Cativeiro. Brenda Trim

Cativeiro - Brenda Trim


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deu outro passo à frente.

      — Isso é necessário? Ele nem consegue se defender. David, por favor, faça alguma coisa — implorou ela.

      — Olivia, não é o que parece. Ele é um shifter e não se pode confiar nele. São selvagens e imprevisíveis. As algemas servem tanto para a proteção dele quanto para a nossa. Apenas vá. Agora! — exigiu David com severidade, mas Liv ouviu a sinceridade em seu tom.

      Ela sabia muito pouco sobre shifters e não havia passado qualquer tempo com um deles, mas ouvira histórias. As notícias retratavam os shifters exatamente como David descrevia. Selvagens, violentos e imprevisíveis. Os humanos reconheciam os shifters por seu grande tamanho. Eram mais altos, mais musculosos, com mãos e pés maiores. O homem no chão parecia que poderia ganhar um concurso de Mr. Universo sem esforço. Se estivesse limpo e barbeado, é claro.

      Liv reconhecia que a convivência entre humanos e shifters era muito segregada, e ambos preferiam assim. Os shifters viviam em suas comunidades isoladas e geralmente possuíam os negócios ali dentro. Uma vez que pagassem impostos e obedecessem a leis e regulamentos, todos ficavam felizes.

      Havia rumores de que os shifters eram extremamente violentos, selvagens mesmo. O homem no chão estava agitado, rosnando para o guarda que pairava sobre ele e Liv se perguntou se ela estava prestes a testemunhar sua capacidade em primeira mão.

      — Vou embora se vocês dois vierem comigo. Não posso ir, se acho que vocês continuarão batendo nele — declarou Liv, cruzando os braços sobre o peito. Sim, ela poderia ser teimosa e desafiadora, e sentiu que aquele homem poderia precisar de um amigo agora.

      — Ora, sua pequena cadela, vou lhe mostrar o que é uma punição — retrucou o guarda, começando a se dirigir até Liv.

      Com a velocidade da luz, o shifter se pôs de pé e agarrou o guarda com uma gravata. Antes que Liv pudesse reagir, ele envolveu a corrente de metal em volta do pescoço do homem e puxou, quebrando-o. Liv só podia imaginar a força necessária para fazer uma coisa dessas. Imediatamente, o guarda caiu no chão como uma boneca de pano.

      O grito agudo de Liv ricocheteou nas paredes de concreto, ao mesmo tempo que David avançava em direção ao shifter, com a arma tranquilizante na mão.

      Capítulo Dois

      

      Lawson não conseguiu controlar a raiva. Seu lobo estava prestes a assumir o controle e ele teve que lutar contra o desejo de se transformar. Acorrentado à parede, os movimentos de seu lobo seriam limitados. Precisava de uma chance melhor em sua forma humana para uma possível fuga.

      O desgraçado daquele guarda mereceu o que recebeu. Ele não havia visto aquele homem até então, mas eram todos iguais. Eles entravam, exigiam que ele se transformasse e, quando Lawson não obedecia como um filhote bem treinado, eles começavam a espancá-lo.

       Danem-se todos.

      Ele sabia o que estavam tentando fazer. Bem… o que eles pensavam que estavam tentando conseguir e ele não iria colaborar com o jogo.

       Danem-se todos.

      A fêmea gritou e Lawson viu o outro homem correndo em sua direção. Sim, aquele bastardo com a arma tranquilizante não fazia ideia. Aquele homem já estivera em sua cela muitas vezes e sempre ficava nas proximidades como um covarde, vendo Lawson levar surras após surras com uma expressão presunçosa no rosto. Ele estava prestes a sentir a ira de Lawson e este ia gostar de ver o técnico do laboratório se urinar de medo.

      Assim que o homem chegou ao seu alcance, Lawson se agachou e varreu a perna direita. O homem rapidamente caiu no chão e Lawson agarrou seus pés, puxando-o na sua direção. Segundos depois, suas correntes enrolavam-se no pescoço de seu captor e ele pôde sentir a vida se esvair do corpo do homem enquanto apertava com toda sua força. Quando os olhos do homem reviraram, Lawson liberou o corpo sem vida.

      Um outro grito da mulher o fez se virar para encará-la. Olhos verdes horrorizados o perfuraram mais profundamente do que as inúmeras agulhas que enfiavam nele. Ele podia sentir o cheiro do medo dela, sem mencionar o do sexo dela. Suas narinas sensíveis não cheiravam uma fêmea havia muito tempo. Foi avassalador e seu corpo instintivamente reagiu.

      Uma necessidade primordial percorreu suas veias e um rosnado baixo escapou de sua garganta enquanto seu lobo rondava a superfície, exigindo ser liberado.

      — Saia! — gritou ele, puxando as correntes. — Não vou me transformar para você ou qualquer outra pessoa. Chegue perto de mim e você ficará no chão ao lado desses dois! — vociferou ele, chutando o segurança morto na direção dela.

      Ela deu um passo na direção dele, os braços estendidos em sinal de rendição.

      — Não sei o que você está falando. Não conhecia essa área do prédio. Deixe-me ajudá-lo — implorou ela.

      À medida que ela se aproximava, um perfume doce provocou e tentou o corpo dele. Seu pênis enrijeceu, precisando de alívio, mais do que ele precisava de ar para respirar. Ele nem ficava atraído por humanas, mas agora ele estava pronto para despi-la, curvá-la e fazer sexo com ela.

      Tremendo incontrolavelmente, ele se virou. Não para bater nela, mas para assustá-la. Se ela desse mais três passos em sua direção, ele teria a fêmea em suas garras, e não havia como dizer o que faria com ela.

      — Dane-se, mulher. Quer ajudar? Abra isto — exigiu ele, puxando os punhos de metal novamente.

      Ela hesitou e Lawson se sentiu inseguro, mas ela parecia estar contemplando as palavras dele quando, de repente, virou-se e fugiu da sala. Parte dele queria chamá-la de volta e explicar que não era um assassino a sangue frio. Lawson não gostava do horror que representou, mas não viu outra opção. Não podia ficar na presença dela sob tal excitação.

      Lawson puxou as correntes de novo, tentando se libertar. Não que não tivesse passado todos os momentos em que estivera acordado tentando escapar, mas a porta estava entreaberta, e essa poderia ser a única chance que teria. Precisava sair daquele lugar infernal. Se tivesse que suportar mais uma surra ou, sem querer, derramar mais uma gota de sangue, poderia ceder.

      Há muito tempo ele havia parado de contar os dias em que estivera em cativeiro. Pela sua estimativa, estava preso por pelo menos dois anos, talvez mais. Não tivera uma refeição decente, um banho quente ou uma cama aquecida o tempo todo. Era alimentado uma vez por dia, lavado com água gelada uma vez por semana e dormia no colchão sujo sem um lençol para se aquecer.

      Determinado a não passar mais uma noite naquele buraco, Lawson apoiou o pé na parede de concreto para ter mais força. Respirando fundo, puxou as correntes pesadas. Nada. Tentou de novo. Nem mesmo um leve movimento no fixador preso à parede. Ele colocou os dois pés na parede e puxou até que os músculos do braço pareciam rasgar de tensão.

      De repente, ocorreu-lhe que o guarda provavelmente tinha seu cartão de acesso. Havia um pequeno teclado na base das algemas que os travava eletronicamente. Tudo naquele maldito lugar estava ligado através do sistema de segurança.

      Desejando não ter chutado o guarda para longe de seu alcance, ele caminhou até onde as correntes permitiam. Esticou-se e alcançou os pés do homem. Finalmente, seus dedos tocaram as botas de couro e ele agarrou a sola. Puxando o melhor que pôde, ele finalmente trouxe o homem perto o suficiente para poder agarrar os tornozelos.

      Arrastando-o para perto, Lawson rapidamente procurou dentro do uniforme do homem. Poderia finalmente escapar se encontrasse a droga do cartão. A alegria encheu seu coração. Precisava desesperadamente ir para casa. Sua mãe, pai, irmão e irmãs deveriam estar muito preocupados. Pensavam que ele estava morto? Estavam seguros? Ele sabia que outros estavam sendo mantidos em cativeiro


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