Atropos. Federico Betti

Atropos - Federico  Betti


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acena com a cabeça, esperando que a sua lembrança fosse real e não ofuscada pelas drogas.

      “Então, viu, já encontramos um ponto à nossa vantagem.”

      “Certo”, disse Pagliarini, “mas como faremos com o fato que eu dirigisse depois de tomar um daqueles malditos comprimidos? Maldição, eu nunca tomei elas, cai na conversa daquele fulano lá dentro, aquele que me deu ela. Ele me disse 'Você vai ver que se sentirá melhor' e eu me deixei convencer.”

      O advogado meditou por alguns instantes.

      “A questão do comprimido não depõe a seu favor”, disse, por fim, “mas de qualquer modo conseguiremos sair disso. Tem que confiar em mim.”

      “Esperamos. E o que deverei fazer nestes dias? Alguma coisa em particular? Serve uma minha declaração?”

      “Por enquanto não. Você dirá tudo no tribunal. Tente permanecer tranquilo e verá que tudo vai se resolver.”

      “Conto com a sua experiência.”

      “Muito bem. Agora, volte para casa e relaxe. Eu o contatarei de algum modo.”

      “Agradeço muito.”

      “De nada. É o meu trabalho.”

      Depois de se despedirem, o advogado começou a pensar em como levaria adiante aquele caso no tribunal e Davide Pagliarini voltou para casa. Iria seguir o conselho que lhe tinha sido dado: relaxamento absoluto até o dia da audiência.

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      XII

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      De manhã cedo, naquele mesmo dia, Mariolina Spaggesi ouviu a campainha tocar, foi para o interfone e perguntou quem era.

      “Flores para a senhora”, foi a resposta.

      “Suba”, disse a mulher, começando a fazer suposições sobre o possível remetente daquele agradável presente.

      Quando viu o florista com o maço de flores na mão, mudou de expressão.

      “E..e..entre por favor”, disse, balbuciando, ao homem que estava à sua frente. Parecia que já o tinha visto, talvez era o florista que ficava um pouco afastado da sua casa, ao longo da mesma rua.

      “Apóie ali em cima.”

      O homem ultrapassou a entrada do apartamento, seguiu as indicações que acabara de receber, depois cumprimentou rapidamente dizendo que deveria voltar correndo para a loja porque estava sozinho e tinha deixado só um aviso na porta de entrada para informar aos clientes que iria voltar em poucos minutos.

      Mariolina Spaggesi voltou a fechar a porta e foi rapidamente na direção do maço de flores que acabou de lhe ser entregue.

      Um maço de crisântemos?, pensou.

      Viu que sobre a película que envolvia as flores tinha sido colado um envelope de papel com os dizeres PARA MARIOLINA.

      Abriu o envelope e dentro encontrou apenas um cartão de visita.

      

      

      MASSIMO TROVAIOLI

       Diretor de Marketing

       Tecno Italia S.r.l.

      

      

      

      

      A mulher sentiu um princípio de desmaio e teve que se sentar para evitar cair realmente.

      Virou o bilhete e viu que no verso estava escrito ATÉ LOGO! com uma esferográfica.

      Depois de alguns minutos se levantou da cadeira, pegou um copo e o encheu de água duas vezes. Precisava beber.

      Enxaguou


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