A Atriz. Keith Dixon

A Atriz - Keith Dixon


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sei, o que um viciado em fofoca poderia fazer? Então me diga, como é o Alfie?’

      â€˜Vou dizer quando eu puder vê-lo.’

      Stefan adquiriu uma feição simpática e se virou para ela.

      â€˜Oh querida.’

      â€˜Ensaios – piores que os meus. Parece que isso está acontecendo há meses. O primeiro show deles será esta semana.’

      â€˜Avise-me e eu irei com você. Você pode precisar de uma desculpa se eles falharem. Só estou dizendo.’

      â€˜Eu não me importaria mas ele não está mantendo contato. Você sabe, meu primeiro dia de ensaio. Um pouco de interesse não seria nada mal.’

      â€˜Ele é um garoto ocupado.’

      â€˜Não o defenda, Stefan. Você se diverte muito com a situação para ser um mediador.’

      â€˜Você tem certeza que não estudou em uma universidade? Grandes palavras.’

      â€˜A universidade da vida, meu filho. Um estúdio de televisão. Ou você aprende rápido ou afunda. Você cresce na velocidade da luz.’

      â€˜E se torna forte como velhas botas.’

      Mai sorriu pela primeira vez. Stefan sabia que descrevê-la uma pessoa forte ativaria sua ironia. Ele tinha recebido muitas ligações dela, tarde da noite nos últimos dois anos, para acreditar que ela tivesse qualquer traço de resistência.

      Ele disse, ‘Então você está bem, é sério?’

      â€˜Eu vou ficar.’

      â€˜Não basta, querida. Estou exigindo demais de mim mesmo porque eu quero fazer o que estou fazendo. Não gostaria de pensar que você está apenas se divertindo com isso. Não é o nosso caso. É questão de querer ou não fazer isso. Há muitas pessoas que estarão na mesma situação.’

      â€˜Meu Deus, Stefan, eu estou bem, é sério. Foi apenas um primeiro dia difícil. Se eu não pudesse reclamar com você, com que meu reclamaria? Há alguém a quem eu posso contar?’

      Stefan olhou-a de forma severa, e então piscou. ‘Só para confirmar. Você é boa, não se subestime.’

      Mai deu um tapa em seu braço. ‘Sendo assim, vou ao banheiro.’

      Ela se levantou e se dirigiu até o fundo do lounge lotado. O próprio ar parecia brilhar com o resplendor de homens e mulheres jovens, que estavam sentados heroicamente em frente ao bar ou em uma intimidade forçada às mesas enclausuradas. Ela sentiu o ruído do andar de baixo e o estrondo da música, como uma brisa quente, quando ela passava pela porta de saída de incêndio.

      Quando ela estava empurrando a porta do banheiro, alguém chamou-a pelo nome. Ela reconheceu a voz e suspirou sobriamente antes de se virar.

      Helena Cross estava sentada com dois jovens à uma mesa baixa e a estava olhando com um sorriso falso; ela demonstrava toda a sinceridade de um apresentador de TV, sem o charme da discrição. Esta noite ela vestia um vestido curto azul claro e um decote que deixava seus seios inchados voltados para frente e convidativos, como se tivessem sido empurrados por mãos bobas.

      Ela disse, ‘Mai, que legal. Ouvi dizer que você iniciou os ensaios.’ Ela manteve aquele sorriso plastificado o tempo suficiente para preparar Mai para um desafio. ‘E então, como foi? Disseram que seu diretor é um pequeno Hitler.’

      â€˜Helena – bom ver você.’ Ela olhou para cada homem ao lado dela: jovens pálidos com cabelos escuros cheios de produtos. ‘Quem são esses garotos?’

      Helena era alguns anos mais velha que Mai e entendeu a crítica. Ela preferiu ignorar.

      â€˜Eles são bons sujeitos.’ Ela olhou um e depois o outro e então se levantaram para apertar as mãos de Mai, como se Helena tivesse enviado uma mensagem telepática.

      â€˜Jasper.’

      â€˜Tarquin.’

      Mai disse, ‘Uau, ainda colocam esse tipo de nome em alguém?’

      Eles balançaram a cabeça de forma quase idênctica. Eles iriam preferir serem chamados de Harry ou Max, ou até mesmo Jude.

      Helena disse, ‘Não consigo fugir deles. Posso ir a qualquer lugar de forma incógnita e eles aparecem, como Paparazzi sem câmeras. Eu acho que eles devem estar pagando alguém para me seguir. Eles descobrem onde estou indo, então eles lavam seus cabelos, escovam seus dentes e me encurralam como uma presa ... ‘ – ela sendo caçada por uma foto – ‘... Bambi. Quem me dera poder dizer que não gosto de atenção, mas nem sempre isso é possível, não é?’

      â€˜Tenho certeza que eles são muito bem comportados.’ Ela olhou para eles. ‘Não são?’

      Ambos deram um sorriso sem graça, devotos como vigários que permanecem inofensivos. Um único ataque de ofensa significaria banimento total da mesa de uma celebridade – a menos que fosse pelo dono da mesa.

      Helena disse efusivamente, ‘Então, você soube da história de Deannah. É claro que você vai participar.’

      â€˜Você vai?’

      â€˜Os primeiros votos são para que eu esteja lá. Eu não queria, mas Finn me convenceu. Você sabe que ele é um pássaro difícil. Ele está mais para um pequeno papagaio cruel no meu ombro do que para um assessor. Alguém me disse que já sou a favorita. Muito chique!’

      â€˜Que bom. Isso deve ser muito bom.’

      â€˜Oh, é sim muito bom. Não posso imaginar como será essa competição – você pode?’

      Ela saiu mantendo seu sorriso brilhante por um segundo a mais. Ela está preocupada, Mai pensou. Ela não quer que eu participe.

      Mai tinha tirado de Helena o papel de Steffi no Terraço Amberside dois anos antes, e ela nunca mais esqueceu, nem mesmo quando se destacou diante dos olhos do público como uma celebridade, por ter atuado de tempos em tempos em musicais no Teatro West End e dançado em programas de TV. Mai não era de se vangloriar, mas no caso de Helena, ela estava perfeitamente disposta a abrir uma exceção.

      Ela disse, ‘Tenho que ir. A natureza me chama.’

      â€˜Então você não vai disputar por Deannah?’

      Mai deu um sorriso falso. ‘Isso seria divulgado.’

      â€˜Porque dizem que no Daily Paper eles estão torcendo por mim. O russo, que é o proprietário, aparentemente gosta de mim. A competição é apenas uma maneira de obter alguma publicidade, mas ele quer que eu ganhe.’

      Assim que ela empurrou a porta e entrou no banheiro feminino da caverna, iluminado como a ponte da Nave Estelar Enterprise, Mai pensou: Ela realmente não deveria ter me dito aquilo. Ela já tinha decidido que não iria se envolver nessa competição. Ela tinha muito que fazer nas próximas quarto semanas para perder tempo em outro lugar. Mas alguma coisa tinha ascendido o seu espírito competidor: talvez por ter pensado que o papel estaria sendo dirigido para alguém que não o entendia. Atriz em ascensão toma importante decisão no banheiro de uma casa noturna. Foi um daqueles momentos decisivos que deixam uma pequena marca em sua consciência e que ela sabia que


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