Escravo. Luigi Passarelli

Escravo - Luigi Passarelli


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Luigi Passarelli

      â€œESCRAVO – O Programa Price”

      Escrito por Luigi Passarelli

      Copyright © 2017 Luigi Passarelli

      Todos os direitos reservados

      Distribuído por Tektime

      www.traduzionelibri.it

      Traduzido por Marta de Camargo Fernandes

      Titulo original (The) Slave

       www.mikrofilm.it

      

      

      UUID: 3f82866a-3f2a-11e7-8ade-49fbd00dc2aa

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      Um dia qualquer, quase para todo mundo. Ivano esperava a sua vez, com os rapazes nascidos no mesmo dia que ele, na elegante sala de espera. Tinha visto apenas outros quatro ou cinco. Ele era o penúltimo. Ninguém falava, ninguém dizia nada, melhor assim. Na verdade era tudo uma formalidade. Todos liam o manualzinho com as instruções que já conheciam de cor, apreendidos nos anos de escola e de vida familiar. Uma grande repetição. Mas sabia que até as coisas mais óbvias podiam ser arquivadas da um cérebro como supérfluas. E que em alguns casos, dificilmente noticiado nos jornais, alguma coisa anda mal. Mas Ivano nunca tinha vivido pessoalmente ou conhecido alguém com alguma história que pudesse fazer ele se preocupar. Como os outros, se mostrava ocupado, responsável e que se interessava ao manualzinho, lendo a parte histórica onde está escrito de quando os jovens como ele eram obrigados a três dias de visitas médicas para a idoneidade ao serviço militar obrigatório. Nada de novo. O mundo era sempre o mesmo. Sempre muito chato. Provavelmente mais chato. Como naquele verão em que terminou a escola. Aquele estranho verão no qual se abre um mundo novo: o da universidade ou o do trabalho. Tarefas de casa não existiam mais. Estudar por estudar, nem pensar. Em férias a sua família nunca tinha ido. Ele, filho único, tinha participado de algumas viagens da escola na sua região mas sempre para estudos. Nunca duravam mais que um dia. Lembrava dos amigos e colegas. Gostaria que alguém se tornasse um seu colega no futuro. Mas precisava ter muita sorte. Invejava quem podia já se mudar para outro lugar. O desejo de viajar o tinha sempre acompanhado. Deveria conseguir ser mandado a fazer a universidade. Existia muitos trabalhos que permitiram que ele viajasse, quem sabe um dia.

      â€œIvano? Vamos, é a sua vez.” Era a sua hora. Questionar-se sobre o Programa Price não era recomendado. A felicidade significava ir além. Além de todo o peso da vida. Existiam muitas técnicas. O seu pai, nos últimos dias, o tinha obrigado a assistir todos os telecursos de preparação ao grande evento. O dia que o esperava deste a sua nascida. E esse dia finalmente chegou. Ele só tinha que se levantar daquela cadeira confortável, esquecer a sua velha vida e deixar-se guiar pela enfermeira. A sala da operação lembrava aquela da sua dentista. Ivano sabia que duraria menos de dez minutos. E isso bastava. O anestesiologista, já afeito ao trabalho, começou imediatamente. Nenhuma palavra. Alguém mantinha um sorriso cansado por pura educação. Difícil fingir para sempre. Mesmo em frente ao evento mais importante na vida de um jovem adulto. Eram todas pessoas bem treinadas. Ivano se preparou e usou as técnicas de isolamento mental. A anestesia e o cheiro da sala ajudaram. Não perdeu a consciência. Mas o mal estar causado pela cânula que penetrava em uma de suas narinas era óbvio e repugnante. Tinha que chegar à proximidade da glândula pineal, depositar a versão mais recente do microchip e voltar sem fazer graves danos. Só então se perguntou que relação podia haver entre orgânico e técnica. Mas, na verdade, não importava. Certamente, o microchip e os médicos não sofriam. Depois de poucos minutos, tudo tinha acabado. O alívio da extracção da cânula foi acompanhada pelo diminuir dos efeitos da anestesia. Logo ele poderia levantar e dar os primeiros passos no mundo dos adultos. Sentia-se de um lado renascido, do outro pesado e consciente de uma grande mudança. “Pode ficar de pé, Ivano.” Sim, podia se levantar. Uma leve dor de cabeça, um pouco de tontura e uma tendência a perder o equilíbrio o acompanhou até a mesa do consultório. O seu livrinho esperava por ele. Seus arquivos com a senha temporária e as instruções que já conhecia a memória. “Bem-vindo ao Programa Price, Ivano!” Era tudo. Era mais demorada a espera que tudo o resto. Nada de tão especial em si. Talvez só as consequências tinham um real significado. Ele só tinha que refazer seus passos em direção a casa, e tentar não causar danos.

      Passeava no caminho de volta, como de costume. Se viu na frente da loja onde ele tinha se apaixonado por muitas mulheres e garotas durante a sua adolescência. Na vitrina, agora, não tinha nenhuma que despertasse o seu interesse. Mesmo assim fez um tentativo, um teste.

      Ele apontou para uma menina de biquíni o seu telefone celular para verificar o funcionamento do Programa. Ela parecia feliz e amigável. No entanto, a conta ainda não tinha sido ativada. Ivano não podia saber o custo da operação, nem mesmo adicionar a garota no carrinho ou na lista de desejos. A menina acenou de volta. Ele não podia ouvi-la. Mas se fez entender. Evidentemente ela não desapreciava a aparência de Ivano. Pena que não fosse reciproco. Ivano se afastou para pensar naquelas meninas que fizeram ele sonhar tantas noites, elas eram uma companhia real e sensual em suas fantasias. E de como gradualmente elas desapareciam da sua vida no cotidiano. Tinha um pouco de vergonha. Especialmente por sua família. Avisaram que não devia nem pensar em certas coisas. Criar uma família era outra coisa, mesmo naquela época. Ele iria encontrar a mulher certa no momento certo. Suas pequenas aventuras na escola com algumas de suas colegas não o tinha satisfeito completamente. Vividas sempre com medo e escondidas... Um mendigo que pedia comida chamou a sua atenção. Ivano queria fazer uma outra tentativa. Entender o seu poder, se tudo era verdade. Apontou seu telefone. Sim, desta vez funcionou. O homem tinha um valor de cerca de três mil créditos. O velho homem com as pernas mutiladas, a barba de um profeta, sujo como poucos e vestido como um soldado do exército napoleónico, olhou para ele com um sorriso irônico. “Então, garoto! Quer me comprar? Você está se divertindo? Faz um presente para sua mãe! Leve-me para casa sua, me dê um quarto e lençóis! Vou ser muito útil pra sua família, não acha?” Ivano se assustou. E se envergonhou. Sim, era assim. Era assim mesmo que funcionava. Ele saiu depressa e pensou no respeito pelas pessoas. Mas também na utilização deles, a prática real. Sim, havia ainda uma possibilidade de escolha no Programa. Precisava ser esperto, como sempre, ou pelo menos preservar uma linha de lucro. Agora ele estava com medo de que alguém na rua pudesse descobrir o seu real valor e que se aproveitasse. Todos sabiam a memoria a regra principal do programa: somente as outras pessoas podiam saber o real valor de créditos que uma pessoa possuía. Somente o aparelho de uma outra pessoa pode te avaliar, nunca o próprio. O seu pai tentou tranquilizar Ivano antes que ele fosse ao consultório médico: apenas entrado no programa se pode ficar tranquilo. Os créditos eram os mesmos para todos, dependia do seu próprio caminho na vida, mas ele já sabia orientar-se, e esperava uma quantia reconfortante. Uma quantia que o teria mantido livre, pelo menos no começo. No entanto, Ivano podia imaginar o seu retorno a casa. Sermões e mais sermões. Atenções e mais atenções. Seu pai não perderia a oportunidade de fazer mais um punto da situação. No entanto, tinha que respeita-lo. Na sua casa, na verdade, nunca faltou nada do básico. Apenas a oportunidade de viajar que ele nunca teve. O mundo em si era algo distante e desconhecido. Apenas alguns bairros da sua cidade eram realmente frequentados pela sua família. E isso deveria bastar. Simplesmente, o mundo era perigoso demais para ser vivido plenamente. As viagens eram todas organizadas pelo Programa e somente poucos tinham a sorte de poder sair da própria área. Exatamente como ele e seus pais. E, talvez, todos os seus amigos e colegas. Ivano foi passando em frente das poucas lojas abertas ao longo do caminho. Eram quase todas lojas de alimentos frescos. Ele teve a tentação de fazer escondido a primeira compra da sua vida. Quem sabe, apenas uma bala. Mas sabia que o pai ficaria furioso. Teria arruinado o seu aniversário Price. E, talvez, o pai, choramingando com os tutores do


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