Acredite No Amor. Amanda Mariel

Acredite No Amor - Amanda Mariel


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      Uma multidão enchia a Bond Street quando Brook saiu da modista. Suas amigas de longa data, Narissa, a duquesa de Blackmore, e Hannah, a marquesa de Ramsbury, seguiam-na pela calçada enquanto os lacaios carregavam as compras.

      Narissa estava esperando o primeiro filho e por isso estava determinada a se misturar com a sociedade educada. O objetivo era ficar respeitável quando a gravidez começasse a se mostrar. Para isso, Brooke e Hannah foram junto com a duquesa para que ela comprasse vestidos e quinquilharias para o baile que ela e o marido, Seth, estavam dando.

      — Espero que tenhamos bons resultados — disse Narissa.

      Brooke olhou para Narissa e sacudiu a cabeça.

      — Você se preocupa demais. — Sorriu para a amiga. — Está se esquecendo da sua posição. A ton virá aos montes só para dizer que estiveram no baile do duque e da duquesa de Blackmore.

      — Ela está certa, sabe — adicionou Hannah. — Suas festas sempre são bem frequentadas.

      Narissa suspirou e deu um tapinha na barriga.

      — Fazê-los ir é fácil. É fazê-los nos ver como um casal respeitável é que me preocupa. Quero que este bebê seja aceito entre a sociedade educada.

      — Vamos lá. — Brooke acenou, dispensado aquele disparate. — Você nunca deu importância para o que a sociedade pensa. Não comece a se preocupar demais agora.

      — É claro que você está certa, mas, pelo meu filho, eu vou me curvar para qualquer matrona da ton. — Narissa afastou um cacho da bochecha. — Seth e eu planejamos conquistá-los, custe o que custar.

      — Então vocês vão. — Sorriu Hannah.

      Brooke se desviou de um grupo de crianças pulando pedras na calçada. Dois meninos e uma menina que pareciam ter cerca de seis ou sete anos de idade. Todos os três usavam roupas desbotadas e tinham manchas de sujeira no rosto. Ainda assim, estavam jubilosos enquanto brincavam.

      Ela parou e levou a mão à bolsinha para pegar algumas moedas. Erguendo a mão para as crianças, ela disse:

      — Tomem aqui e vão comprar alguma coisa gostosa.

      Os olhos da menininha se arregalaram ao ver as moedas e um dos meninos as pegou da mão de Brooke.

      — Obrigada, milady — disse a terceira criança.

      Brooke sorriu e então se virou. Deu um passo ainda prestando atenção nas crianças e colidiu com algo duro.

      — Oh! — Brooke perdeu o equilíbrio e tropeçou.

      Que estabanada ela era, andando por aí sem prestar atenção no entorno. Acabou colidindo com outra pessoa. As bochechas queimaram.

      Os braços do estranho a envolveram, estabilizando-a.

      — Peguei você — uma voz profunda disse perto do seu ouvido.

      — Obrigada. — O ar ficou preso enquanto o olhar se encontrava com olhos verdes e familiares. Olhos que ela não via há anos. — Drake… Sua Graça — corrigiu-se rapidamente, pois eles não eram mais crianças, e chamá-lo pelo nome era mais que um pouco escandaloso.

      Ele a soltou e deu um passo para trás, fazendo uma mesura.

      — Lady Brooke. Já faz muito tempo.

      — Sim, faz — titubeou. — Tempo demais.

      Hannah cutucou Brooke com o cotovelo.

      Brooke mal podia afastar os olhos de Drake. O coração batia desbocado, pensamentos e emoções de milhões de anos a invadiram. Ele sorriu, então olhou de Brooke para Hannah e para Brooke de novo.

      — A senhorita vai…

      — Sim, desculpa — disse Brooke, as bochechas queimando. — Permita-me apresentá-lo às minhas queridíssimas amigas, lady Hannah — ela apontou para Hannah com a cabeça — e Sua Graça, a duquesa de Blackmore — apontou para Narissa.

      — É um prazer conhecê-las. — Drake fez outra mesura. — Eu sou o duque de Grafton.

      — Sua Graça — disseram Hannah e Narissa ao mesmo tempo enquanto faziam reverência.

      Narissa olhou ao redor da multidão de pessoas que corriam para cima e para baixo na Bond Street, muitos deles saindo de seu caminho para se desviarem do grupo.

      — Parece que estamos bloqueando a passagem. Talvez devamos seguir caminho?

      Brooke olhou dentro dos olhos calorosos de Drake, nenhum pouco pronta para deixá-lo. Tinha um milhão de perguntas, uma vida de curiosidade, e uma velha dor no coração. E, mesmo assim, estava animada por vê-lo. Que estranho.

      — Perdoe a minha falta de educação. — Drake alisou a gravata. — É óbvio que as damas estão ocupadas. — Ele desviou o olhar para o lacaio que estava por perto. — Deem-me licença, assim as senhoras poderão continuar com as compras.

      — Na verdade, já terminamos. — Hannah sorriu. — Mas deveríamos ir mesmo assim.

      Narissa passou a mão pelo cotovelo de Brooke e deu um leve puxão.

      — É verdade — disse Brooke, o olhar dela preso no de Drake. — Foi um prazer vê-lo novamente, Sua Graça.

      — Gostaria de passar mais tempo com a senhorita. — Ele deu um sorriso largo. — Posso ir visitá-la amanhã?

      — Esperarei ansiosamente pela visita — disse Brooke.

      O sorriso de Drake ficou mais animado.

      — Até lá então, milady. — Ele deu um beijo demorado nas juntas da sua mão.

      Brooke mal conseguiu fazer uma mesura antes de Narissa praticamente arrastá-la pela rua, indo em direção à carruagem. Ela mal podia acreditar que tinha acabado de se encontrar com Drake, que quase o derrubara e, ainda por cima, fez papel de boba.

      Senhor, o que ele vai pensar?

      Aquilo teria alguma importância?

      Balançou a cabeça enquanto entrava na carruagem. É claro que não. Como qualquer coisa poderia ter importância depois de tantos anos, depois de tanto tempo? Não podia.

      O que quer que podia ter acontecido entre ela e Drake já tinha ficado há muito para trás. Brooke soltou o fôlego enquanto alisava uma ruga na saia.

      Narissa se acomodou ao lado dela, e Hannah se sentou no banco de couro, de frente para elas.

      Não demorou muito e a carruagem se pôs em movimento, então Hannah deu um sorriso largo para Brooke.

      — Vai nos contar tudo?

      — Sobre? — perguntou Brooke, fazendo o seu melhor para soar inocente.

      Sabia muito bem o que Hannah estava perguntando, mas não podia se impedir de provocar a amiga. Além do mais, ela precisava de uns segundos para se recompor.

      — O duque, é claro. — Hannah se inclinou para frente, os olhos faiscando de curiosidade.

      Narissa virou o corpo para Brooke.

      — Eu não me lembro de você ter mencionado o duque de Grafton antes. Como o conhece?

      Brooke afrouxou os laços do toucado, então o removeu e o colocou sobre o colo.

      — Ele não era um duque quando o conheci. Já faz dez anos que vi Drake. É… — pigarreou — quer dizer, desde que vi Sua Graça pela última vez.

      — Vocês devem ter sido próximos, já que continua usando o nome dele em vez do título — disse Hannah.

      Brooke desviou o olhar enquanto se repreendia em silêncio. Teria que ter mais cuidado com a língua. Não poderia sair por aí chamando um duque por qualquer outra coisa do que pelo título.

      Narissa deu um tapinha na mão de Brooke.


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