito de um dragão e ele pensou que talvez ele soasse assim. Havia sido um som que ele nunca tinha esquecido, um som que ele tinha ouvido durante seu treinamento, durante a Centena. Era um grito que ele jamais pensou que ouviria novamente. Não era possível. Um dragão? Ali no Anel?
Erec esticou o pescoço e à distância, através das nuvens que se dispersavam, ele teve uma visão que ficaria marcada em sua mente para o resto de sua vida: voando em direção a eles e batendo suas grandes asas, havia um enorme dragão roxo com olhos vermelhos, enormes e brilhantes. A visão encheu Erec de terror, mais do que qualquer exército poderia fazer.
Mas quando ele olhou mais de perto, sua expressão passou a ser de total confusão. Ele pensou que tinha visto duas pessoas montadas nas costas do dragão. Erec entrecerrou os olhos e as reconheceu. Será que seus olhos estavam lhe pregando uma peça?
Lá, montado nas costas do dragão, estava Thorgrin e atrás dele, agarrando sua cintura, a filha do rei MacGil. Gwendolyn.
Antes que Erec pudesse começar a processar o que estava vendo, o dragão voou em picada e mergulhou em direção ao chão como uma águia. Ele abriu a boca e emitiu um som horrível, um som tão agudo que fez com que uma pedra que estava ao lado de Erec começasse a rachar. A terra inteira tremeu quando o dragão mergulhou, abriu a boca e soltou um fogo diferente de qualquer coisa que Erec já tinha visto.
O vale ficou repleto de gritos e berros de milhares de soldados do Império, quando onda após onda de fogo os engolia. Todo o vale se iluminou com as chamas. Thor dirigia o dragão para cima e para baixo ao longo das fileiras dos homens de Andronicus e ia acabando com dezenas deles em um piscar de olhos.
Os soldados restantes deram a volta e fugiram, correndo para o horizonte. Thor os perseguiu também e ordenou ao seu dragão que lançasse mais e mais fogo.
Em poucos instantes, todos os homens que se encontravam abaixo de Erec – os homens que ele tinha tanta certeza de que causariam sua morte, eles próprios estavam mortos. Já nada mais restava deles, exceto seus cadáveres carbonizados, fogo, chamas e suas almas extintas. Todo o batalhão do Império já não existia mais.
Erec olhou ao redor boquiaberto, em estado de choque, ele viu quando o dragão subiu para o alto, bateu suas grandes asas e voou sobre eles. Ele seguiu para o Norte. Seus homens proferiram gritos de grande alegria, quando o dragão passou por eles.
Erec ficou sem palavras e com uma enorme admiração pelo heroísmo de Thor; por seu destemor; por seu controle sobre aquela fera e seu controle sobre o poder dela. Erec tinha recebido uma segunda chance na vida, ele e todos os seus homens, pela primeira vez em muito tempo, estavam se sentindo otimistas. Agora eles poderiam vencer. Vencer até mesmo o milhão de homens de Andronicus. Com uma criatura como aquela, eles realmente poderiam vencer.
“Homens, marchem!” Ordenou Erec.
Ele estava determinado a seguir o rastro do dragão, o cheiro de enxofre, o fogo no céu, para onde quer que isso os levasse. Thorgrin havia retornado e era hora de se juntar a ele.
CAPÍTULO OITO
Kendrick marchava em seu cavalo, cercado por seus homens, milhares deles se concentravam fora de Vinésia, a grande cidade onde o batalhão de Andronicus havia se refugiado. Uma alta ponte levadiça, de ferro, barrava os portões da cidade, cujas muralhas de pedra eram grossas. Milhares de homens de Andronicus fervilhavam dentro e fora da cidade, seu número ultrapassava amplamente o exército de Kendrick. Ele já não contava mais com o fator surpresa.
Para piorar a situação, ele avistou os milhares de homens de Andronicus, enviados como reforços, aproximando-se pela parte de trás da cidade, inundando as planícies. Justo quando Kendrick pensava que os havia posto em fuga, a situação foi rapidamente revertida. Na verdade, o exército que agora marchava em direção à Kendrick era uma força ordenada e disciplinada, era uma enorme onda de destruição.
A única alternativa agora era a recuar para Silésia, para mantê-la temporariamente até que o Império a tomasse mais uma vez, até que todos eles fossem escravizados novamente. Isso era algo que ele jamais poderia permitir.
Kendrick nunca tinha sido homem de recuar diante de um confronto, mesmo que estivesse superado em número. O mesmo se podia dizer dos outros bravos guerreiros do exército de MacGil, de Silésia e do Exército Prata. Kendrick sabia que todos lutariam com ele até a morte. Enquanto ele apertava ainda mais o punho de sua espada, ele soube que lutar até a morte era precisamente o que ele teria de fazer naquele dia.
Os homens do Império soltaram um grito de guerra e os homens de Kendrick responderam com outro grito de guerra, ainda mais alto.
Kendrick e seus homens correram ladeira abaixo, ao encontro do exército que se aproximava, sabendo que era uma batalha que não poderiam vencer, entretanto, eles estavam determinados a travá-la de qualquer maneira. Os homens de Andronicus aceleraram e também correram em direção a eles. Kendrick sentiu o vento correndo por seu cabelo, sentiu a vibração do cabo da espada na mão, então ele soube que seria apenas uma questão de tempo até que ele se visse perdido naquele grande clangor de metal, naquele grande rito, um familiar rito de espadas.
Kendrick ficou surpreso ao ouvir algo parecido com um forte grito, acima de sua cabeça; ele esticou o pescoço, olhou para o céu e viu algo irrompendo entre as nuvens, ele teve de olhar duas vezes. Ele já tinha visto aquilo antes – Thor aparecendo montado em Mycoples – ainda assim a visão lhe tirou o fôlego. Especialmente porque, dessa vez, Gwendolyn também estava montada nas costas de Mycoples.
O coração de Kendrick se inflou enquanto os observava mergulhar, percebendo o que estava prestes a acontecer. Ele deu um sorriu largo, levantou a espada bem alto e avançou ainda mais rápido, percebendo pela primeira vez que naquele dia a vitória, finalmente, seria deles.
Thor e Gwen voavam montados em Mycoples, traçando seu caminho por entre as nuvens, o dragão batia suas grandes asas cada vez mais rápido, em obediência ao pedido de Thor. Thor percebeu que Kendrick e os outros lá embaixo estavam em perigo, então ele mergulhou para o solo, atravessando rapidamente as nuvens. Diante dele, a paisagem se abria em uma vista panorâmica: ele viu, entre as colinas do Anel, a vasta extensão da divisão de Andronicus correndo para os homens de Kendrick pelas planícies abertas.
Thor pediu a Mycoples que descesse rapidamente.
“Para baixo!” Sussurrou ele.
Mycoples mergulhou em um voo rasante, chegando tão perto do chão que se Thor quisesse ele até poderia saltar, em seguida, ela abriu a boca e soprou fogo, o calor das chamas quase chamuscou Thor. Ondas e ondas de fogo rolavam através das planícies. Logo se ouviram os gritos aterrorizados dos homens do Império. Mycoples causou uma destruição jamais vista pelo homem, fazendo o campo arder em chamas por vários quilômetros, milhares dos homens de Andronicus foram abatidos.
Aqueles