Comboio-Fantasma. L.M. Somerton

Comboio-Fantasma - L.M. Somerton


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nos olhos azuis-aço.

      «Clem Chadwick, Serviços Informáticos. Prazer em conhecer-te, Garth.»

      «Como é que sabes o meu nome?» Garth franziu a testa, embora a sua pila traiçoeira se estivesse a contorcer de excitação.

      «Queres dizer, além do crachá que trazes ao peito?» Clem riu-se. «O teu chefe disse-me. Preciso de instalar um patch no computador do comboio-fantasma e tive de esperar que fechasse para o fazer. Ele disse que não te ias importar de ficar por aqui mais alguns minutos.»

      «Suponho que não — desde que sejam apenas alguns minutos. Foi um dia longo.» Garth foi sentar-se num dos carros, meio rabugento. «Serve-te à vontade. Ainda não tranquei a porta da cabine, mas vais ter de voltar a ligar a corrente.» Nem tentou esconder a sua irritação.

      Clem ergueu a sobrancelha. «És mesmo um fedelho, não és?»

      «Novamente com os comentários pessoais! Estou cansado e rabugento. Processa-me.»

      «É mais provável espancar-te.» Clem virou-lhe as costas, sorrindo.

      Garth ficou embasbacado. Estava dividido entre fugir e gritar Sim, por favor!

      «Jesus. Foda-se. Devo estar mais cansado do que pensava», murmurou ele, enquanto observava Clem discretamente. O homem era uma visão naquelas calças de ganga pretas e não havia mal nenhum em fantasiar. Ele deixou-se dormitar, imaginando como seria estar sob o controlo de Clem, amarrado com cordas, o rabo exposto à mão ou à vara. Nos seus sonhos, era impossível que Clem fosse heterossexual ou baunilha. Ele estremeceu e um pequeno gemido escapou-lhe dos lábios.

      «Não sei com o que estás a sonhar, miúdo, mas fica-te bem.»

      Clem estava inclinado sobre ele. Garth pestanejou. Ele conseguia sentir o aroma a menta no hálito de Clem e o cheiro do seu shampô de tão perto que estava. Garth saiu do carro o mais rápido que conseguiu na tentativa de recuperar alguma dignidade, mas a ereção que enchia as suas calças de ganga justas não ajudou. Nem a expressão de entendimento no rosto atraente de Clem.

      «Trouxe a carrinha», disse Clem. «Dou-te boleia até casa.» Soou mais como uma ordem que uma sugestão.

      «A minha mãe ensinou-me a não aceitar boleia de estranhos. Tenho bicicleta.»

      «A tua bicicleta cabe na traseira da carrinha e eu não sou um estranho. Já nos conhecemos há uma hora. Telefona ao Zach ou ao pai dele. Sou um amigo da família. Eles podem responder por mim.»

      Garth olhou seriamente para ele. A ideia de não ter de pedalar pela cidade no escuro era tentadora. Sacou do telemóvel e apunhalou o botão de chamada rápida que o conectava a Zach.

      «Ei, Zach. Conheces um tipo da informática chamado Clem?»

      «Claro.» Pelo tom de voz de Zach, ele estava a tentar conter o riso. «Lindo, não é? Ainda no outro dia ele me perguntou se tu voltavas este verão. Não faz o meu género, mas é definitivamente o teu. Dommy como o diabo. Já te colocou as algemas?»

      «Mas que raio, Zach? Ele está apenas a oferecer-me uma boleia para casa e eu quero ter a certeza que não é um assassino psicopata com um machado.» Captou o olhar de Clem, que tinha um sorriso enorme na cara.

      «Boleia para casa... Sim, claro. Se é isso que lhe chamam hoje em dia.» Zach fez um som algures entre um ronco e um grunhido.

      «Zach...»

      «Não há problema. Conheço-o há anos. Quando eu era miúdo, ele era adolescente e costumávamos brincar à pancada nas churrascadas em família e cenas do género. Mas ele é um verdadeiro Dom, por isso tem cuidado com as tuas bocas espertas ou ele põe-te uma mordaça antes de conseguires dizer Goo Goo Dolls.»

      «Está bem. Se eu não aparecer no trabalho amanhã, a manchete do jornaleco cá da zona é culpa tua.» Desligou a chamada. «Uma boleia vem mesmo a calhar. Obrigado.» O sorriso de Clem era, no mínimo, desconcertante. Garth disfarçou a sua confusão enquanto trancava tudo. Enrolou o casaco e enfiou-o na mochila com a carteira e o telemóvel. «Estou pronto.»

      Clem liderou o caminho até à saída para funcionários na extremidade sul do parque e usou o seu cartão de segurança para abrir o portão. A sua carrinha estava estacionada a cerca de cem metros ao fundo da rua. Garth libertou a sua bicicleta do longo suporte junto ao passeio antes de a deslocar para a traseira da carrinha. O interior da viatura estava imaculado. Havia muito espaço para colocar a bicicleta e Clem levantou-a como se não pesasse nada.

      Garth subiu para a prístina cabine, perguntando-se o que raio estava a fazer. Não havia uma embalagem ou um copo de café vazio à vista — não era um ambiente confortável para alguém tão desarrumado como ele. Clem sentou-se ao volante e Garth não duvidou de que o veículo iria arrancar. Não se atreveria a avariar. Apertou o cinto de segurança, ciente da correia larga cruzada sobre o seu corpo, que parecia menos um dispositivo de segurança e mais uma restrição. Ele estremeceu.

      «Tens frio? Posso ligar o aquecimento.»

      Garth abanou a cabeça.

      «Usa palavras, miúdo.»

      «Miúdo não» resmungou Garth, porque sentiu que devia fazê-lo, não porque se opusesse realmente ao termo.

      «Mas és um fedelho.» Clem sorriu.

      «Vai-te foder.» As palavras foram murmuradas, mas Clem tinha ouvidos de morcego.

      «A tua boca precisa de ser preenchida com outra coisa para além dessa língua e acredita que se for preciso foder algo ou alguém, serei eu a fazê-lo.»

      «Não faças promessas que não vais cumprir.» Garth manteve o contacto visual, sabendo que estava a pisar em território perigoso. As linhas finas à volta dos olhos de Clem enrugaram-se. O seu sorriso enigmático não necessitava do acompanhamento de palavras.

      «Para onde vamos?»

      Garth indicou a sua morada e Clem conduziu por ruas tranquilas, evitando as estradas mais movimentadas perta da praia. Não tentou fazer conversa, o que Garth agradeceu. O silêncio não era desconfortável e a presença sólida de Clem a seu lado fez com que Garth se sentisse seguro. Quando Clem parou à entrada do quarteirão de Garth na residência estudantil, Garth sentiu-se relutante em abandonar o calor do veículo. O ar fresco da noite provocou-lhe arrepios na pele. Clem abriu as portas traseiras para tirar a bicicleta de Garth.

      «Aqui está. Vejo-te amanhã.»

      Garth posicionou a bicicleta entre si e Clem, com a mochila a balançar no assento.

      «Vês?» Um estremecimento de excitação deixou os nervos de Garth em pulgas. Clem debruçou-se sobre a bicicleta, pôs um dedo por baixo do queixo de Garth e inclinou-lhe a cabeça gentilmente.

      «Vejo.»

      Garth não esperava o beijo que se seguiu. Roubou-lhe o fôlego e qualquer capacidade de movimento. A pressão dos lábios de Clem era casta, mas firme. O pénis de Garth endureceu e este soltou um gemido. A tentação de suplicar por mais era forte.

      «Sonhos doces», disse Clem, apertando a nuca de Garth antes de regressar à carrinha.

      Enquanto Clem se afastava, Garth duvidava que os seus sonhos fossem ser doces. Iam ser quentes, palpitantes, obscenos... Guiou a bicicleta até casa, tropeçando algumas vezes devido à ânsia de chegar. Não queria sentir-se entusiasmado com a possibilidade de encontrar Clem novamente, mas não conseguiu evitar. Havia qualquer coisa naquele homem que o atraía e um beijo nunca seria suficiente.

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