Você Me Pertence. Victory Storm

Você Me Pertence - Victory Storm


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       — Daniel Spencer, certo?

       — Sim. Eu mal consegui dar meu primeiro beijo nele, antes de saber que ele e toda a sua família haviam sido exilados para sempre de Rockart City.

       — Tudo isso por causa de um beijo… pense no que teria acontecido se tivessem dormido juntos.

       — Eu teria acabado nas masmorras do castelo como prisioneira de guerra — ri baixinho, embora na realidade sempre achei que esse seria realmente o meu destino. Eu ainda não tinha esquecido a explosão e a bofetada que o meu pai me deu quando descobriu que eu tinha uma queda pelo filho de David Spencer, o homem que o fez perder um acordo dois anos antes.

       Edoardo Rinaldi era um homem que guardava rancor para o resto da vida.

       — Bem, eu posso garantir que nada vai acontecer com você desta vez e seu pai nunca vai descobrir — animou Maya, vindo por trás e colocando a peruca loira sobre meu cabelo castanho que batia no ombro.

       Eu olhei no espelho, acabei rindo pois estava irreconhecível com todo aquele delineador preto e cabelo loiro que chegava à minha cintura. Além disso, o vestido que Maya me fez usar era o completo oposto do meu visual “comportado” de sempre.

       Aquele vestido vermelho sem alças e a jaqueta de couro preta com mangas três quartos me devam uma aura de mulher cosmopolita, dinâmica e pecadora. Tudo o que eu não era.

       — Seu pai não vai te questionar sobre todas essas compras? — perguntei surpresa.

       — Meu pai não é tão cauteloso quanto o seu, mas ele verifica todas as minhas compras com cartão de crédito e minha mãe entra no meu closet uma vez por mês se meu pai reclamar do extrato bancário.

       — Sua mãe é igual à minha. Você não acha que ela vai te repreender por essas compras extravagantes?

       — Minha mãe não sabe nada sobre a minha segunda vida. Tenho um acordo com a vendedora. Ela deixa que eu experimente essas roupas em casa por um dia e eu as levo intactas na tarde seguinte, quando vou trocá-las por outras mais adequadas ao gosto da minha mãe — revelou Maya, mostrando-me a etiqueta ainda presa ao vestido, antes de escondê-la dentro do decote, na axila direita.

       — Você é brilhante!

       — Eu sei, mas lembre-se de ter cuidado com este vestido, porque amanhã tenho que levá-lo de volta à loja e deve estar em perfeitas condições.

       — Prometo!

       — Bem, então vamos nessa. A empregada me emprestou as chaves do carro que usa para fazer as compras e, do jeito que estamos agora, ninguém vai nos reconhecer quando sairmos. Nem mesmo o guarda-costas que te trouxe aqui e que está vigiando do estacionamento do lado de fora do portão.

       — Espero que sim, senão estou morta.

       — Por precaução, vamos deixar os celulares aqui, para que o sinal do GPS não atrapalhe nosso plano. Além disso, levaremos apenas dinheiro e o documento falso que dei a você. Lembre-se que esta noite eu não sou Maya Gerber, mas Chelsea Faye e você não é Ginevra Rinaldi, mas sim Mia Madison de Los Angeles.

       — Você pensou em tudo, hem?

       — Ginevra, depois de cinco anos de fugas secretas, eu poderia até escapar de uma prisão — riu Maya, aliviando a tensão.

      2

      GINEVRA

       Meu coração batia loucamente. Era a primeira vez que fazia uma loucura como essa e estava morrendo de medo.

       Silenciosamente, apesar dos meus saltos altos, segui Maya. A essa altura, todos haviam adormecido e a casa estava deserta.

       Saímos pela porta dos fundos e caminhamos até o carro estacionado bem na frente, como minha amiga havia planejado.

       Entramos em um velho Toyota Corolla e saímos rapidamente.

       Quando o carro passou pelo portão, me escondi para não ser notada pelo carro estacionado na saída. Era o mesmo que havia me trazido até lá e eu sabia que ele não iria embora até que me levasse de volta para casa.

       Eu odiava aquele controle constante sobre minha vida, mas não tinha ideia de como escapar daquela prisão sem grades.

       Ser uma Rinaldi era uma cruz que carregaria até a morte.

       Só quando chegamos à rodovia que comecei a relaxar, mas assim que avistei o rio Safe , senti falta de ar. Era a primeira vez que o vi ao vivo.

       Em um instante, senti medo e todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

       — Maya, para onde estamos indo? — perguntei, inquieta ao ver minha amiga continuar seguindo na ponte que ligava o leste de Rockart City ao oeste.

       — Vamos para onde sua família não pode nos encontrar.

       — Você está louca?! Os Rinaldi são proibidos de se aproximar deste rio! Se um Orlando me encontrar em sua parte da cidade, será o meu fim! — Nessa altura, eu gritava de terror. Odiava todos os limites e regras que meu pai me impunha, mas nunca cruzar o rio era a única que sempre aceitei de bom grado e que prometi nunca quebrar se não quisesse correr o risco de morrer prematuramente.

       — Eu sei disso muito bem. É por isso que temos documentos falsos.

       — Isso não me tranquiliza, Maya.

       — Chelsea! Lembre-se de que sou Chelsea e você é Mia! Não se confunda ou estamos ferradas!

       Continuei a jornada esmagada contra o assento, as batidas do meu coração latejando em meus ouvidos. Fui incapaz de apreciar a vista daquela parte da cidade que eu nunca tinha visto.

       — Vai ficar tudo bem, você vai ver. — Maya ficava me dizendo, mas agora eu estava a ponto de fugir e voltar, prometendo nunca mais fazer uma coisa dessas.

       Eu mal notei que Maya havia estacionado o carro ao lado de outro com dois belos caras sentados nos bancos da frente.

       — O que está atrás do volante é Lucky Molan. Foi ele que me fez perder a cabeça, aquele de quem não paro de falar com você ultimamente. Eu o conheci em Lezioniprivate.com . É ele quem me dava aulas de economia online, sem que minha mãe soubesse, claro. Ela está convencida de que sou um gênio. Há dois anos que estou cobiçando ele e só agora que me formei é que ele concordou em sair comigo. Porém, infelizmente, quando ele sugeriu um encontro duplo com seu irmão, que acabou de terminar com sua namorada, eu não pude dizer não.

       — É por isso que estou aqui, certo? Para manter o pobre irmãozinho ocupado enquanto você se diverte com o amor da sua vida.

       — Eu não diria nestes termos, no entanto… é bem isso. Por favor, Gin… Mia, é importante que tudo corra bem, porque não pretendo me contentar só com um encontro.

       — Tem apenas um detalhe que não compreendi. Ele sabe que você é Maya Gerber?

       — Claro que não. Você sabe que eu nunca revelaria a minha verdadeira identidade. Não quero que ninguém descubra que tive aulas particulares.

       — Então, seu relacionamento é baseado em mentiras. Como você acha que pode construir algo sólido e duradouro dessa forma?

       — Por enquanto, estou apenas pensando em me divertir, certo? Quero sair com Lucky e talvez dormir com ele. Eu não disse que queria me casar com ele!

       — Duvido que seu pai permitisse isso.

       — Lucky mora a oeste do rio, então está fora dos limites para mim. Embora eu não seja um Rinaldi, meu pai não quer que eu venha para esta parte da cidade.

       — Considerando as coisas que seu


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