Magia, Caos & Assassinato. January Bain

Magia, Caos & Assassinato - January Bain


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e minha mãe é uma cientista especializada em virologia.

      — Impressionante. Bem, amanhã é o Festival da Vizinhança, o que significa que você pode se vingar de mim pelo spray de pimenta. Vou ficar no tombo molhado.

      — Sério? — Um sorriso genuíno apareceu. — Que horas?

      — Ah, das uma às duas.

      Ele parecia inteiramente presunçoso agora.

      — Sabe, eu poderia ter levado você de volta ao seu veículo. — Estreitei os olhos, pensando em uma viagem de volta para depositar a doce bunda dele nas proximidades do grande urso-negro.

      — Não, obrigado. Eu valorizo meu pescoço.

      E com aquela última frase, ele saiu confiante, todo alto e forte para a entrada da frente do destacamento, exatamente como Marshall Raylan Givens do programa de sucesso, Justified que vovó e tia T.J. insistiram em comprar todas as temporadas em DVD. Exibido.

      Fiz uma volta abrupta, aproveitando a nuvem de poeira que meus pneus grandes demais jogaram no edifício baixo que abrigava toda a força policial de um dígito da cidade, depois acelerei pela curta distância para casa.

      Pegando um balde de bagas em cada mão, bati na porta da frente com a minha bota. Tulipa a abriu. — Há mais dois no jipe — grunhi passando por ela para depositar as frutas em uma mesa para clientes.

      Estrela apareceu já vestida para o show da noite no Botas e Renda.

      — Você está bonita — eu disse, admirando o vestido de cowgirl branco com franja e as botas de couro vermelhas.

      — Você acha! — Ela girou, fazendo a franja dançar.

      — Terminou a fornada?

      — Ah, sobre isso…

      Eu gemi alto. — Não me diga.

      Tulipa voltou com os outros baldes de bagas, passando seu olhar entre nós e entendeu o que estava acontecendo.

      — Eu vou ficar e terminar os biscoitos.

      — Você queimou uma fornada de novo? — Fixei meu olhar em Estrela. — Se você tiver queimado, você vai ficar e terminar. Não Tulipa.

      — Eu não tenho tempo. Tenho que ir até o hotel. Jerry ligou e disse que precisa de ajuda com a passagem de som.

      — E sua família não precisa?

      — Não foi minha culpa. Fiquei ocupada com um cliente e…

      — Eu te disse para manter o café fechado. — Estrela nunca escutava.

      — Você disse que precisávamos do dinheiro! E a pessoa comprou mais de cem dólares em cristais e cartas de tarô. Até um livro de feitiço dos mais caros. — A expressão de Estrela ficou assassina, como a música dela sobre Johnny do Lago Nevado.

      — Estrela. — Balancei a cabeça. — Ok, saia daqui. Tulipa e eu vamos lidar com isso.

      Ela me deu uma apunhalada final com os olhos irritados, saindo zangada pela porta da frente.

      — O coração dela estava no lugar certo — Tulipa murmurou, apenas fazendo minha culpa ficar mais profunda.

      — Sim, eu sei. Vamos lá, nós temos biscoitos para assar e bagas para limpar. E eu quero ver pelo menos um dos números de Estrela hoje à noite. Eu convidei alguém.

      — Mesmo. Quem?

      — O novo policial da cidade. Ace Collins. Acabou de chegar.

      — Legal. Deve ter sido no fim desta tarde então. — Tulipa olhou para o relógio na parede, um dos meus favoritos, com sua imagem alegre de um galo cantando sobre o tempo. — A última atualização que recebi da tia T.J. foi às quatro e meia. Uma hora atrás.

      — Provavelmente tirou uma soneca. Eu esperaria uma ligação a qualquer momento.

      Assim que eu falei, o telefone tocou.

      — Tia T.J.. Claro, Encanto acabou de me dizer.

      — Diga a ela que ela está falhando — eu provoquei. Arrastei as bagas para a cozinha. Se eu trabalhar como uma louca, posso terminar a tempo para um banho rápido e a segunda música da Estrela.

      Três horas suadas depois, as bagas estavam no refrigerador e uma fornada enorme de biscoitos de manteiga de amendoim estava empilhada em bandejas de plástico transparentes.

      — Você quer fazer o Feitiço Kismet? — Perguntei a Tulipa.

      — Não, não tenho muita energia sobrando. Você faz.

      — Agradecemos por esta recompensa da terra sagrada. Que este alimento seja seguro e nutritivo para todos os que o consumam e os abençoem à saúde ideal, dando energia, vigor e bem-estar. — Enviei minhas intenções positivas para o universo, visualizando o fluxo como um círculo de amor, apreciando o puxão no meu espírito.

      — Droga, nós não abençoamos o pote de geleia que a Sra. Hurst levou. — Eu franzi a testa para Tulipa, não gostando da omissão.

      — Vai ficar tudo bem, Encanto. Estou indo para casa me trocar. Vejo você lá. — Tulipa tirou o avental e saiu do café. Eu me arrastei passo a passo até as escadas de trás para a minha suíte e olhei para a porta fechada de Ivana. Um passo rangeu sob o meu pé e me encolhi, parando no meio do movimento. Eu rezei.

      Mas não tive tanta sorte. Uma porta se abriu e nossa inquilina ficou ali, com as mãos em seus quadris curvilíneos. Seu cabelo vermelho selvagem dava uma impressão de movimento sinistro semelhante à famosa Medusa, mesmo quando ela estava parada. Seus olhos cinzentos me prenderam na parede e eu jurava que uma faísca saltou dela para pousar na minha camisa. Eu distraidamente passei a mão nela. Ela estava na casa dos trinta anos e era alguém que eu nunca queria aborrecer. Eu acho que ela tem relação com a máfia russa — pelo menos ela sugeria isso com frequência suficiente quando ela já tinha tomado algumas doses de vodca. É claro, todos a amavam. Esperto.

      — Ivana, como está? — Perguntei, minha garganta apertando. Não havia muitas coisas que eu tinha medo, mas Ivana Petrov? No topo da lista com o Pé Grande. O inglês quebrado e seco dela apenas a tornava mais assustadora.

      — Não muito bem.

      — Oh? — A pele na parte de trás do meu pescoço formigou. — O que aconteceu?

      — O que eu fiz para merecer tal insulto! Você não pensou em me convidar. Melhor amiga e vizinha do peito. — Ela estava sob a ilusão de que era tudo verdade. Ela bateu uma vez em seu coração sobre seu espetacular busto com um punho fechado, como se tivesse escolhido ser martirizada ao amanhecer no pátio.

      — Bem, você sempre está convidada para tudo. Você sabe disso. — Eu estava ficando presa em um limbo, mas parecia a melhor saída. Ivana tinha uma reputação que ela trabalhava duro para manter, talvez sem saber — de agitadora. E em uma cidade conhecida por ter pessoas engraçadinhas, isso era uma façanha. O Lago Nevado ficava isolado do resto do mundo, especialmente no pico do inverno quando ficamos conectados apenas por estradas perigosamente congeladas, ou pelo nosso minúsculo aeroporto que esperava que um passageiro deixasse seu primogênito como garantia, então somos adeptos de fazer nosso próprio entretenimento em casa.

      — Estrela canta como um doce pássaro do paraíso. Obrigada pelo convite formal. — Ela era toda sorrisos agora, e nisso eu confiava ainda menos.

      Soltei a respiração que eu estava segurando.


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