Governante, Rival, Exilada . Морган Райс
que tinha visto da miúda até agora, Leyana e o seu irmão pareciam encaixar bem um no outro. Eles certamente pareciam estar a fazer um bom trabalho para manter Akila vivo entre eles.
“Nós vamos levar-te a uma curandeira”, prometeu Ceres, embora não tivesse a certeza de como é que eles conseguiriam manter aquela promessa naquele momento. “De alguma forma.”
Thanos estava na proa do barco naquele momento. Ceres foi até ele, à espera que ele, melhor que ela, tivesse uma ideia do que fazer para saírem dali. O porto estava cheio de barcos naquele momento, a frota invasora estava ali como uma cidade a flutuar ao longo da cidade real.
“Era pior do que isto em Felldust”, disse Thanos. “Esta é a frota principal, mas há mais barcos ainda à espera para vir”.
“À espera de destruir o Império”, suponha Ceres.
Ela não tinha certeza de como se sentia relativamente a isso. Ela tinha estado a trabalhar para derrubar o Império, mas aquilo... aquilo só significava mais pessoas a sofrer. Pessoas comuns e nobres dariam por si a serem escravizados nas mãos dos invasores, se não fossem mortas. Por aquela altura, provavelmente eles já teriam encontrado Stephania também. Ceres provavelmente deveria ter sentido algum tipo de satisfação com isso, mas era difícil sentir muito mais para além do alívio de ela estar finalmente fora da vida deles
“Arrependes-te de ter deixado Stephania para trás?”, perguntou Ceres a Thanos.
Ele colocou um braço ao redor dela. “Lamento que tenha chegado a isso”, disse ele. “Mas depois de tudo o que ela fez... não, não me arrependo. Ela merecia isso e muito mais.”
Parecia que ele estava a ser sincero, mas Ceres sabia o quão complicadas as coisas poderiam ser quando se tratava de Stephania. Ainda assim, ela tinha desaparecido, provavelmente morta. Eles eram livres. Ou seriam, se conseguissem sair vivos daquele porto.
Do outro lado do convés, ela viu o seu pai a assentir com a cabeça, apontando.
“Ali, vês aqueles navios? Eles parecem estar a sair.
Seguramente havia galeras e engrenagens a sair do porto, juntas em grupo como se temessem que alguém levasse tudo o que tinham se não o fizessem. Tendo em conta como era Felldust, alguém provavelmente o faria.
“O que são eles?”, perguntou Ceres. “Navios mercantes?”
“Alguns podem ser”, respondeu o pai dela. “Repletos com as pilhagens da conquista. Acho que muitas das pilhagens são escravos, também.”
Aquele era um pensamento que repudiava Ceres. Haver navios ali, a levar as pessoas da sua cidade para passarem as suas vidas acorrentadas, era algo que lhe dava vontade de destruir os navios com as suas próprias mãos. No entanto, ela não podia. Eles eram apenas um barco.
Apesar da sua raiva, Ceres conseguia ver a oportunidade que eles representavam.
“Se conseguirmos lá chegar, ninguém vai questionar o facto de estarmos a sair”, disse ela.
“Nós ainda temos de lá chegar”, salientou Thanos, mas Ceres conseguia vê-lo a tentar escolher uma rota.
Os lotados navios estavam tão juntos que era mais como guiar o seu barco por uma série de canais do que uma verdadeira navegação. Começaram a escolher o caminho através dos barcos agrupados, usando os seus remos, tentando não atrair a atenção para si mesmos. Agora que estavam fora de vista daqueles que disparavam da costa, ninguém tinha nenhum motivo para pensar que eles estavam fora do lugar. Eles poderiam perder-se na grande massa da frota de Felldust, usando-a como disfarce mesmo enquanto alguns deles os perseguiam.
Ceres ergueu a espada que tinha tirado de Akila. Era grande o suficiente para que ela mal a conseguisse levantar, mas, se os caçadores fossem atrás deles, eles logo iriam descobrir o quão bem ela conseguia empunhá-la. Talvez ela tivesse uma oportunidade de a devolver ao seu dono um dia, não sem primeiro a apontar ao coração do Primeiro Pedregulho.
Mas, por enquanto, eles não se podiam dar ao luxo de lutar. Isso marcá-los-ia como estranhos, e abateria todos os barcos ao redor deles nas suas cabeças. Em vez disso, Ceres esperava, sentindo a tensão enquanto passavam pela variada embarcação de desembarque, passando pelos cascos de navios ardidos e por barcos onde estavam a acontecer coisas piores. Ceres viu barcos onde as pessoas estavam a ser marcadas como gado, viu um onde dois homens estavam a lutar até à morte, enquanto os marinheiros os animavam, viu um onde…
“Ceres, olha”, disse Thanos, apontando para um navio perto deles.
Ceres olhou, e era apenas mais um exemplo do horror ao redor deles. Uma mulher de aparência estranha, com o rosto coberto pelo que parecia ser cinza, tinha sido amarrada à proa de um navio como um exemplo. Dois soldados com chicotes estavam, à vez, a atacá-la, lentamente a esfolarem-na viva.
“Não há nada que possamos fazer”, disse o pai de Ceres. “Não podemos lutar contra todos.”
Ceres entendia isso, mas mesmo assim, ela não gostava da ideia de ficar a aguardar enquanto alguém era torturado.
“Mas aquela é Jeva”, respondeu Thanos. Ele obviamente reparou no olhar confuso de Ceres. “Ela levou-me ao Povo dos Ossos que atacou a frota para que eu pudesse entrar na cidade. É minha culpa que isto esteja a acontecer.”
Aquilo fez com que o coração de Ceres se apertasse no seu peito, porque Thanos só havia voltado para a cidade por ela.
“Mesmo assim”, disse o pai dela, “se tentarmos ajudar vamo-nos colocar todos em risco”.
Ceres ouviu o que ele estava a dizer, mas, ainda assim, ela queria ajudar. Parecia que Thanos estava um passo à frente dela.
“Nós temos de ajudar”, disse Thanos. “Lamento.”
O pai dela estendeu a mão para agarrá-lo, mas Thanos foi muito rápido. Ele mergulhou na água, nadando para o navio, aparentemente ignorando a ameaça de qualquer predador que estivesse na água. Ceres teve um momento para considerar o perigo disso... e, a seguir, atirou-se atrás dele.
Era difícil nadar agarrando a grande espada que tinha roubado, mas naquele momento ela precisava de qualquer arma que conseguisse. Ela mergulhou no frio das ondas, à espera que os tubarões já estivessem saciados da batalha e que ela não morresse de todas as porcarias que tantos navios atiravam ao mar. As mãos de Ceres agarraram as cordas da galera atracada e ela começou a escalar.
Era difícil. O lado do navio era liso, e as cordas teriam sido difíceis de escalar, mesmo que Ceres não estivesse exausta por dias de tormento nas mãos de Stephania. De alguma forma, ela conseguiu subir-se para o convés, atirando a grande espada para a sua frente, como um mergulhador poderia ter atirado uma rede de amêijoas.
Ela chegou a tempo de ver um marinheiro apressar-se na sua direção.
Ceres agarrou a sua espada roubada com as duas mãos, avançando e recuando com ela. Ela fez um arco com a espada, arrancando a cabeça do marinheiro dos seus ombros, e, a seguir, procurou a ameaça seguinte. Thanos já estava a lutar com um dos marinheiros que tinha estado a atacar a mulher do Povo dos Ossos, pelo que Ceres correu em sua ajuda. Ela golpeou o marinheiro nas costas, e Thanos atirou o marinheiro moribundo para cima do marinheiro seguinte que se dirigia para eles.
“Liberta-a”, disse Ceres. “Eu mantenho-os afastados”.
Ela deu balanço à lâmina em arcos, mantendo os marinheiros afastados enquanto Thanos trabalhava para libertar Jeva. De perto, ela ainda tinha um aspeto mais estranho do que parecia ao longe. A sua pele macia e escura tinha remoinhos e padrões azuis trabalhados, rastejando sobre o crânio raspado, como manchas de fumo. Fragmentos de osso decoravam a sua roupa de seda, enquanto os seus olhos brilhavam em desafio à sua difícil situação.
Ceres não tinha tempo de ver Thanos a libertá-la, porque precisava de se concentrar em manter os marinheiros afastados. Um dirigiu-lhe golpes violentos com um machado, balançando-o com o braço erguido. Ceres entrou no espaço criado pelo seu balanço, golpeando