Para Todo o Sempre . Sophie Love
e torradas. A nova torradeira – que substituiu a que explodiu e arruinou a cozinha – parecia ter instruções muito mais sensíveis, e ela conseguiu queimar a torrada também.
Ao olhar para o que havia produzido, o café da manhã final no prato, Emily não ficou muito satisfeita. Não podia servir aquilo como se fosse uma refeição. Então, foi até a área de serviço e despejou tudo nas vasilhas dos cães. Pelo menos, ao alimentá-los, havia uma coisa a menos a fazer de sua lista de tarefas.
De volta à cozinha, Emily tentou novamente preparar a refeição que o sr. Kapowski havia pedido. Dessa vez, ficou melhor. O bacon não estava muito cozido. A torrada não estava queimada. Ela esperava apenas que ele a perdoasse pelos ingredientes que estavam faltando.
Olhou para o relógo e viu que já haviam se passado quase trinta minutos, e seu coração acelerou.
Ela correu até a sala.
“Aqui está, Sr. Kapowski”, Emily disse, emergindo novamente na sala de jantar com a bandeja de café da manhã. “Desculpe pela demora”.
Ao se aproximar da mesa, percebeu que o homem tinha adormecido. Sem saber se ficava aliviada ou aborrecida, Emily baixou a bandeja e começou a sair em silêncio da sala.
De repente, a cabeça do Sr. Kapowski se endireitou. “Ah”, ele disse, olhando para a bandeja. “Café da manhã. Obrigado”.
“Sinto muito não ter ovos, tomate ou cogumelos hoje”, ela disse.
O Sr. Kapowski pareceu desapontado.
Emily foi até o corredor e respirou fundo. Havia trabalhado intensamente naquela manhã, considerando a quantidade de dinheiro que ganharia por seus esforços. Se quisesse manter a pousada, teria que se tornar um pouco mais eficiente. E precisava de um plano de emergência no caso de Lola e Lolly decidirem passar mais um dia sem pôr ovos.
Bem nesse momento, ele surgiu da sala de jantar. Havia se passado menos de um minuto desde que ela o entregara a comida.
“Está tudo bem?” Emily perguntou. “Precisa de algo?”
Novamente, o Sr. Kapowski pareceu reticente ao falar.
“Humm... a comida está um pouco fria”.
“Ah”, Emily disse, entrando em pânico. “Pronto, deixe-me aquecê-la para você”.
“Na verdade, tudo bem”, o Sr. Kapowski disse. “Preciso ir andando, de todo modo”.
“Certo”, Emily disse, sentindo-se murchar. “Planejou algo legal para hoje?” Ela estava tentando parecer uma dona de pousada ao invés de uma garotinha em pânico, apesar de se sentir muito mais como a última.
“Ah, não, quis dizer que preciso ir para casa”, o Sr. Kapowski corrigiu.
“Quer dizer que está indo embora?” Emily perguntou, surpresa.
Sentiu um arrepio correr pelo seu corpo.
“Mas o senhor fez reserva para três noites”.
O hóspede parecia sem graça.
“Eu, humm, só preciso voltar. Mas vou pagar pelas três noites”.
Ele parecia apressado para sair e até quando Emily sugeriu abater o preço dos dois cafés da manhã que ele não havia comido, insistiu que pagaria a conta completa e iria embora imediatamente. Emily ficou parada na porta e observou-o ir embora em seu carro, sentindo-se um fracasso total.
Não sabia por quanto tempo ficou ali, lamentando o desastre que havia sido seu primeiro hóspede, mas percebeu o toque de seu celular ecoando dentro da casa. Graças à terrível recepção que tinha na velha casa, o único lugar que Emily podia obter sinal era ao lado da porta da frente. Ela tinha uma mesa especial no hall de entrada apenas para seu celular – uma bela antiguidade que havia recuperado de um dos quartos fechados da pousada. Caminhou até o aparelho, preparando-se para saber quem era.
Não havia muitas opções. Sua mãe não havia entrado em contato desde aquela ligação emocionalmente intensa tarde da noite, na qual falaram a verdade sobre a morte de Charlotte e, mais especificamente, sobre o papel de Emily – ou ausência dele – na tragédia. Amy também não havia mais entrado em contato desde sua tentativa improvisada de “resgatar” Emily de sua nova vida, apesar de terem feito as pazes depois. Ben, seu ex, havia ligado várias vezes desde que ela havia ido embora, mas Emily não havia respondido a nenhuma de suas ligações, e agora a frequência delas parecia ter diminuído.
Ela se preparou enquanto olhava para a tela. O nome piscando era uma surpresa. Era Jayne, uma antiga colega de Nova York, de seus tempos de escola. Conhecia Jayne desde que era criança e, ao longo dos anos, haviam desenvolvido o tipo de amizade em que passavam meses sem se falar, mas, no momento em que se encontravam, era como se não tivesse se passado nenhum dia. Jayne provavelmente ficou sabendo por Amy, ou pelo boca-a-boca, sobre a nova vida de Emily, e estava ligando para sondá-la sobre a súbita e abrupta mudança que havia feito.
Emily atendeu a ligação.
“Em?” Jayne disse, com uma voz entrecortada, sem fôlego. “Acabei de esbarrar em Amy enquanto estava correndo. Ela disse que você havia deixado Nova York!”
Emily piscou, sua mente, agora, desacostumada com o estilo apressado de falar que todos os seus amigos nova-iorquinos compartilhavam. A idea de correr enquanto falava ao telefone lhe parecia estranha agora.
“É, na verdade, já faz um tempinho”, ela disse.
“De quanto tempo estamos falando?” Jayne perguntou, seus passos pesados audíveis pelo telefone.
A voz de Emily estava fraca e acanhada. “Humm, bem, uns seis meses”.
“Nossa, preciso te ligar mais vezes!” Jayne arfou.
Emily podia ouvir o tráfego ao fundo, as buzinas dos carros, o baque surdo dos tênis de Jayne enquanto ela corria ao longo da calçada. Isso evocou uma imagem muito familiar em sua mente. Costumava ser aquela pessoa há apenas alguns meses, sempre ocupada, nunca descansando, o celular grudado no ouvido.
“Então, o que há de novo?” Jayne disse. “Conte-me tudo. Imagino que Ben esteja fora do jogo?”
Jayne, assim como todos os amigos e familiares de Emily, nunca gostou de Ben. Eles conseguiam ver o que Emily não conseguiu por sete anos – que ele não era o cara certo para ela.
“Com certeza, fora do jogo”, Emily replicou.
“E há alguém novo?” Jayne perguntou.
“Talvez...” Emily disse, tímida. “Mas é novo e ainda um pouco instável, então, prefiro não correr o risco de estragar as coisas falando a respeito”.
“Mas eu quero saber de tudo!” Jayne gritou. “Ah, espere. Tem outra ligação”.
Emily aguardou na linha, que ficou muda. Alguns segundos depois, o barulho da manhã da cidade de Nova York preencheu seus ouvidos novamente, quando Jayne se reconectou.
“Desculpe, amiga”, ela disse. “Tive que atender. Era do trabalho. Então, ouça, Amy disse que você está com uma pousada aí, ou coisa assim?”
“Ah-han”, Emily replicou. Sentiu-se um pouco tensa falando sobre a pousada, já que Amy havia deixado tão claro que era uma ideia estúpida, sem mencionar que toda aquela mudança na vida de Emily era considerada uma má ideia.
“Há algum quarto disponível no momento?” Jayne perguntou.
Emily foi pega de surpresa. Não esperava a pergunta. “Sim”, disse, pensando no quarto agora abandonado pelo Sr. Kapowski. Por quê?”
“Quero ir!” Jayne exclamou. “É o final de semana do Memorial Day, afinal. E preciso desesperadamente sair da cidade. Posso fazer uma reserva?”
Emily hesitou. “Não precisa fazer isso, sabe. Pode vir e ficar como visita”.
“De