Uma Carga de Valor . Морган Райс

Uma Carga de Valor  - Морган Райс


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novos relatórios chegavam constantemente informando que Andronicus enviaria um de seus batalhões ali, para atacar Savária. Erec sabia que os milhões de homens do exército dele logo se espalhariam por cada canto do Anel. Quando isso fosse feito, Andronicus não deixaria nada em pé. Erec tinha ouvido histórias das conquistas dele durante toda sua vida; ele sabia que Andronicus era um homem cruel, sem igual. Pelas simples leis matemáticas, algumas centenas de homens do Duque seriam incapazes de levantar-se contra eles. Savária era uma cidade condenada.

      “Eu digo que nos rendamos.” Disse o conselheiro do Duque, um velho guerreiro grisalho que estava sentado meio arriado sobre uma longa mesa retangular de madeira e perdido em uma caneca de cerveja. Ele bateu sua luva de metal contra a madeira e todos os outros soldados se acalmaram e olharam para ele.

      “Que escolha nós temos?” Acrescentou. “Nós não somos mais do que apenas algumas centenas, contra um milhão deles.”

      “Talvez nós possamos defender, ou pelo menos manter a cidade.” Disse outro soldado.

      “Mas por quanto tempo?” Perguntou outro.

      “Tempo suficiente para que MacGil envie reforços, se é que podemos aguentar o tempo suficiente.”

      “MacGil está morto.” Respondeu outro guerreiro. “Ninguém virá nos ajudar.”

      “Mas sua filha vive.” Outro rebateu. “E seus homens também. Eles não nos abandonariam aqui!”

      “Eles mal podem defender a si mesmos!” Protestou outro.

      Os homens irromperam em murmúrios agitados, todos discutindo entre si, falando uns para os outros, dando voltas e voltas em círculos.

      Erec ficou sentado ali observando tudo, sentindo-se esgotado. Um mensageiro havia chegado há algumas horas e tinha dado a terrível notícia sobre a invasão de Andronicus. Além disso, ele recebia naquele exato momento, uma notícia ainda pior: o Rei MacGil havia sido assassinado. Erec tinha estado longe da Corte do Rei por tanto tempo, aquela era primeira vez que ele recebia notícias. Ao recebê-las, ele sentiu como se um punhal tivesse atravessado seu coração. Ele tinha amado MacGil como um pai e sua perda deixou-o sentindo-se mais vazio do que ele jamais poderia expressar.

      A sala ficou em silêncio, o Duque pigarreou e todos os olhos se voltaram para ele.

      “Nós podemos defender nossa cidade contra um ataque.” Disse o Duque lentamente. “Com nossas habilidades e a força dessas paredes, podemos aguentar um exército até cinco vezes superior a nós em número, talvez um exército até dez vezes maior que o nosso. E temos provisões suficientes para resistir a um cerco por semanas. Se estivéssemos lutando contra um exército comum, com certeza nós ganharíamos.”

      Ele suspirou.

      “Mas o Império se jacta de não ser um exército qualquer.” Acrescentou. “Nós não podemos nos defender de um milhão de homens. Seria inútil.”

      Ele fez uma pausa.

      “Tudo menos render-se. Todos nós sabemos o que Andronicus faz com seus prisioneiros. Eu sei que todos nós vamos morrer de um jeito ou de outro. A questão é se nós morreremos de pé, lutando, ou se morreremos derrotados sobre nossas costas. Eu digo que nós morramos de pé, lutando!”

      A sala explodiu em um grito de aprovação. Erec concordava totalmente com aquelas palavras.

      “Então só nos resta uma coisa a fazer.” Continuou o Duque. “Nós vamos defender Savária. Nós nunca nos renderemos. Pode ser que morramos, mas todos nós morreremos juntos.”

      A sala foi mergulhada em um silêncio pesado enquanto todos acenavam solenemente uns para os outros. Parecia que todos buscavam outra resposta.

      “Há outra possibilidade.” Finalmente Erec disse em voz alta.

      Ele podia sentir todos os olhos se virarem e olhar para ele.

      O Duque assentiu, concedendo-lhe a palavra.

      “Nós podemos atacar.” Disse Erec.

      “Atacar? “ Os soldados exclamaram surpresos. “Apenas algumas centenas de nós, atacando um milhão de homens? Erec, eu sei que você é destemido, mas você está louco?”

      Erec abanou sua cabeça, ele falava sério, muito sério.

      “O que vocês não estão levando em conta é que os homens de Andronicus jamais esperariam um ataque. Nós teríamos o fator surpresa a nosso favor. Como vocês bem disseram, sentados aqui, apenas nos defendendo, nós todos morreremos. Se atacarmos, nós poderemos abater muitos mais deles; o mais importante, se atacarmos da maneira certa e no lugar certo, poderemos fazer mais do que simplesmente resistir: nós poderemos até mesmo vencer.”

      “Vencer?!” Todos eles exclamaram, olhando para Erec, completamente desnorteados.

      “O que você quer dizer?” Perguntou o Duque.

      “Andronicus esperará que estejamos aqui, que nós permaneçamos aqui e defendamos a nossa cidade.” Explicou Erec. “Seus homens nunca esperarão que mantenhamos um eventual bloqueio fora dos portões da nossa cidade. Aqui na cidade, temos a vantagem das muralhas fortes, mas lá fora, no campo, nós temos a vantagem da surpresa. E a surpresa é sempre superior à força. Se conseguirmos manter um bloqueio natural, nós poderemos canalizar todos eles para um ponto e, a partir daí, podemos atacar. Eu me refiro à Ravina Oriental.”

      “A Ravina Oriental?” Perguntou um soldado.

      Erec assentiu com um movimento de cabeça.

      “É uma brecha íngreme entre dois penhascos, a única passagem nas montanhas Kavônia, a um bom dia de viagem daqui. Se os homens de Andronicus vierem até nós, a maneira mais direta será através da ravina. Caso contrário, eles vão ter de escalar as montanhas. A estrada do Norte é muito estreita e muito barrenta nesta época do ano, ele perderia semanas. E a partir do Sul, ele teria de atravessar o Rio Fiorde.”

      O Duque olhava com admiração para Erec, esfregando sua barba enquanto pensava.

      “Você pode estar certo. Andronicus poderia simplesmente levar seus homens através da ravina. Para qualquer outro exército seria um ato de arrogância suprema. Mas Andronicus com seus milhões de homens, seria muito bem capaz de fazer isso.”

      Erec assentiu com um movimento de cabeça.

      “Se conseguirmos chegar lá, se é que podemos induzi-los a isso, poderemos surpreendê-los e emboscá-los. Em uma posição como essa, uns poucos homens são capazes de conter milhares.”

      Todos os outros soldados olharam para Erec, com algo parecido com esperança e reverência em seus olhos, logo depois, a sala mergulhou em um silêncio espesso.

      “Um plano ousado, meu amigo.” Disse o Duque. “Podemos ver que você é um guerreiro corajoso. Você sempre foi.” O Duque fez um gesto para um atendente. “Traga-me um mapa!”

      Um rapaz saiu correndo da sala e voltou por outra porta, segurando um grande rolo de pergaminho. Ele o desenrolou em cima da mesa e os soldados se reuniram em torno dele estudando-o.

      Erec estendeu a mão e encontrou Savária no mapa, ele traçou uma linha para o Leste com o dedo, parando na Ravina Oriental. Um passo estreito que se encontra rodeado de montanhas, até onde a vista alcança.

      “É perfeito.” Disse um soldado.

      Os outros concordaram, esfregando a barba.

      “Já ouvi histórias de algumas dezenas de homens que detiveram milhares na ravina.” Disse um soldado.

      “Isso é história da carochinha.” Outro soldado disse, cinicamente. “Sim, nós contamos com o elemento surpresa. Mas com o que mais? Não vamos ter a proteção de nossas muralhas.”

      “Nós teremos a proteção das paredes da natureza.” Outro soldado respondeu. “A dessas montanhas, a centenas de metros de um sólido precipício.”

      “Nada é seguro.” Erec acrescentou. “Como o Duque disse, nós podemos morrer aqui, ou morrer lá fora. Eu digo que devemos morrer


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