A Casa Perfeita. Блейк Пирс
meio solta e as calças. Ela suspeitava que era para fazê-lo parecer mais crível.
Gray não era um homem grande. Com um metro e setenta e cinco e setenta e dois quilos, ele era apenas uns três centímetros mais alto do que ela, embora pesasse uns 13 quilos a mais. Mas ambos sabiam que ele era muito menos imponente em uma camiseta e calça de moletom. Traje de negócios era sua armadura.
“Antes de dizer qualquer coisa”, ele começou, “por favor, deixe-me tentar explicar.”
Eliza, que passara a maior parte do dia pensando em como isso poderia ter acontecido, ficou feliz em deixar sua angústia em espera durante um breve momento para permitir que ele se contorcesse enquanto tentava se justificar.
“Fique à vontade”, disse ela.
“Primeiro. Sinto muito. Não importa o que mais eu diga, eu quero que você saiba que eu peço desculpas. Eu nunca deveria ter deixado isso acontecer. Foi um momento de fraqueza. Ela me conhece há anos e ela sabia das minhas vulnerabilidades, o que despertaria meu interesse. Eu deveria sido mais esperto, mas eu caí na dela assim mesmo.”
“O que você está dizendo?”, Eliza perguntou, estupefata tanto quanto ferida. “Que a Penny é uma sedutora que manipulou você para ter um caso com ela? Nós dois sabemos que você é um homem fraco, Gray, mas você está brincando comigo?”
“Não”, ele disse, escolhendo não responder ao comentário de que ele era ‘fraco’. “Assumo total responsabilidade pelas minhas ações. Eu bebi três copos de whisky sour. Eu olhei para as pernas dela no vestido com a fenda do lado. Mas ela sabe o que mexe comigo. Eu acho que é fruto dessa intimidade que vocês duas têm tido ao longo dos anos. Ela sabia passar a ponta do dedo ao longo do meu antebraço. Ela sabia falar, quase ronronar no meu ouvido esquerdo. Ela provavelmente sabia que você não estava fazendo qualquer uma dessas coisas já há um bom tempo. E ela sabia que você não iria entrar naquela festa porque estava em casa, nocauteada pelas pílulas para dormir que você toma na maioria das noites.”
Aquilo ficou suspenso no ar por vários segundos enquanto Eliza tentava se recompor. Quando ela teve certeza de que não gritaria, ela respondeu em uma voz chocantemente calma.
“Você está me culpando por isso? Porque parece que você está dizendo que não consegue ficar com as calças vestidas porque eu tenho problemas para dormir à noite.”
“Não, eu não quis dizer isso assim”, ele choramingou, não enfrentando o veneno que saía das palavras dela. “É só que você sempre tem problemas para dormir à noite. E você nunca parece assim tão interessada em ficar acordada comigo.”
“Só para ficar claro, Grayson - você diz que não está me culpando. Mas logo em seguida você diz que estou muito apagada por causa do Valium e não dou atenção suficiente para o garotinho grande, e então por isso você teve que fazer sexo com minha melhor amiga.”
“Que tipo de melhor amiga ela é para fazer isso?”, Gray botou para fora desesperadamente.
“Não mude de assunto”, ela disse bruscamente, forçando-se a manter a voz firme, em parte para evitar acordar as crianças, mas principalmente porque isso era a única coisa que a impedia de se descontrolar totalmente. “Ela já está na minha lista. É a sua vez agora. Você não poderia ter vindo até mim e dito: 'Ei querida, eu realmente adoraria passar uma noite romântica com você hoje à noite' ou 'Querida, eu me sinto desconectado de você ultimamente. Podemos nos aproximar esta noite?' Essas opções não existiam?”
“Eu não queria te acordar para te incomodar com perguntas como essas”, respondeu ele, sua voz mansa, mas suas palavras cortando.
“Portanto, você decidiu ser sarcástico agora?”, ela exigiu saber.
“Olha”, disse ele, se contorcendo para encontrar qualquer saída, “já não existe nada entre mim e Penny. Ela quis terminar comigo esta tarde e eu concordei. Eu não sei como vamos ultrapassar isso, mas eu quero, mesmo que apenas pelas crianças.”
“Apenas pelas crianças?”, ela repetiu, atordoada com a quantidade de disparates que ele conseguia dizer a cada instante. “Apenas saia. Estou te dando cinco minutos para arrumar uma mala e estar em seu carro. Reserve um hotel até novo aviso.”
“Você está me chutando para fora da minha própria casa?”, ele perguntou, incrédulo. “A casa que eu paguei?”
“Não só eu estou te expulsando”, ela sussurrou, “se você não estiver saindo da garagem em cinco minutos, eu vou chamar a polícia.”
“Para dizer a eles o que?”
“Me teste”, ela fervia.
Gray olhou para ela. Implacável, ela foi até o telefone e o pegou. Foi apenas ao escutar o som dos números sendo discados que ele entrou em ação. Dentro de três minutos, ele estava passando rápido pela porta como um cachorro com o rabo entre as pernas, a mochila recheada de camisas e casacos. Um sapato caiu quando ele se apressou em direção à porta. Ele não percebeu e Eliza não disse nada.
Foi só quando ela ouviu o carro arrancando que colocou o telefone de volta na base. Ela olhou para a mão esquerda e viu que a palma da mão estava sangrando onde ela havia cavucado fortemente com suas unhas. Só agora ela sentia a dor.
CAPÍTULO QUATRO
Apesar de ter perdido um pouco a prática, Jessie navegou pelo tráfego do centro de LA para Norwalk sem muita dificuldade. Ao longo do caminho, como uma maneira de tirar seu destino iminente de sua mente, ela decidiu ligar para seus pais.
Seus pais adotivos, Bruce e Janine Hunt, moravam em Las Cruces, Novo México. Ele era aposentado do FBI e ela era uma professora aposentada. Jessie passara alguns dias com eles a caminho de Quantico e esperava fazer o mesmo no caminho de volta também. Mas não houve tempo suficiente entre o final do programa e seu retorno ao trabalho, e, por isso, ela teve que abrir mão da segunda visita. Ela esperava voltar em breve, especialmente porque sua mãe estava lutando contra o câncer.
Não parecia justo. Janine lutava contra aquilo há mais de uma década e isso se somava à outra tragédia que eles já tinham enfrentado anos atrás. Pouco antes de levarem Jessie para casa quando ela tinha seis anos, eles haviam perdido seu filho, também com câncer. Eles estavam ansiosos para preencher o vazio em seus corações, mesmo que isso significasse adotar a filha de um assassino em série, alguém que havia assassinado a própria mãe da criança e a deixado também para morrer. Como Bruce estava no FBI, a adoção parecia encaixar perfeitamente para os delegados dos EUA, que haviam colocado Jessie no Programa de Proteção às Testemunhas. No papel, tudo fazia sentido.
Ela tentou não pensar mais naquilo, enquanto discava o número deles.
“Oi, Pa”, ela disse. “Como estão as coisas?”
“Tudo bem”, ele respondeu. “Ma está cochilando. Você quer ligar mais tarde?”
“Não. Podemos conversar. Eu falarei com ela esta noite ou algo assim. O que está acontecendo por aí?”
Quatro meses atrás, ela teria relutado em falar com ele sem sua mãe lá também. Bruce Hunt era um homem de quem era difícil se aproximar e Jessie também não era o melhor exemplo de fofurice. As lembranças da juventude dela com ele eram uma mistura de alegria e frustração. Houve viagens de esqui, camping e caminhadas nas montanhas, e férias em família para o México, apenas a cem quilômetros de distância.
Mas também havia gritos, especialmente quando ela era adolescente. Bruce era um homem que apreciava a disciplina. Jessie, com anos de ressentimento reprimido por ter perdido sua mãe, seu nome e sua casa de uma só vez, tendia a se comportar mal. Durante seus anos na USC e depois, eles provavelmente tinham se falado menos de duas dúzias de vezes no total. Visitas mútuas eram raras.
Mas recentemente, o retorno do câncer de Ma os tinha forçado a falar sem um intermediário. E o gelo tinha de alguma forma quebrado. Ele até