Atração De Sangue. Victory Storm

Atração De Sangue - Victory Storm


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      «Tomas-me por estúpido?».

      Não consegui responder diante daqueles olhos em brecha que se tinham tornado de novo ameaçadores.

      Sem perder mais tempo, arrastou-me para longe da porta, em direção à cozinha.

      «Prepara o teu pequeno-almoço e ai de ti se tentas de novo enganar-me» ordenou-me com um tom de voz autoritário.

      Não ousei contradizê-lo. Abri o frigorífico e tirei o sumo de frutas que o Peter tinha comprado no dia anterior.

      Bebi apenas um copo. Não tinha fome, por isso não comi nada.

      Entretanto o Blake tinha começado a vestir-se. Usava umas calças de ganga azuis, enquanto o tronco continuava nu e parecia estar mais sereno.

      Tinha que enfrentá-lo absolutamente!

      «Blake, preciso de saber» comecei com calma e decidida.

      «O quê?».

      Ganhei coragem.

      «O que queres fazer de mim?».

      Blake olhou-me por um instante, depois soltou uma risada amarga.

      «Vejamos... Usaste escapar mais que uma vez, apesar das minhas ameaças. Ontem à noite esbofeteaste-me e não pareces querer te submeter a mim.... Superaste todos os limites, fazendo-me perder a paciência mais que uma vez. Asseguro-te que por muito menos, teria desfeito qualquer outro» confessou-me.

      Estava decidida.

      «Logo?» pressionei-o.

      «Não sei. Existe em ti algo que quero descobrir, mas primeiro preciso de falar com uma pessoa» respondeu-me com um ar sério.

      «Será que eu poderia voltar a estar com a minha tia, até que tu contates essa pessoa?» tentei.

      «Não».

      «Porque não?» lamentei-me.

      «Porque decidi assim».

      Perdi novamente a paciência.

      «Mas quem és tu para decidires acerca da vida dos outros?» gritei irritada.

      «Será possível que nunca consigas aceitar uma decisão minha sem levantar discussões?».

      «Obviamente não, uma vez que isto diz respeito a mim e só a mim!».

      «Devia consultar-te?» perguntou sarcástico Blake.

      «Exato e dir-te-ia que sou absolutamente contra a ideia de permanecer presa nesta gaiola dourada. Não te apercebes do sacrifício que me estás a pedir».

      Sabia que estava novamente a testar a sua paciência.

      «Sacrifício? Eu sacrifico-me, não tu. Se fosse por mim, eu ter-te-ia devorado viva, pelo menos ias parar de chatear-me com as tuas queixinhas e fazer-me perder a calma com o teu odor tão irresistível. Contigo nas proximidades, tenho que estar sempre a controlar os meus instintos. Agradece que tenho um ótimo autocontrolo, em vez de ser como o Will! E como se não chegasse, às vezes o teu odor torna-se ainda mais doce e atraente, como há instantes atrás. Não sei o que aconteceu, mas tu, minha querida, és seguramente uma arma contra mim, uma vez que, mais cedo ou mais tarde, vais fazer-me enlouquecer. Desculpa incomodar-te, mas és tu a mais perigosa entre nós. Bem que o cardeal Montagnard alertou-me acerca de ti, avisando-me para não me deixar tentar ou haveria consequências. Quero descobrir o motivo deste teu cheiro tão hipnótico e depois decidirei se matar-te imediatamente ou transformar-te em vampira» explicou-me enfurecido.

      «Não me agrada nenhuma das duas perspetivas» ripostei, fazendo-lhe perder completamente as estribeiras.

      Com um passo firme, veio para cima de mim e prendeu-me pela garganta.

      As suas mãos estavam geladas. Era a primeira vez que ele me tocava com a sua pele nua e foi eletrizante como sensação.

      Não sabia explicá-lo, mas não conseguia assustar-me.

      O meu coração começou novamente a bater cada vez mais forte, mas não de medo, mas por uma emoção indefinida muito mais profunda e impetuosa.

      «Não tens medo». A sua não era uma pergunta, mas uma simples constatação. Era a verdade.

      «Este perfume novamente» prosseguiu, percorrendo as mãos ao longo do meu pescoço com movimentos delicados.

      Aproximou o seu nariz à cavidade da minha garganta.

      Estava tão agitada pela sua proximidade, que não pensei na possibilidade que pudesse morder-me.

      Sentia a ponta fria do seu nariz percorrer o meu pescoço até à face esquerda.

      Parecia que tinha recebido um choque elétrico.

      Os nossos rostos tocavam-se, podia sentir a sua respiração gelada sobre a minha pele, enquanto os seus olhos enfeitiçavam os meus, embalados naquele vértice de sensações nunca antes experimentadas.

      Desta vez parecia ser ele a estar enfeitiçado por mim, enquanto o seu corpo encostou-se completamente ao meu. Através da camisola podia sentir os seus músculos contraírem-se contra mim, empurrando-me contra o balcão da cozinha.

      Sem querer coloquei as mãos sobre a sua pele nua e ainda molhada. Era terrivelmente excitante sentir a sua pele macia e fresca.

      Entretanto o seu olhar tornou-se ainda mais intenso, mas continuou impenetrável.

      Queria perguntar-lhe o que estava a acontecer, mas não saiu nenhuma palavra da minha boca.

      Dei-me conta de não ter nenhum autocontrolo.

      Parecia que era vítima de uma força que agia sobre mim e sobre a minha mente.

      Por uma fração de segundos os nossos lábios se tocaram, pegando-me fogo nas veias.

      Fiz escorregar delicadamente as mãos pelo seu dorso até o seu peito, quando de repente tocou o telemóvel.

      Foi como um banho de água gelada, que nos fez voltar bruscamente à realidade.

      Afastamo-nos num átimo como se o contato com o outro nos tivesse escaldado.

      Tinha o coração aos saltos e notei que o Blake estava ligeiramente abalado.

      Pegou com demasiada força o telemóvel, enquanto lia o nome sobre o ecrã, de forma a que eu não me conseguisse aperceber.

      «Marley, és tu? Finalmente! Onde estás?» responde aliviado, dirigindo-se à casa de banho.

      Não consegui ouvir o resto da conversa, mas sabia que aquele homem era quem o Blake queria consultar para saber que riscos corria ao me transformar em vampira ou outra coisa qualquer.

      Estava absolutamente decidida a descobrir como magoá-lo. Abatida, voltei ao quarto. A minha vida previa-se muito breve.

      Mal cheguei às escadas para subir ao sótão, vi Blake vestido de negro sair a toda a velocidade do banho, pegar no impermeável e ir-se embora.

      «Quando voltar, quero que estejas aqui» ordenou-me com um ar severo, antes de fechar a porta atrás de si.

      A minha esperança de poder escapar desapareceu imediatamente, mal ouvi a chave girar na fechadura. Resignei-me a estar ali, a esperá-lo.

      De certeza foi encontrar-se com o Marley nalgum lado.

      Acendi a televisão e joguei-me no sofá, mas não tinha nenhuma vontade de ver televisão, assim depois de nem sequer meia hora, desliguei-a e fui para o quarto.

      Estava preocupada com o que Blake descobriria naquele encontro, mas não queria pensar nisso.

      Revistei no meio das suas coisas, mas não encontrei nada de interessante. Por fim, joguei-me na cama macia e deixei os pensamentos divagarem livres na mente, tentando esquecer onde estava.

      Estava a relaxar-me, quando ouvi abrir a porta.

      Seria


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