Paixão e engano. Miranda Lee

Paixão e engano - Miranda Lee


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o encontrara na manhã seguinte. E fora lá que tinham tido o confronto terrível…

      Fora horrível. Ainda se surpreendia com as acusações que Sarah lhe fizera. No fim, Sarah fora-se embora. E não voltara.

      No domingo à noite, Scott vira-se obrigado a aceitar que talvez Sarah não regressasse.

      O que devia tê-lo agradado, mas era exatamente o contrário. Apesar de ser um homem que não tolerava ter uma esposa em quem não podia confiar, havia a possibilidade de não ser o que parecia e de ter cometido um erro grave.

      Afastou os pensamentos ao ouvir alguém a bater à porta.

      – Sim? – perguntou Scott, afastando-se da janela.

      Cleo entrou discretamente e lançou-lhe um olhar extremamente significativo. A sua expressão mostrava preocupação. Contara a Cleo o que acontecera. Cleo era a sua secretária e não lhe escapava nada. Depois de três anos a trabalhar juntos, Cleo também era sua amiga e mostrara-se ainda mais surpreendida do que ele. Na verdade, Cleo declarara que não acreditava que Sarah tivesse sido infiel:

      – Não é possível que a Sarah te tenha enganado, Scott. Essa rapariga adora-te!

      Sim, fora o que ele pensara, mas, evidentemente, enganara-se. Teria mostrado a Cleo as fotografias que incriminavam Sarah, mas já não as tinha. Entregara o telemóvel em questão ao chefe de segurança da sua empresa no sábado à tarde para que investigasse o assunto.

      Mostrar as fotografias da sua esposa com outro homem a Harvey fora humilhante. No entanto, não tivera outro remédio senão descobrir a autenticidade das fotografias e a identidade de quem as enviara. Além disso, queria saber o possível a respeito do homem que aparecia ao lado da esposa.

      O homem que aparecia nas fotografias era bonito, embora não tão forte como ele, mas bastante magro. Elegante e muito bem vestido.

      – O Harvey acabou de ligar para dizer que já sobe – informou Cleo, afastando-o dos seus pensamentos sombrios. – Queres que vos faça um café?

      – Por enquanto, não. Obrigado, Cleo. Ah e também quero agradecer-te por me substituíres na sexta-feira. Não sei o que faria sem ti.

      Cleo encolheu os ombros.

      – Receio que não tenha servido de muito. O investidor deixou muito claro que não queria fazer acordos com uma mulher, sobretudo, com uma com menos de trinta anos. No entanto, se a minha opinião te servir de alguma coisa, acho que não devias aceitar o seu dinheiro. Não gosto nada desse tipo, tem um olhar muito esquivo.

      Scott sorriu ironicamente. Cleo tinha o costume de julgar as pessoas pelo seu olhar. E não costumava enganar-se. Várias vezes, os conselhos de Cleo tinham-lhe evitado erros custosos. Cleo gostava muito de Sarah, considerava-a uma rapariga encantadora. Supunha que não pudesse acertar-se sempre.

      – Nesse caso, vou apagá-lo da lista de possíveis sócios – declarou Scott.

      – Sim, será o melhor. No entanto, tens de encontrar outro e com a maior rapidez possível, Scott. Caso contrário, vais ter de fechar a refinaria de níquel e talvez a mina também. Não podem continuar a funcionar com perdas durante muito mais tempo.

      – Sim, eu sei – respondeu ele. – Porque não começas a investigar possíveis investidores? Talvez alguém da Austrália… Ah, aqui está o Harvey. Olá, Harvey, entra.

      Cleo deixou-os e Harvey entrou no escritório com uma expressão impenetrável. Harvey tinha cinquenta e muitos anos, era um homem alto e corpulento e completamente careca. Tinha um rosto atraente, lábios firmes e olhos azuis frios. Fora polícia durante vinte anos e investigador privado durante outros dez anos, antes de entrar na sua empresa para ocupar o lugar de supervisor do departamento de segurança. O seu físico impressionante tornava-o uma escolta excelente, tarefa que desempenhara várias vezes para o proteger. Ser um magnata da indústria mineira tinha os seus perigos, sobretudo, quando tinha de fechar alguma mina, mesmo que fosse apenas temporariamente.

      Harvey, que usava umas calças de ganga e um casaco de couro preto, também era um perito em informática, algo de valor incalculável nos tempos que corriam.

      Scott fechou a porta do escritório e indicou a Harvey que se sentasse numa das duas poltronas situadas à frente da sua secretária.

      – O que descobriste? – perguntou Scott, sem preâmbulos.

      Os olhos de Harvey quase mostraram compaixão e Scott teve de conter uma náusea.

      – A julgar pela tua expressão, receio que não sejam boas notícias.

      – Não.

      – Vá lá, conta-me.

      Harvey inclinou-se para a frente e deixou o telemóvel de Scott em cima da secretária, antes de voltar a recostar-se.

      – Mas vamos por partes – disse Harvey. – O telemóvel que foi usado para te enviar essas fotografias não pôde ser rastreado.

      – Já o suspeitava – disse Scott. – As fotografias são verdadeiras?

      – Sim. Não foram manipuladas.

      – E a data e a hora em que foram tiradas?

      – Também verdadeiras. Confirmei-o ao examinar a filmagem da câmara de segurança do hotel. O estabelecimento tem câmaras por todo o lado.

      – Que hotel é esse?

      – O Regency.

      Scott sentiu um nó no estômago. O Regency era um hotel de cinco estrelas que era muito perto do local de trabalho de Sarah.

      – O que mais descobriste? – perguntou Scott, resignado a continuar a receber más notícias.

      – Falei com um dos empregados do hotel que estava a trabalhar na sexta-feira à tarde. Lembra-se da Sarah.

      Naturalmente, pensou Scott. Só um cego não repararia nela. Sarah era uma rapariga deslumbrante de cabelo loiro, olhos azuis grandes e uma boca irresistível. Apesar de ser magra, tinha curvas e vestia roupa muito feminina.

      Scott nunca esqueceria o momento em que vira Sarah pela primeira vez. Fora há exatamente quinze meses. Nos escritórios da Goldstein e Evans, o escritório de advogados de Sidney que costumava usar para assinar os seus contratos. Apaixonara-se por ela imediatamente, fora amor à primeira vista. Uma semana mais tarde, durante o seu terceiro encontro para jantar, Sarah confessara-lhe que sentia o mesmo.

      E Scott acreditara. Três meses depois, casaram-se. E agora, um ano mais tarde, parecia que Sarah ia tornar-se a sua ex-esposa.

      Scott pigarreou.

      – O que é que o empregado te disse?

      – Disse-me que pareciam ter uma relação íntima. Sentaram-se num canto do estabelecimento, não beberam muito e limitaram-se a falar. Quinze minutos depois, levantaram-se e foram-se embora.

      – Entendido – disse Scott, num tom cortante.

      Tanto Harvey como ele sabiam para onde Sarah e o amigo tinham ido. As fotografias demonstravam-no. O homem fora ao balcão da receção e reservara um quarto. Depois, ambos tinham apanhado o elevador, tinham ido para o quarto e tinham saído quarenta e cinco minutos mais tarde.

      – No entanto, o empregado disse que nunca a tinha visto lá – acrescentou Harvey.

      Mas havia muitos outros hotéis em Sidney.

      – No entanto, conhecia o tipo – continuou Harvey. – Tinha-o visto lá com outra mulher em várias ocasiões. Uma morena.

      – Descobriste quem é?

      – Sim. Chama-se Philip Leighton. Trinta e tal anos. Advogado.

      – E trabalha na Goldstein e Evans, engano-me?

      – Não, não te enganas. O seu trabalho concentra-se em assuntos de família e especializou-se em divórcios. Fundamentalmente, encarrega-se dos divórcios de pessoas ricas. Também


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