A mentira mora ao lado . Блейк Пирс

A mentira mora ao lado  - Блейк Пирс


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luvas de evidências em seu carro. Pelo que Chloe sabia, cada agente ganharia seus próprios equipamentos e materiais do FBI em cada caso. Rhodes havia utilizado os fornecedores corretos? A entrada tardia no PaCV já estaria começando a lhe trazer problemas?

      Chloe saiu e encontrou uma caixa de luvas de látex no porta-luvas de Rhodes. Havia também um kit de evidências, que ela também pegou. Era um pequeno kit de emergência, mas melhor do que nada. E ao mesmo tempo em que aquilo mostrava que Rhodes era preparada, também mostrava que ela não estava muito afim de ajudar Chloe. Por que manter em segredo que ela tinha luvas e um kit de evidências no carro?

      Determinada a não se irritar com detalhes assim, Chloe colocou as luvas ao voltar para a casa. Ao passar novamente por Rhodes, entregou a ela o kit de evidências.

      - Achei que isso pudesse nos ajudar também.

      Chloe então seguiu para a janela dos fundos. Ela checou a área que fora mexida e descobriu que seu palpite estava certo. Alguém do lado de fora fizera força suficiente para abrir a janela.

      - Agente Fine? – Rhodes disse.

      - Sim?

      - Eu sei que nós não nos conhecemos, então vou dizer isso do jeito mais educado possível: você pode por favor cuidar com o que você está fazendo?

      Chloe virou-se para Rhodes e a olhou com olhos desafiadores.

      - Desculpe?

      - Olhe o tapete debaixo dos seu pés, pelo amor de Deus!

      Chloe olhou para baixo e seu coração disparou. Havia uma pegada ali, algo parcial, mas claramente tratava-se da parte superior de uma pegada. Era feita do que parecia ser poeira e lama.

      E ela havia pisado em cima.

      Merda...

      Ela recuou rapidamente. Rhodes veio até a janela, ajoelhando-se para analisar a pegada.

      - Tomara que você não tenha tornado isso aqui inútil – Rhodes disse.

      Chloe segurou a resposta que veio à ponta de sua língua. Afinal de contas, Rhodes estava certa. Ela havia deixado passar algo muito óbvio como um pegada. É porque eu estou me cobrando demais, ela pensou. Talvez o fato de Johnson ter me trocado de departamento está me afetando mais do que eu imaginei.

      Mas ela sabia que aquela era uma desculpa idiota. Afinal de contas, até aquele momento, a cena do crime não havia sido nada mais do que coleta de evidências—que era o que ela queria fazer desde o começo.

      Sentindo-se envergonhada e com raiva, Chloe saiu do quarto para respirar e refletir.

      - Senhor – Rhodes disse ao olhar a pegada. – Fine... Por que você não tenta encontrar mais uma dessa que possamos utilizar? Tem buracos feitos por balas na cozinha que eu não consegui ver enquanto você estava lá fora. Vou resolver isso aqui... se for possível ainda.

      Novamente, Chloe segurou seus comentários. Ela estava errada, e isso significava ter que aguentar o comportamento de Rhodes. Então, ficou quieta e voltou para a área central do apartamento, esperando encontrar algo que a fizesse se redimir.

      Chloe foi até a cozinha e viu os buracos de balas que Rhodes havia mencionado. Ela viu as carcaças em cada buraco, com vários centímetros de profundidade. Tinha certeza que seria possível descobrir que tipo de arma havia sido usada baseando-se somente naquilo. Até onde Chloe sabia, os buracos de balas eram uma excelente pista, que lhes daria informações suficientes para seguir com o caso.

      Mas talvez haja algo a mais, ela pensou.

      Ela caminhou novamente até a entrada e parou na junção com a sala. Se o assassino de fato tivesse entrado pela janela do quarto principal, ali provavelmente seria onde os tiros haviam começado. A falta de sangue ou sinais de caos no quarto indicavam que nada violento havia acontecido lá.

      Chloe olhou o sofá e viu um pouco de sangue no chão em frente a ele. Provavelmente o primeiro tiro, pensou. Ela observou o lugar e pode ver tudo em sua mente. O primeiro tiro havia matado alguém no sofá. Isso havia feito outra pessoa no sofá pular rapidamente, talvez derrubando a mesa de café. Talvez ela tentou reagir. Independentemente, o sangue e o refrigerante do outro lado da mesa de café virada indicavam que a pessoa não havia conseguido fugir.

      Ainda assim, aquilo a fez pensar. Ela caminhou devagar até a sala, seguindo o caminho que imaginava que as balas tinha feito. A quantidade de sangue seco atrás do sofá a deu evidências suficientes de que a pessoa sentada ali havia morrido imediatamente. Ela não conseguiu encontrar buracos no sofá, o que significava que a bala deveria ter ficado alojada na cabeça da vítima.

      Chloe viu facilmente dois buracos de balas na parede da cozinha, a cerca de 10 centímetros uma da outra. Ela pode vê-los do sofá. Mas se havia duas marcas de tiros ali, talvez houvesse mais em outro lugar. E se houvesse, ela poderia criar uma cadeia de eventos mais precisa.

      Ela foi até a mesa de café e se abaixou. Se alguém houvesse batido ali antes de ser acertado por um tiro, o assassino teria que ter mirado para baixo. Ela procurou algum outro sinal de tiro e não viu nada. O assassino havia, aparentemente, acertado seu alvo.

      No entanto, Chloe viu algo que não estava esperando. Havia uma pequena mesa encostada na parede à sua direita. Havia um vaso decorativo e uma foto emoldurada nela. Entre as pernas da mesa, havia uma cesta de vime velha, com correios e livros velhos. Entre a cesta e as pernas de trás havia um celular.

      Ela pegou o celular e viu que era um iPhone. Apertou o botão para ligar e a tela se acendeu. A tela bloqueada mostrava uma foto do Pantera Negra. Ela apertou o botão principal, esperando que a tela da senha aparecesse. No entanto, para surpresa de Chloe, o celular abriu sem mais problemas.

      Deve ser o celular do filho, ela pensou. E talvez os pais deixaram sem senha para ter acesso a ele sempre.

      Ela levou alguns momentos para entender o que estava vendo. Viu o rosto de um jovem garoto, com algumas características de zumbi desenhadas nele. Olhou as bordas da tela e viu a indicação do aplicativo Snapchat. O que ela estava vendo era um vídeo (ou um “snap”) que não fora enviado.

      - Puta merda – murmurou.

      Então, percebeu como o telefone estava quente. Procurou o indicador de bateria no canto direito superior e viu que estava no vermelho.

      Correu para a entrada, segurando o telefone.

      - Rhodes, você encontrou algum carregador de telefone por aí? – Ela gritou.

      Houve uma pausa antes da resposta de Rhodes.

      - Sim, no criado mudo.

      Mesmo antes de responder, Chloe já estava entrando no quarto novamente. Ela viu o carregador do qual Rhodes havia falado e foi até ele no mesmo momento.

      - O que é isso? – Rhodes perguntou.

      Chloe não pode deixar de pensar: Você não vai querer saber, vai, vadia? Mas ela manteve-se quieta ao conectar o celular no carregador.

      - Acho que o filho estava no Snapchat quando o assassino entrou. E acho que ele estava mandando um snap para um amigo. Mas ele não conseguiu enviar a tempo.

      Ela apertou o play no vídeo que estava na tela quando encontrara o telefone. Era um jovem, talvez de doze ou treze anos. Ele estava mostrando a língua, e seu rosto tinha uma animação de zumbi. Em dois segundos, ouviu-se o primeiro tiro. O telefone foi jogado e pode-se ouvir mais um tiro. O garoto pareceu cair no chão, assim como o telefone, e então a tela ficou preta—aparentemente parando embaixo da pequena mesa.

      Aí o vídeo terminava. Tudo durava cerca de cinco segundos.

      - Dê o play de novo – Rhodes disse.

      Chloe colocou o vídeo novamente, dessa vez prestando mais atenção. Em cerca de um quarto de segundo, havia a forma de uma figura parada na entrada, vindo para a sala. Era rápido, mas havia. E por conta de o telefone ser de um modelo novo, mesmo em movimentos frenéticos, a imagem era muito clara. Chloe não conseguiu imaginar um rosto


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