Robert Johnson Filho Do Diabo. Patrizia Barrera

Robert Johnson Filho Do Diabo - Patrizia Barrera


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responder; mas poderiam lhe descrever quanto cabelo Son House tinha na cabeça. No entanto, seu nome estava começando a aparecer entre os especialistas do setor, pois naquele mesmo ano o notório John Hammond, produtor da Columbia Records, o contratou para a primeira edição do então famoso "From Spiritual to Swing", no Carnegie Hall, em Nova York. Como se diz, a consagração oficial do jovem Johnson! Pense que, quando se soube de sua morte, com Big Bill Broonzy o substituindo no palco, foram feitos dois minutos de silêncio e tocaram as duas de suas últimas gravações para uma multidão atordoada e chorosa.

       Se ele tivesse resistido e permanecido vivo por ao menos mais dois meses, Johnson teria desfrutado de seu merecido sucesso naquela noite!

      

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       Aqui está a capa do álbum do famoso evento de que Johnson não pôde participar. Observe a lista incrível de nomes ilustres. ...

       Como se explica essa falta de popularidade entre as pessoas comuns?

       Robert Johnson NUNCA FOI famoso em vida, e sua produção parece insignificante em comparação com a dos outros bluesmen da época. Mas ele voltou à moda, e pode-se dizer que foi redescoberto, nos anos 60, com a nova geração de artistas de Rock. Em particular, graças a uma coleção publicada pela Paramount chamada KING do Delta Blues Singer, que literalmente fez sucesso, tanto que foi reimpressa em 1969 e em 1970.

       Artistas como Eric Clapton e Cream contribuíram significativamente para o renascimento de sua estrela, gravando uma nova versão do Crossoroads Blues, sem mencionar os Rolling Stones, que enlouqueceram com sua versão de Love in Vain e Stop Breakin Down Blues.

       Mas, antes, artistas menos conhecidos tentaram tirar Johnson de seu túmulo.

       Em 1951, Elmore James gravou sua versão (muito particular) de I Believe I dust my broom, que não teve o merecido sucesso, enquanto a agora famosa Sweet Home Chicago se tornou a bandeira de muitos Bluesmen excepcionais, acima de tudo, Muddy Waters , que, por sua vez, teria influenciado os Beatles.

       Na realidade, Johnson encarnava uma realidade muito atual para os americanos dos anos 60: a imagem de um maldito anti-herói, amaldiçoado e obcecado pelo diabo, que canta o Blues quebrando-o por dentro, combinando bem com a natureza revolucionária da nova geração americana. Em suas músicas, ele literalmente “grita” a dor existencial de uma sociedade que não encontra mais pontos de referência eficazes em si mesma e que, com angústia frenética, se lança para um futuro sombrio, cheio de incógnitas.

       Se quisermos, a produção de Johnson é cheia de mulheres, álcool e violência, como na mais pura tradição do blues. No entanto, em seus textos, ele demonstra o forte desgosto pelo que ele mesmo narra e de que não tem tanta certeza. Seu ritmo obsessivo como uma dança de recém-nascido, sua voz estridente e nasal, as pausas entre palavras, o uso de microfones e os textos articulados em que se destaca sua devastação moral, seu sentimento de “bastardo sem-teto"”perseguido pelos “demônios do remorso”, causaram um grande impacto sobre os músicos da época, cansados de sua própria doença.

       Tendo emergido de uma década de bem-estar e princípios familiares saudáveis, os meninos dos anos 60 se sentem esmagados por uma sociedade em que a tradição tem o sabor da uniformidade e em que o conceito de Pátria se aproxima muito da palavra GUERRA. Será então a campanha do Vietnã e a brecha que se seguirá que lhes dará voz; enquanto isso, o mundo exige uma mudança, e isso acontece, via de regra, através da música. Nasce então a geração do ROCK.

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       Fortemente influenciados pelo blues, os Rolling Stones se tornaram o ícone vivo do rock. Seus shows entre os anos 60 e 70 eram cheios de drogas, álcool e rituais sombrios. Não raro, eles eram os protagonistas de rituais pseudosatânicos, e diz-se que foram espectadores impassíveis de assassinatos reais realizados em seus shows por grupos de pessoas agitadas. ...

       Ser do Rock, na América da época, é equivalente a “quebrar o molde, refutar a tradição, questionar convenções e anseios por uma sociedade de verdadeira agregação, na qual os conceitos de Humanidade e Progresso não são palavras escritas em papel. Portanto, é indicativo, e também natural, que Johnson, com sua música amaldiçoada e suas inovações estilísticas que tendiam a fazer da guitarra a “verdadeira voz da alma”, fosse usado como ponto de partida para a construção desse novo mundo. Além disso, o Artista Satânico, com suas passagens ilusórias e evocativas, os textos nos quais ele se chama "condenado", seu evidente desprezo pelas mulheres e a descrição muito detalhada de um estilo de vida degradado e viciado, NÃO PODERIA não ser um ícone ideal para uma geração que faz da sua atitude de ruptura um estilo de vida. E então a famosa tríade “droga, sexo e rock ’n roll”, na qual uma geração de jovens americanos se baseou entre os anos 60 e 70, não se inspira amplamente na conduta Johnsoniana de “álcool, mulheres e blues”?

       Malignamente, posso sugerir que talvez nem tudo o que reluz seja ouro. Uma das características que tornou Johnson famoso e lhe deu memória eterna foi seu ritmo exuberante e eclético, muito diferente daquele do Bluesman do Delta dos anos 30.

       Para ter uma idéia, quando Keith Richards ouviu pela primeira vez uma de suas gravações, ele se perguntou: “Mas quem é o outro guitarrista que toca com ele?”, porque ele não tinha notado que Johnson estava sozinho. Isso porque toda a música mantinha, do começo ao fim, um ritmo articulado e rápido, e a voz dissonante e nasal de Johnson tinha o sabor de um verdadeiro "choro".

      No entanto, existem declarações autênticas do diretor executivo da Sony, Berhil Cohen Porter, que ganhou um Grammy em 1991 pela reedição das obras de Johnson, sobre a possibilidade de as

       gravações de 1936/1937 terem sido aceleradas, um hábito típico da dupla Okeh/Vacalion, que adorava fazer esquisitices semelhantes.

       Em 2010, foi então John Wilde, na famosa revista de música THE GUARDIAN, que sublinhou que as gravações de Johnson haviam sido deliberadamente aceleradas para dar um “toque de modernidade” ao todo.

       Difícil dizer como as coisas realmente ocorreram, uma vez que as matrizes originais de 78 giros da época não existem mais. Mas se isso fosse verdade, a música de Robert Johnson, chamado o AVÔ DO ROCK, talvez pudesse ser reinterpretada.

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       Comparação entre a foto encontrada no Ebay (esquerda) e a de Johnson. Você notará as enormes diferenças entre as duas. Embora análises computadorizadas da anatomia facial de Johnson tenham afirmado com confiança que ambas as fotos retratam o artista, resta esclarecer o que poderia tê-lo feito mudar a expressão facial e o somatismo em tão pouco tempo. Talvez... o pacto com o diabo? ...

       De fato, ele entrou no ROCK’ N ROLL HALL OF FAME com quatro canções NÃO de Blues, mas de Rock. Especificamente, com Sweet Home Chicago e Cross Roads Blues, de 1936, e Hellhound on my Trail e Love in Vain, de 1937. Por outro lado, sem sua lenda, talvez HOJE o universo do rock não seria o mesmo, dada sua influência em monstros sagrados como

       Eric Clapton, que iniciou sua carreira após ouvir a música do mestre; ou Led Zeppelin, que o homenageou com a fantástica TRAVELLING RIVERSIDE BLUES, na qual são jogadas referências às músicas


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