Para Todo o Sempre . Sophie Love

Para Todo o Sempre  - Sophie Love


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todas as suas roupas de escritório de sua antiga vida em Nova York, e tudo que possuía agora não era prático.

      “Acalme-se”, Daniel riu, da cama. “Tudo bem”.

      “Como assim, tudo bem?” Emily gritou, pulando enquanto vestia a calça, uma perna no ar. “O café da manhã começa às sete!”

      “E só leva cinco minutos para fazer um ovo pochê”, Daniel acrescentou.

      Emily ficou parada, meio vestida, seu rosto tenso, como se tivesse visto um fantasma. “Você acha que ele vai querer ovos pochê? Não tenho a menor ideia de como prepará-los!”

      Ao invés de acalmá-la, as palavras de Daniel aumentaram seu pânico. Pegou um suéter lilás amarrotado da gaveta, vestiu-o sobre a cabeça e a estática fez seus cabelos se eriçarem imediatamente.

      “Onde está meu rímel?” Emily exclamou enquanto andava apressada pelo quarto. “E quer parar de rir de mim?” acrescentou, olhando para Daniel com raiva. “Isto não tem graça. Tenho um hóspede. Um hóspede pagante! E nada a não ser um par de tênis para calçar. Por que joguei todos os meus saltos altos fora?”

      O riso abafado de Daniel se transformou numa gargalhada completa.

      “Não estou rindo de você”, ele conseguiu dizer. “Estou rindo porque estou feliz. Porque estar com você me faz feliz”.

      Emily parou, as palavras dele tocando-a profundamente. Olhou para ele, deitado preguiçosamente, como um deus, na cama dela. Era impossível para qualquer pessoa ficar com raiva daquele rosto por muito tempo.

      Daniel desviou o olhar. Apesar de agora estar acostumada a essa reação dele, de se fechar sempre que entrava muito em contato com suas próprias emoções, Emily ainda se incomodava. Seus próprios sentimentos eram tão óbvios que chegavam a ser transparentes. Que ela não sabia disfarçar seus sentimentos, Emily não tinha dúvida.

      Mas, às vezes, ele a deixava confusa. Quando se tratava de Daniel, ela nunca tinha certeza e isso a fazia lembrar, quase dolorosamente, de seus prévios relacionamentos, da insegurança que sentia dentro deles, como se estivesse sempre sobre um barco balançando ao sabor das ondas, destinado a nunca encontrar seu caminho seguro pelo mar. Não queria que a história se repetisse com Daniel. Queria que fosse diferente. Mas a experiência a ensinou que conseguir o que se quer na vida era um acontecimento raro.

      Voltou à cômoda, em silêncio agora, e colocou dois brincos de prata nas orelhas.

      “Isso vai ter que dar”, ela disse, seu olhar indo do reflexo de Daniel no espelho para si mesma, sua expressão reconfigurada de uma menina assustada para uma mulher de negócios cheia de determinação.

      Emily saiu do quarto com confiança e percebeu que a casa estava em silêncio. O corredor de cima estava incrível agora, com lindas luminárias de parede e um lustre belíssimo que captava a luz da manhã e a refletia por todo lugar. O piso de madeira foi polido à perfeição, dando um toque rústico, mas glamoroso.

      Emily olhou para a última porta do corredor, para o quarto que havia pertencido a ela e a Charlotte. De todos, esse havia sido o mais difícil de restaurar, porque sentiu como se estivesse apagando sua irmã. Mas todas as coisas de Charlotte estavam muito bem guardadas num cantinho especial do sótão, e Serena, uma artista local e amiga de Emily, havia criado obras de arte incríveis com as roupas de sua irmã mais nova. Ainda assim, sentia um nó no estômago ao saber que havia um estranho dormindo do outro lado daquela porta, um estranho para quem ela agora precisava servir o café da manhã. Emily nunca tinha sequer imaginado transformar a casa numa pousada, nunca havia sonhado sobre como poderia ser, como ela poderia se sentir, como aquilo poderia parecer. De repente, sentiu-se miseravelmente despreparada, como uma criança fingindo ser adulta.

      Caminhando da maneira mais silenciosa possível, Emily atravessou o corredor, na direção da escada. Seus pés sentiam a textura macia do novo carpete creme. Não pôde deixar de olhar para ele em adoração. A transformação da casa havia sido uma verdadeira maravilha. Ainda havia trabalho a ser feito — sobretudo no terceiro andar, que estava uma bagunça total, com cômodos nos quais sequer tinha entrado; sem mencionar os prédios anexos, que continham uma piscina abandonada, assim como um monte de caixas para organizar. Mas o que havia conseguido até agora, com uma ajudinha dos simpáticos moradores de Sunset Harbor, ainda a impressionava. Para ela, a casa havia se tornado uma amiga, que ainda tinha segredos a revelar. Na verdade, havia uma chave específica que era um mistério para ela. Não importava o quanto tentasse, não conseguia encontrar qual porta ela destravava. Havia conferido tudo, de gavetas a portas de guarda-roupas, sem sucesso.

      Emily desceu a longa escadaria, seus balaustres agora polidos e brilhantes, o carpete fofo resplandescente, o corrimão de bronze com cores perfeitas. Mas enquanto admirava tudo, notou que havia uma mancha no carpete – uma pegada. Claramente, era do sapato de um homem.

      Emily parou no último degrau. Daniel precisa ser mais cuidadoso, pensou.

      Mas então percebeu que a pegada ia em direção à porta da frente. O que significa que vinha do andar de cima. Mas se Daniel ainda estava na cama, a única maneira daquela pegada ter chegado até ali era pelos pés de seu hóspede, o Sr. Kapowski.

      Correu até a porta da frente e a abriu com força. No dia anterior, o Sr. Kapowski havia dirigido seu carro particular pelo caminho recém-construído e estacionado na garagem. Mas agora o veículo não estava lá.

      Emily não podia acreditar.

      Ele havia ido embora.

      CAPÍTULO DOIS

      Em pânico, Emily voltou correndo para dentro da casa.

      “Daniel!” gritou, na base da escada. “O Sr. Kapowski foi embora! Ele partiu porque eu não acordei a tempo de preparar o café da manhã!”

      Daniel apareceu no topo da escada, usando apenas a calça de seu pijama, os ombros largos e peito musculoso à mostra. Seu cabelo estava uma bagunça, dando a ele a aparência de um garoto atrasado para a escola.

      “Provavelmente, ele só foi ao Joe”, disse, descendo os degraus trotando, em direção a ela. “Você não parava de falar sobre como os waffles de lá estavam incríveis, se é que se lembra”.

      “Mas eu é quem deveria estar preparando o café da manhã dele!” Emily falou. “É uma pousada B&B, Bed and Breakfast, não tem só um B!”

      Daniel chegou até ela e pegou-a pela cintura, mantendo-a junto a si suavemente. “Talvez ele não tenha entendido direito o que o segundo B significava. Pensou que era B de Banho. Ou, de Bananas”, brincou. Então, beijou o pescoço dela, mas Emily o afastou, soltando-se do abraço.

      “Daniel, pare de brincar!” ela exclamou. “Isso é sério. É meu primeiro hóspede e não acordei a tempo de preparar o café da manhã”.

      Daniel meneou a cabeça e revirou os olhos, zombando dela com ternura.

      “Não é grande coisa. Ele apenas deve estar tomando o café da manhã à beira-mar. Está de férias, lembra?”

      “Mas meu terraço tem vista para o mar”, Emily balbuciou, sua voz cada vez mais fraca. Ela desabou no último degrau, sentindo-se pequena, como uma criança que tivesse sido posta de castigo, e então, segurou a cabeça com as mãos. “Sou uma péssima dona de pousada”.

      Daniel abraçou-a pelos ombros. “Isso não é verdade. Você só está pegando o jeito. Tudo é estranho e novo. Mas está indo bem. Certo?”

      Ele falou a última palavra num tom firme, quase paternal. Emily não pôde evitar se sentir consolada. Olhou-o nos olhos.

      “Você gostaria, pelo menos, que eu lhe preparasse um ovo pochê?” perguntou.

      “Isso seria delicioso”. Daniel sorriu. Segurou o rosto dela entre as mãos e a beijou.

      Foram juntos para a cozinha. O ruído da porta


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