A Posse De Um Guardião. Amy Blankenship

A Posse De Um Guardião - Amy Blankenship


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despedaçado que se tornou. Como sempre, os seus devaneios e pesadelos mudaram através dos guardiões que ela nunca pediu, e os demónios perigosos que eles trouxeram.

      Os seus pensamentos se voltaram instantaneamente para Hyakuhei, o seu inimigo. Ela não conseguia entender como alguém tão incrivelmente bonito podia ser tão cruel e perigoso. Kyoko viu outro flash de relâmpago no céu à distância. Ela ergueu uma sobrancelha, lembrando-se de que as aparências podem enganar.

      Bonito ou não... assim como um raio, Hyakuhei era muito perigoso. Ela sabia que conforme Hyakuhei coletava pedaços espalhados do talismã, ele se tornava muito mais forte... mesmo sendo extremamente poderoso para começar. Ele já tinha a habilidade de apanhar os demónios mais fracos e humildes dentro de si e prosperar no seu poder sombrio. Ele também podia libertar esse poder com efeitos devastadores quando chegasse a hora certa... como na batalha.

      Com habilidades como essa... por que ele se importaria com o Cristal do Coração Guardião? O que ele tinha a ganhar ao reunir o talismã? Ele realmente acreditava que ganharia tudo o que desejava uma vez que estivesse completo e na sua posse? Novamente, essas eram perguntas que apenas levaram a mais perguntas e segredos que nunca deveriam ser conhecidos.

      Kyoko olhou nos olhos de pedra da donzela se perguntando quais segredos continha. Estendendo a mão, ela tocou a bochecha de mármore suavemente e perguntou: – Hyakuhei parece quase imparável, mesmo sem a ajuda dos talismãs, então por que está a tentar encontrá-los? – O silêncio foi a sua resposta.

      Percebendo que estava mais uma vez a falar com um objeto de pedra, Kyoko fechou a boca para manter os seus pensamentos para si mesma. – Preciso mesmo de amigos. – murmurou. Abaixando a mão, voltou as costas para o santuário que a transportava entre os mundos.

      Retomando os seus pensamentos, mordeu o lábio inferior enquanto imaginava o inimigo na sua mente. Conforme Hyakuhei ganhava mais do talismã espalhado, ele se tornava mais perigoso de lidar. Se ele ganhasse todas as peças do talismã, seria capaz de partir a barreira entre o demónio e o mundo humano. Essa era a verdadeira resposta à sua pergunta.

      Se isso acontecesse, nenhum dos dois mundos seria capaz de parar a sua obsessão mortal com o poder das trevas. – Eu não vou deixar isso acontecer. – Os seus ombros caíram com o peso de manter essa promessa.

      A sua mente voltou ao sonho que tivera há menos de uma hora atrás... o mesmo sonho que a deixou a suar frio e se aconchegando na cama. Os sons e sentimentos do sonho eram tão reais que ela podia jurar que realmente estivera ali. Era como se ela estivesse a ver tudo a acontecer e a sentir ao mesmo tempo.

      – Mas isso é impossível... certo? – ela olhou para trás na direção da estátua quando a memória do sonho voltou para assombrá-la. Hyakuhei a capturou no seu sonho e embora ela tivesse lutado com ele... ela realmente tinha alguma hipótese?

      Kyoko piscou esperando que a lembrança do sonho logo desapareceria. Não queria sentir o medo que sabia que viria com a visão que beirava a um pesadelo. Ao ver a estátua da donzela a olhar para ela, ocorreu-lhe. Quer tivesse realmente acontecido no passado ou fosse realmente apenas a memória de um sonho... ainda era uma memória no sentido mais amplo da palavra.

      Ela sentiu as imagens a cair de volta na sua direção, fazendo-a se sentir como um cervo pego pelos faróis. Os seus olhos se fecharam novamente como se o destino exigisse que ela se lembrasse de tudo... até mesmo dos pensamentos do inimigo. Desta vez não foram as mesmas visões da última.

      No sonho, ela passou pelo Coração do Tempo. Mas ao invés dos guardiões estarem lá à espera dela, tinha sido o inimigo... Hyakuhei. Quando ela se virou para fugir de volta por onde tinha vindo, ele estendeu a mão e agarrou o seu pulso com um aperto de ferro para interromper o seu voo. Não importava o quanto ela lutasse para se afastar dele... parecia que quanto mais ela lutava, mais perto ele estava.

      Ele estendeu a outra mão e agarrou o seu queixo para levantar o seu olhar assustado para ele e ela parou de lutar no momento em que os seus olhos se encontraram. Em vez dos olhos negros e frios do inimigo, ela estava a olhar nos olhos castanhos calorosos.

      – Bem-vinda de volta. – Hyakuhei sussurrou suavemente assim que os seus lábios pousaram nos dela.

      Kyoko se beliscou com tanta força que a fez saltar e o devaneio parou repentinamente, como se ela tivesse desligado o interruptor de energia. Os devaneios e pesadelos estavam a tentar avisá-la de algum destino desconhecido ou já tinha acontecido e a estava a lembrar do erro? De qualquer forma, ela esperava que da próxima vez que fechasse os olhos para dormir... seria sem sonhos.

      – Beijando Hyakuhei... – ela colocou as mãos nos quadris como se estivesse a pregar um sermão – O que diabos está a acontecer na tua mente, rapariga? – ela se sentiu uma traidora só por dizer isso em voz alta. – Isso... isso é quase tão mau quanto beijar Kyou pelo amor de Deus. – Ela sorriu com a comparação, embora não fosse tão engraçado.

      – A falta de sono fará isso contigo. – ela murmurou ainda se preocupando. – Também faz com que a pessoa tenha conversas completas consigo mesma. – ela continuou antes de suspirar em derrota. – Preciso de férias!

      No entanto, apesar dos seus delírios vocais, a imagem mental de beijar Kyou saltou para a frente da sua mente e não iria embora. Uma onda de calor viajou do topo da sua cabeça até a ponta dos pés. Ela se perguntou de onde esses pensamentos tinham vindo. Mais uma vez a imagem apareceu do nada e ela fez um esforço quase físico para empurrá-la de volta.

      Com um arrepio não suprimido, a mente de Kyoko fez um bumerangue de volta para os cinco irmãos que estavam predestinados a serem os seus guardiões neste mundo perigoso... ou assim eles disseram. Os seus pensamentos se concentraram por um momento em Kyou, o mais velho e poderoso dos cinco irmãos. Kyou se apresentou tão perigoso e enervante quanto o seu tio Hyakuhei.

      Para todos, até para os seus irmãos, Kyou era um enigma. Com a beleza de um arcanjo, ele escondeu dentro de si o poder de ajudar a destruir ou curar este mundo atormentado por demónios. Mas ela poderia dizer pelo seu comportamento frio que Kyou não se importava com nenhuma das alternativas. Era como se tivesse decidido que o seu tio malvado não era problema dele.

      Ela estava feliz por Kyou não ter viajado com o grupo, mas ficou sozinho. Kyoko só o tinha visto algumas vezes desde que se tornou acidentalmente sua sacerdotisa e na maioria das vezes ela só o tinha visto à distância... esses encontros foram perturbadores o suficiente.

      Ela ainda não sabia muito sobre Kyou, mas às vezes se perguntava se ele se achava bom demais para estar perto dos seus irmãos... ou era ela que ele evitava a todo custo?

      Kyoko ergueu uma sobrancelha pensando em voz alta novamente: – Bem, provavelmente é o melhor de qualquer maneira, porque tudo que ele e Toya fazem é lutar quando estão perto um do outro... e Kyou praticamente ignora os seus outros irmãos. – Ela deu um suspiro. Ele parecia guardar rancor dela por ser a sacerdotisa que ele deveria proteger.

      – Não é como se eu precisasse da ajuda dele. – O seu pensamento voltou ao passado. No seu primeiro encontro, Kyou estreitou os seus olhos dourados para ela dizendo que não era nada além de uma humana fraca e não merecedora da sua proteção. Pouco antes disso, ele foi ainda mais assustador.

      Quando ela entrou no mundo deles por engano... Kyou e Toya tentaram matá-la, pensando que ela estava a invadir o Coração do Tempo com a ajuda do seu tio. Foi o Cristal do Coração Guardião que a protegeu do ataque e foi isso que começou toda essa confusão.

      De alguma forma, enquanto o Cristal do Coração Guardião a protegia dos irmãos, ele se estilhaçou nos quatro ventos... enviando os demónios dentro do seu mundo num frenesim destrutivo. Se os demónios que vagavam por este mundo coletassem o suficiente das peças partidas, eles poderiam ter o poder de cruzar o mundo dela e mergulhá-lo no caos.

      Ela e os guardiões teriam que encontrar os talismãs antes que os demónios o fizessem ou todos estariam perdidos.

      Desde então, os cinco irmãos guardiões perceberam que ela era a verdadeira sacerdotisa do Cristal do Coração Guardião


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