Para Sempre e Um Dia . Sophie Love

Para Sempre e Um Dia  - Sophie Love


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menina deu alguns passos. “Por que ele está me olhando assim?” sussurrou de tal forma que Roy pôde ouvir claramente.

      Emily olhou para o pai. Seus olhos úmidos estavam arregalados, confusos. Ele enxugou o rosto.

      “Você tem uma filha?” ele finalmente balbuciou, emocionado.

      “Sim”, disse Emily, envolvendo Chantelle com um dos braços. “Bem, ela é filha de Daniel. Mas eu me considero mãe dela”.

      Chantelle se agarrou a Emily. “Ele vai me levar embora?” perguntou.

      “Ah, não, querida!” Emily exclamou. “Este é meu pai. Seu avô”. Levantou os olhos para o pai. “Vovô Roy?”, sugeriu.

      Ele assentiu imediatamente. Parecia enfeitiçado pela criança, como demonstrava o brilho em seus olhos claros.

      “Parece muito com ela”, falou.

      Emily entendeu imediatamente o que ele queria dizer. Que Chantelle se parecia com Charlotte. Não admira que ele tenha achado que ela era filha de Emily; a própria Emily às vezes se esforçava para acreditar que não havia características genéticas de Charlotte expressas em Chantelle.

      “Eu também vejo isso”, ela confessou.

      “Com quem eu pareço?” perguntou Chantelle.

      Emily sentiu que essa linha de raciocínio era demais para a criança. Preferiu mudar imediatamente o rumo da conversa. Apesar de se sentir como uma menina assustada, sabia que tinha que se recompor e assumir o comando.

      “Alguém que conhecemos há muito tempo, só isso”, disse ela. “Vamos, vovô Roy precisa falar com o papai.”

      O rosto de Chantelle se iluminou de repente. “Eu vou chamá-lo”. Então sorriu, entrando saltitante na casa.

      Emily suspirou de alívio. Entendia por que seu pai ficara tão chocado com Chantelle, mas ver um estranho olhando para ela daquele jeito, como se ela fosse um fantasma, era a última coisa que a criança precisava.

      “Ela não é mesmo sua filha biológica?”, Roy perguntou no instante em que a criança desapareceu.

      Emily balançou a cabeça. “Eu sei, é incrível. Ela também é sensível como Charlotte. E doce. Engraçada. Criativa. Mal posso esperar para que vocês dois se conheçam melhor”. Sua voz então ficou presa, com o medo repentino de que Roy não fosse ficar, que esta talvez fosse apenas uma visita rápida. Talvez ela nem devesse saber que ele esteve aqui. Talvez o plano dele fosse evitá-la completamente, entrar e sair antes que a filha tivesse a chance de perceber que estava de volta, como nas visitas secretas em um carro batido que Trevor tinha testemunhado de sua janela de espionagem. Ela esfregou atrás da orelha, sem graça. “Quer dizer, se você tiver tempo”.

      “Eu tenho tempo”. Roy assentiu, com um leve sorriso.

      Então, Chantelle retornou, arrastando Daniel junto a si. Ele parou na porta e olhou para Roy.

      “Vovô Roy?” falou, levantando as sobrancelhas, repetindo claramente a expressão que Chantelle tinha tão inocentemente retransmitido para ele.

      Emily notou a maneira como os dois se olhavam e se lembrou de como Daniel havia lhe contado sobre quando era adolescente e precisava de um amigo, como Roy o ajudou a colocar sua vida de volta nos trilhos. Ela percebeu naquele momento que o retorno de Roy a Sunset Harbor era quase tão importante para Daniel quanto para ela mesma.

      Roy ofereceu a mão para Daniel apertar. Mas para surpresa de Emily, Daniel pegou a mão dele e puxou-o num forte abraço. Sentiu um aperto estranho no peito, uma emoção peculiar que estava em algum lugar entre a alegria e a tristeza.

      “Acho que você já conhece Daniel”, disse Emily, com a voz novamente embargada.

      “Já”, respondeu Roy quando Daniel o soltou, passando o braço pelos seus ombros. Ele parecia dominado pela emoção, trilhando aquela linha tênue entre lágrimas de alegria e uma gargalhada de alívio.

      “Vamos nos casar”, Emily acrescentou, meio sem jeito.

      “Eu sei”, disse Roy, sorrindo de orelha a orelha. “Li seu e-mail. Estou muito feliz”.

      “Não quer entrar?” Daniel perguntou a Roy, gentil.

      “Se eu puder”, respondeu Roy, parecendo preocupado em não ser aceito de volta na vida da filha.

      “É claro!” ela exclamou. Apertou a mão dele com força, tentando dizer-lhe que estava tudo bem, que ele era desejado aqui, aceito aqui, que seu retorno era, para ela, uma alegria.

      A expressão de Roy era de alívio. Ele visivelmente relaxou, como se tivesse superado um obstáculo que o preocupava.

      Enquanto caminhavam em direção à porta, ocorreu subitamente a Emily que a casa que seu pai havia abandonado há mais de vinte anos não era mais a mesma. Havia se transformado de uma casa de família em uma pousada. Ele ficaria com raiva?

      “Fizemos algumas reformas”, ela falou rapidamente.

      “Emily Jane”, respondeu seu pai com uma voz gentil e firme, “sei que você mora aqui. Que é uma pousada agora. Está bem. Estou muito feliz por você.”

      Ela assentiu, mas ainda se sentia ansiosa ao vê-lo entrar. Chantelle abriu caminho e, um por um, entraram na recepção. Roy entrou por último, com um andar mais lento e mais rígido do que Emily se lembrava ao pensar no pai.

      Ele parou no corredor e olhou em volta, de queixo caído. Quando viu a mesa da recepção, seus olhos se arregalaram.

      “Esta é…?”

      “A mesma que você vendeu para Rico?” Emily disse. “Sim.” A pousada tinha sido originalmente uma hospedaria antes de os proprietários a abandonarem. A história de Roy com a casa espelhava a dela em sentido inverso. Ele queria que este lugar fosse uma casa familiar, um paraíso para as férias de verão. Emily a transformou novamente em uma hospedaria, em um negócio.

      “Eu não acredito que ele a guardou por todos esses anos”, disse Roy surpreso, ainda olhando para a mesa. Então voltou-se para Emily. “Lembra-se do dia em que eu a vendi para ele?”

      Emily balançou a cabeça silenciosamente.

      “Você estava convencida de que eu não deveria vendê-la”, disse ele com uma risada. “Colocava uma Barbie em cada uma das gavetas. Disse que era um hospital para suas bonecas”.

      “Acho que me lembro”, Emily respondeu, um pouco melancólica.

      “Rico foi muito gentil”, acrescentou Roy. “Ajudou você a ‘transferir’ suas ‘pacientes’ para outro local. Acho que você escolheu o armário embaixo da pia”. Ele também ficou um pouco melancólico e desviou sua atenção da recepção para as outras reformas. “A casa está incrível. Você fez um trabalho fabuloso”.

      O tom de orgulho na voz dele fez o coração de Emily saltar de alegria. Este momento foi muito mais do que ela poderia esperar. Foi perfeito.

      “Quer que lhe mostremos tudo?” ela perguntou.

      Roy assentiu. Emily levou-o para a cozinha primeiro. De lá, puderam ouvir os sons dos cachorros latindo da lavanderia.

      “Eu não sei o que comentar primeiro”, exclamou Roy, examinando a cozinha totalmente restaurada com seus eletrodomésticos e decoração retrô originais. “Esta reforma incrível ou o fato de você ter cachorros!”

      “Esta é Mogsy e seu filhote Chuva!” Chantelle anunciou, abrindo a porta da área de serviço e permitindo que os dois cães entrassem correndo.

      Os dois foram até Roy, cheirando-o e tentando lamber seu rosto. O homem riu, as linhas finas ao redor de seu rosto se tornaram mais pronunciadas, estendendo-se para trás das orelhas.

      “Normalmente, não os deixamos correr pela cozinha”, explicou Emily. “Mas já


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