Razão Para Temer . Блейк Пирс
virou os olhos e virou as costas para o gelo. Ela jogou o laço na água e assistiu ele subir e descer por um momento. Depois, devagar, percebeu a lenta corrente de água debaixo do gelo. Ela levava para à esquerda, longe, na direção de Watertown.
Então ela foi jogada em outro lugar, Avery pensou, olhando para o rio na direção de Boston. Na margem, Connelly e o agente com quem ele estava falando estavam atrás da equipe de peritos.
Avery continuou no gelo, agora totalmente em pé. Ela estava ficando com frio e podia ver sua respiração vaporizar no ar. Mas algo naquela temperatura gelada parecia chamar sua atenção. Aquilo a permitia pensar, a usar o barulho do gelo se quebrando como um metrônomo que organizava seus pensamentos.
Nua e sem cicatrizes nem hematomas. Estupro está fora de cogitação. Sem joias, então pode ter sido um assalto. Mas na maioria dos casos um corpo depois de ser assaltado teria sinais de luta... e essa mulher não tem nada. E essas unhas e a falta de pelos?
Ela caminhou até a margem, olhando para o rio congelado, onde ele fazia uma curva e seguia na direção de Boston. Era estranho pensar em quão bonito o rio Charles era olhando da Boston University, sendo que vinte minutos atrás um corpo havia sido jogado ali.
Ela puxou seu casaco em volta do pescoço e caminhou até a margem. Chegou em tempo de ver as portas de trás da van dos peritos se fecharem. Connelly estava se aproximando, mas olhava além dela, para o rio congelado.
- Você olhou bem para ela? – Avery perguntou.
- Sim, parece um brinquedo ou algo assim. Pálida, gelada e...
- E perfeita – Avery disse. – Você percebeu que não havia pelos nela? Nem hematomas, nem manchas.
- Nem joias – Connelly acrescentou. Suspirando fundo, ele perguntou. – Já posso perguntar sobre seus primeiros pensamentos?
Ela não queria que Connelly tivesse espaço para perguntar aquilo naquele momento. Mas ele tinha, desde que ele e O’Malley haviam oferecido a ela uma promoção para sargento dois meses atrás. Em troca, eles pareciam mais dispostos a aceitar as teorias dela do que a questionar de onde ela tirava as palavras que saíam de sua boca.
- As unhas estavam perfeitamente feitas – ela disse. – É como se ela tivesse acabado de sair do salão antes de ser jogada no rio. E está faltando pelos por todos os lados. Uma dessas coisas já seria estranha, mas as duas juntas me assustam de verdade.
- Você acha que alguém a limpou antes de mata-la?
- Parece que sim. É quase como a funerária deixando o defunto apresentável para o velório. Quem fez isso a limpou. A raspou e fez as unhas.
- Alguma ideia do por quê?
Avery encolheu os ombros.
- Só posso especular agora. Mas posso te dizer uma coisa que você provavelmente não vai gostar.
- Ah, não – ele disse, sabendo o que viria a seguir.
- Esse cara fez tudo no tempo dele... não digo no assassinato, mas em como o corpo estava quando foi encontrado. Ele fez intencionalmente. Foi paciente. Baseada em casos similares, posso quase te garantir que esse não vai ser o único corpo.
Com outro suspiro profundo, Connelly pegou seu telefone do bolso.
- Vou convocar uma reunião no A1 – ele disse. – Vou avisa-los que temos um assassino em série em potencial.
CAPÍTULO TRÊS
Avery imaginou que se fosse aceitar a posição de sargento, precisava resolver sua antipatia pela sala de conferências do A1. Ela não tinha nada contra a sala em si. Mas sabia que uma reunião tão logo após a descoberta de um corpo significava que haveria conversas paralelas e discussões, a maioria delas usadas para derrubar suas teorias.
Talvez como sargento, isso vai acabar, ela pensou enquanto entrava na sala.
Connelly estava na ponta da mesa, mexendo em alguns papeis. Ela imaginou que O’Malley chegaria logo. Ele parecia estar muito mais presente em qualquer reunião em que ela estava desde que eles haviam a oferecido a promoção.
Connelly olhou para os agentes.
- As coisas estão rápidas nesse caso – ele disse. – O corpo tirado do rio foi identificado cinco minutos atrás. Patty Dearborne, vinte e dois anos. Aluna da Boston University e natural de Boston. Até agora, é o que sabemos. Os pais serão informados assim que essa reunião acabar.
Ele deslizou pela mesa uma pasta que continha duas folhas. Uma mostrava uma foto de Patty Dearbone retirada de seu Facebook. A outra tinha três fotos, todas tiradas no rio Charles mais cedo, naquele dia. O rosto de Patty Dearbone estava presente em todas elas, com suas pálpebras cor púrpura fechadas.
Em um pensamento mórbido, Avery tentou ver o rosto da jovem da mesma maneira que o assassino poderia ter visto. Patty era linda, mesmo morta. Tinha um corpo que Avery achava muito magro, mas que faria salivar homens em um bar. Ela usou essa mentalidade tentando imaginar porque o assassino escolheria essa vítima se não houvesse motivos sexuais.
Talvez ele queira mais do que beleza. A pergunta, claro, é se ele está procurando essas belezas para bajula-las ou destruí-las. Ele aprecia a beleza ou quer destruí-la?
Ela não sabia por quanto tempo estava pensando nisso. Tudo o que sabia era que tinha dado um pequeno pulo quando Connelly pediu ordem na reunião. Havia um total de nove pessoas na sala de conferências. Ela viu que Ramirez havia chegado. Ele estava sentado perto de Connelly, olhando a mesma pasta que fora distribuída minutos atrás. Ele aparentemente sentiu que ela o olhava: retribuiu o olhar e sorriu.
Avery retribuiu o sorriso quando Connelly começou. Ela desviou o olhar, sem querer ser óbvia. Mesmo que quase todo mundo ali soubesse que ela e Ramirez tinham algo, os dois ainda queriam tentar manter as coisas escondidas.
- Todo mundo já deve estar sabendo de tudo – Connelly disse. – Para aqueles que não estão, a mulher foi identificada como Patty Dearborne, veterana da Boston University. Foi encontrada no rio Charles, fora de Watertown, mas é nativa de Boston. Como a Detetive Black pontuou no briefing que vocês receberam, a corrente do rio nos faz crer que o corpo foi jogado em outro lugar. Os peritos acham que o corpo estava na água por no máximo vinte e quatro horas. Essas duas coisas nos levam a crer que ela foi deixada em algum lugar de Boston.
- Senhor – o Oficial Finley disse. – Me perdoe por perguntar, mas por que sequer pensar na possibilidade de suicídio? O briefing diz que não havia cicatrizes nem sinais de luta.
- Eu eliminei essa possibilidade quando vi que a vítima estava nua – Avery disse. – Suicídio até seria uma possibilidade a ser considerada, mas é muito pouco provável que Patty Dearborne tenha se despido antes de se jogar no rio Charles.
Ela quase odiou a si mesma por destruir a ideia de Finley. Ela o vira tornar-se um ótimo policial semana a semana. Ele havia amadurecido no último ano, transformando-se de um bobão em um agente que todos reconheciam por trabalhar duro.
- Mas não tem marcas – outro agente disse. – isso diz muito coisa.
- Pode ser uma evidência de que não foi um suicídio – Avery disse. – Se ela tivesse pulado de qualquer altura maior que dois ou três metros, teria que haver contusões visíveis no corpo pelo impacto.
- Os peritos concordam com isso – Connelly disse. – Eles vão enviar um relatório mais detalhado depois, mas eles têm certeza disso. – Ele então olhou para Avery e fez um gesto para a mesa com sua mão. – O que mais você sabe, Detetive Black?
Ela levou um momento para pensar nas coisas que tinha dito a Connelly—detalhes que estavam no briefing. Havia mencionado as unhas, a falta de pelos e a ausência de joias.
– Outra coisa a se dizer – acrescentou, - é que o assassino que deixa suas vítimas nesse nível de apresentação mostra ou uma estranha admiração pela vítima