As Probabilidades Do Amor. Dawn Brower
como a avó disse na carta, mas Katherine não tinha entendido completamente as palavras dela até que ouviu o que tinha herdado.
– E o meu pai não pode tomar nada de mim? – Era uma preocupação, porque o pai não gostava que ninguém tivesse mais que ele. Ela tinha como saber quais eram as condições do ducado, mas aquela quantia com certeza rivalizaria com a dele. Ele iria querê-la e quereria o controle do haras também.
– Não – ele disse. – Os contratos foram bem claros. Qualquer dinheiro que ela tivesse só poderia ser dado a uma parenta direta. A única forma de o seu pai ter herdado seria se não tivesse nenhuma mulher para herdá-lo. – Ele sorriu. – E até mesmo assim, a primeira mulher nascida da linhagem direta ganharia o controle sobre os bens. Um homem só pode ficar em possessão deles até que uma mulher nasça. É uma propriedade matriarcal.
Havia tantas possibilidades para ela. Não sabia o que fazer primeiro. Nunca tinha sonhado que algo assim fosse acontecer. A morte da avó foi a pior e a melhor coisa que já lhe aconteceu. Por que ela não tinha falado sobre o tamanho da sua herança? Será que ela pensava que isso faria alguma diferença na relação delas? A avó sempre tinha significado muito para Katherine.
– Há algo mais que eu precise fazer? – A mente de Katherine ainda cambaleava por causa das notícias. – Eu posso ir ao haras?
A avó sempre a visitara. Ela nunca tinha estado na propriedade de Sussex. Katherine teve um desejo repentino de estar entre as coisas e o lugar que a avó amava. Talvez a ajudasse a sentir-se mais próxima da avó. Podia ser bobo, mas era do que precisava.
– A senhorita não precisa fazer nada. Tudo já está em seu nome. Só tem que aceitar a herança. Se precisar de alguma coisa, por favor, avise-me e eu cuidarei de tudo. – Ele lhe entregou um maço de papéis. – Esses ficam com a senhorita. Tenho uma cópia aqui caso eles se percam e sim, respondendo à sua pergunta, a senhorita pode ir visitar o haras. Caso seja do seu desejo, pode se mudar para Sussex permanentemente. Não há razão para continuar na propriedade ducal ou sob os cuidados do seu pai.
Isso lhe parecia muito bom. Iria para casa e embalaria as coisas, e então iria para o seu haras em Sussex. Viajar no inverno não era a sua atividade favorita, mas afastar-se do pai seria uma bênção. Ela não disse até mesmo para as amigas mais próximas o quanto ele era terrível.
Diana e Narissa não tinham ideia do quanto podia ser difícil para ela sair de casa ou até mesmo conseguir permissão para ir a qualquer lugar. Não vivia a vida maravilhosa que achavam que vivia. A única razão pela qual esteve procurando marido foi para escapar do controle do pai. Agora, não precisaria se casar, a menos que desejasse. Estava livre para viver a vida e não se preocupar com nada. Nunca mais.
– Muito obrigada. – Katherine ficou de pé. – Quando posso ir para lá?
– Posso pedir uma carruagem para levá-la a qualquer momento. Quando deseja ir? – Ele ficou de pé, rodeou a mesa e parou ao seu lado. – Os criados já estão cientes e esperam a sua visita. Eles estão animados para conhecê-la. Todos amavam a sua avó.
– Gostaria de ir assim que amanhecer. – Katherine mal podia esperar para conhecer os criados. Se eles amavam a avó tanto quanto ela, teriam muito a conversar. – É cedo demais?
– Nenhum pouco – ele lhe assegurou. – Pedirei para aprontarem a carruagem. A senhorita precisa de uma acompanhante ou levará a sua criada?
Betty adoraria ir com ela. Ela era a única criada da casa que era leal apenas a Katherine.
– Minha criada me acompanhará. – Eles saíram do escritório e o Sr. Adamson pegou a sua capa e então a ajudou a colocá-la.
– Muito bem. – Ele sorriu para ela. Onde ele parecia ter sido frio antes, agora parecia quase… quase paternal, ou ao menos como imaginava que um pai seria. – Não se esqueça de me avisar caso precise de qualquer coisa. Tenha uma boa viagem. Acredito que ficará muito surpresa com o haras. É um lugar maravilhoso. Fui lá muitas vezes para tratar de negócios para a sua avó.
Ela já tinha agradecido a ele, mas não pareceu ser o bastante. Ele tinha mudado toda a sua vida em menos de uma hora. Sim, na verdade tinha sido a avó que tinha feito a sua vida mais suportável, mas o Sr. Adamson foi o portador das boas novas.
– Tenho certeza de que vou ficar bem, mas, se algo surgir, irei avisá-lo. Tenha um bom dia. – Katherine acenou para ele e então saiu do escritório. Pela primeira vez em semanas ela entrou em casa com um sorriso no rosto e, nenhuma vez, até mesmo em seus pensamentos, reclamou do frio.
CAPÍTULO UM
Um mês depois…
O ar gelado quase crispava, mas ao menos não era cortante. Katherine estava na carruagem e observava os arredores. O Tattersalls estava fervilhando de atividade. Vários cavalheiros já circulavam pelo pátio olhando os cavalos serem trazidos para correr pelo redondel. Se ela quisesse ver o plantel por si mesma, teria que sair da carruagem e se juntar a eles.
Mordeu o lábio inferior e respirou fundo. Era isso o que queria. A avó lhe deixara um haras como legado e Katherine estava determinada a administrar a propriedade. Queria se assegurar de que seria independente, e não uma jovem dama julgada pela sociedade. Seu valor não seria medido por um homem ou seus laços com um. Katherine estava determina a se destacar por si só. A avó lhe confiara o haras e faria tudo o que estivesse a seu alcance para que a propriedade prosperasse.
Só precisava sair da carruagem e se armar para tolerar todas as atitudes altivamente desdenhosas dos cavalheiros. Mulheres não iam a leilões do Tattersalls para comprar cavalos. Ela não tinha certeza se ao menos permitiriam que ela comprasse um cavalo ou bem, qualquer coisa. Tinha vezes que nascer mulher era uma grandessíssima desvantagem. Naquele momento, não conseguia pensar em uma ocasião onde ser mulher era um benefício. Katherine suspirou e respirou fundo. Abriu a porta da carruagem e saiu.
Ninguém parou para olhar em sua direção. Tomou o fato como um bom sinal e continuou indo em frente até chegar à varanda. O leilão do Tattersalls era ao ar livre, em um redondel delimitado por uma varanda de pilares em três das laterais. Compradores em potencial e espectadores se juntavam no pátio. Depois de todo mundo se reunir, os cavalos, então, seriam liberados para correr pelo perímetro. Assim que a atividade terminasse, começaria o leilão.
Katherine passou as mãos pelo vestido de lã azul clara, alisando o tecido e logo puxou a capa com força para se proteger do frio. Por fim, certificou-se de que as fitas do chapéu de aba larga estivessem bem presas. As coisas seriam melhores se não chamasse a atenção de ninguém. Faria suas escolhas e deixaria uma ordem de pagamento, então, iria embora. Os cavalos que comprasse poderiam ser entregues no haras. Tudo isso soava muito bem na teoria. O nervoso que sentia em suas vísceras lhe dizia que algo sairia errado.
Chegou ao cercado ao redor do perímetro e esperou até que os cavalos fossem soltos. O vento soprava em seu rosto e congelava suas bochechas. Olhou com ansiedade para o picadeiro. Deveria ter trazido o cavalariço-chefe. Ainda seria ela a decidir quais cavalos comprar, mas tê-lo ali lhe daria alguma credibilidade. Por que não pensou nisso antes de se aventurar até o Tattersalls ?
– Humpf. – O fôlego foi arrancado de seu peito quando um cavalheiro que estava por perto a atingiu nas costelas. – Por favor, senhor – disse ela. Katherine não pôde esconder a irritação em sua voz. – Preste atenção na direção em que move seus braços. O senhor quase me jogou no chão. – Suas costelas doíam onde ele a atingira.
– Peço desculpas – respondeu o cavalheiro. – Não foi a minha intenção…
– É claro que não foi – repreendeu-o. – O senhor sempre se comporta de forma tão rude quando está em sociedade?
Ele ergueu uma sobrancelha.
– Aqui não é exatamente a sociedade…
É claro que ele estava certo. Aquele evento não era nem um baile, nem uma soirée, mas ainda era uma reunião da alta sociedade. Nem todo mundo podia se dar ao luxo de comprar um cavalo. Estava disposta a apostar que