Vencedora, Derrotada, Filho . Морган Райс

Vencedora, Derrotada, Filho  - Морган Райс


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Sobrevivi à queda de Delos e aos melhores esforços de Irrien para me matar. Eu acho que teu lorde vai querer falar comigo, não achas?”

      Ela se manteve ali enquanto os outros se entreolharam, obviamente, tentando decidir o que fazer diante disso. Finalmente, a mulher tomou uma decisão.

      “Nós a levamos.”

      Eles avançaram para ambos os lados de Stephania, mas ela fez questão de avançar com eles, de modo a que se parecesse mais com uma escolta nobre do que com ela a ser feita prisioneira. Ela ainda estendeu a mão para a pousar levemente no braço da mulher, da mesma maneira que poderia ter feito com um companheiro andando em torno de um jardim.

      Eles atravessaram toda a cidade, e uma vez que havia um raro intervalo nas tempestades de poeira vindas das falésias, Stephania não se preocupou com o capuz de sua capa. Ela deixou que as pessoas a vissem, sabendo que os rumores sobre quem ela era e onde estava a ir iriam começar.

      É claro que, apesar do que ela fazia com que aquilo parecesse, tal estava longe de ser um agradável passeio. Aqueles ao seu lado ainda eram assassinos, que não hesitariam em a matar se Stephania lhes desse uma razão. Quando eles se aproximaram de um grande recinto no coração da cidade, Stephania sentiu o medo a dar-lhe um nó no estômago, empurrado para baixo apenas pela sua determinação em fazer todas as coisas que ela tinha ido fazer a Felldust. Ela iria vingar-se de Irrien. Iria reaver seu filho do feiticeiro.

      Eles atravessaram o recinto, passando pelos escravos que trabalhavam e pelos guerreiros que treinavam, passado por estátuas que representavam Ulren em sua juventude, de pé sobre os corpos dos inimigos mortos. Stephania não tinha dúvida de que aquele era um homem perigoso. Ser o segundo de Irrien significava que ele tinha lutado até ao topo de um dos lugares mais perigosos que existia.

      Perder ali significava morrer, ou pior do que morrer, mas Stephania não tinha a intenção de perder. Ela tinha aprendido as lições da invasão, e até mesmo de seu fracasso em controlar Irrien. Desta vez, ela tinha algo a oferecer. Ulren queria as mesmas coisas que ela: poder, e a morte do ex-Primeiro Pedregulho.

      Stephania tinha ouvido falar de pessoas que baseavam casamentos em coisas piores.

      CAPÍTULO SEIS

      Ceres saiu do pequeno barco para a margem, admirada pelo facto de que um lugar como aquele pudesse existir algures abaixo da terra. Ela sabia que os poderes dos Anciães estavam envolvidos, mas ela não conseguia perceber porque eles o fariam. Porque fazer um jardim no meio de um pesadelo?

      Claro que, a partir do pouco que tinha visto dos Anciães, haver um pesadelo podia ser uma razão suficiente para o jardim.

      E depois havia a cúpula, que parecia ser composta de luz dourada pura. Ceres aproximou-se dela. Se houvesse uma resposta a ser encontrada ali, ela tinha a certeza que estava algures dentro daquela cúpula.

      A luz estava levemente enevoada, e no interior, Ceres pensou ver um par de figuras. Ela só esperava que não fossem mais feiticeiros meio mortos. Ceres não tinha a certeza se tinha mais força para lutar contra eles.

      Ceres aproximou-se da luz, e não conseguiu evitar se preparar para algum tipo de choque ou força projetada para a atirar para trás. Em vez disso, houve apenas um momento de pressão, e, então, ela o atravessou, entrando na cúpula e olhando ao redor.

      Ali, parecia o interior de algum espaço opulento, com tapetes e sofás, estátuas e ornamentos que pareciam pairar a partir do interior da cúpula. Havia outras coisas também: vidros e livros que indicavam a arte de um feiticeiro.

      Duas figuras estavam ao meio. O homem tinha a mesma aparência de graça e paz que Ceres tinha visto em sua mãe, e ele usava as vestes pálidas que ela tinha visto nas memórias dos Anciães. A mulher usava as vestes mais escuras de um feiticeiro, mas ao contrário dos anteriores, ela ainda parecia jovem, não desidratada pelo tempo.

      Olhando para eles, Ceres percebeu que eles também tinham a aparência levemente translúcida que ela tinha visto noutras partes do complexo, nas memórias que ali existiam.

      “Eles não são reais”, disse ela.

      O homem riu-se. “Estás a ouvir isso, Lin? Nós não somos reais.”

      A mulher estendeu a mão para tocar no braço dele. “É um erro incompreensível de se fazer. Depois de todo esse tempo, imagino que devemos parecer meras sombras do que fomos.”

      Isso apanhou Ceres um pouco de surpresa. Num impulso, ela estendeu a mão para o homem. Ela descobriu que sua mão passou diretamente através de seu peito. Ela percebeu o que ela acabara de fazer.

      “Lamento”, disse ela.

      “Não lamentes”, disse o homem. “Eu imagino que seja um pouco desconcertante.”

      “O que é que vocês são?”, perguntou ela. “Eu vi os feiticeiros lá em cima, e vocês não são como eles, e vocês também não são como as memórias, porque essas são apenas imagens.”

      “Nós somos... outra coisa”, disse a mulher. “Eu sou Lin, e este é Alteus.”

      “Sou Ceres.”

      Ceres observou o quão perto os dois estavam um do outro; a maneira como a mão de Lin permanecia no ombro de Alteus. Os dois tinham a aparência de um casal muito apaixonado. Será que ela e Thanos alguma vez acabariam assim? Presumivelmente não de uma forma tão óbvia, porém.

      “A batalha estava intensa e não a podíamos parar”, disse Alteus. O que os feiticeiros planearam foi mau.”

      “Alguns de tua espécie não foram melhores”, disse Lin com um leve sorriso, como se eles já tivessem tido essa conversa muitas vezes. “Aconteceu tão rápido. Os Anciães prenderam os feiticeiros como eles estavam. Sua magia misturou passado e futuro juntos, e Alteus e eu...”

      “Vocês se tornaram outra coisa”, Ceres terminou. Memórias conscientes. Fantasmas do passado que poderiam tocar uns nos outros, pelo menos.

      “Eu tenho a sensação que não lutaste lá em cima para chegar até aqui apenas para descobrir sobre nós”, disse Alteus.

      Ceres engoliu. Ela não esperava isso. Ela esperava um objeto, talvez algo como o ponto de conexão a segurar os feitiços acima juntos. Ainda assim, o Ancião que estava à frente dela estava certo: ela tinha chegado ali por uma razão.

      “Eu tenho o sangue dos Anciães”, disse ela.

      Ela viu Alteus assentir. “Eu consigo ver isso.”

      “Mas algo a está a restringir”, disse Lin. “A limitá-la.”

      “Alguém me envenenou”, disse Ceres. “Ela tirou-me os poderes. Minha mãe foi capaz de os restaurar por um tempo, mas isso não durou muito.”

      “Veneno de Daskalos”, disse Lin, com uma nota de repugnância.

      “Uma coisa má”, disse Alteus.

      “Mas uma coisa que pode ser desfeita”, acrescentou Lin. Ela olhou para Ceres. “Se ela for digna disso. Sinto muito, mas isso é muito poder para alguém ter. Nós já vimos o que esse poder pode fazer.”

      “E dado o que somos, seria preciso muito para desfazê-lo”, disse Alteus.

      Lin estendeu a mão para tocar no braço dele. “Talvez tenha chegado a altura de ver coisas novas. Estamos aqui há centenas de anos. Mesmo tendo em conta as coisas que podemos criar, talvez tenha chegado a altura de ver o que se segue.”

      Ceres estava parada enquanto ouvia aquilo, a interiorizar suas implicações.

      “Esperem, curarem-me matar-vos-ia?” Ela abanou a cabeça, mas foi interrompida por pensamentos de Thanos e de todos os outros em Haylon. Se ela não o fizesse, eles iriam morrer também. “Eu não sei o que dizer”, ela admitiu. “Eu não quero que ninguém morra por mim, mas imensa gente vai morrer se eu não fizer isso.”


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