Amor o maior tesouro. Barbara Cartland

Amor o maior tesouro - Barbara Cartland


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      As janelas davam para um jardim de rosas que tinha sido o especial prazer dela, com o relógio de sol trazendo a inscrição que ele ajudara a montar laboriosamente, quando ainda era bem pequeno:

      «Colha as rosas em maio, o velho tempo não tem pressa».

      Isso era verdade, pensava agora, e imaginava se teriam havido outras rosas que poderia ter colhido ainda jovem, embora muitas delas permanecessem em sua lembrança, sem que ninguém conseguisse tirá-las de lá.

      Sempre que se encontrava acampado em algum lugar inóspito, ou aquartelado em alguma casa portuguesa, sua mente se voltava para Revel Royal.

      Sentia-se, então, transportado para um mundo que amara enquanto criança, e no qual se esquecia da guerra e dos desconfortos dela.

      Conseguia lembrar-se claramente da primeira perdiz que caçara, e de como entrara triunfalmente na cozinha, para mostrá-la à Sra. Briggs.

      —Eu a cozinharei para o seu jantar, master Tyson— dissera-lhe ela, alegremente.

      —Não. A perdiz é para mamãe, mas espero que ela me dê um bocadinho!

      —Tenho certeza que sim, e ficará muito orgulhosa em saber que o senhorzinho é tão bom caçador quanto seu pai.

      Havia também lembranças dos campos de feno, quando ele brincava entre os montes. Lembranças, também, de quando tudo ficava branco de neve, e de quando o carpinteiro da propriedade lhe fizera um trenó, com o qual deslizava triunfalmente pelas encostas. Havia muitas outras recordações.

      Tyson sempre acreditava que, quando acabasse a guerra, voltaria a Revel Royal e encontraria tudo como deixara.

      —Por onde começar?— perguntava-se agora, quando ouviu o Sr. Briggs dizer:

      —O seu jantar está pronto, sir.

      Assim que se voltou, Briggs completou, com um tom diferente na voz:

      —É muito bom vê-lo de volta, master Tyson.

      Briggs parecia mais velho ainda que sua esposa, mas Tyson lembrou-se de que, na verdade, ambos tinham a mesma idade.

      Ele também parecia ter emagrecido, mas achara sua antiga libre em algum lugar, e a vestira. Esta ficara frouxa em seu corpo franzino, mas para Tyson significava um gesto de boas-vindas que, naquele momento, aqueceu seu coração. Por um instante, saiu da escuridão e da incerteza de seus pensamentos.

      Estendeu sua mão para o velho e leal criado.

      —Sinto-me em casa, encontrando o senhor e a Sra. Briggs aqui. Não seria a mesma coisa sem vocês.

      —As coisas não são mais as mesmas, master Tyson, mas talvez o senhor consiga arrumá-las novamente.

      —Tentarei— respondeu Tyson Dale, sabendo, no entanto, que isso era uma promessa vã.

      Ele precisava de dinheiro, mas onde o conseguiria?

      Comeu a refeição simples que a Sra. Briggs lhe preparara e deixou de lado as desculpas do velho Briggs de que fariam melhor, se tivessem tido mais tempo.

      Amanhã, disse Tyson a si mesmo, irei caçar algo e, ao menos, isso não nos custará nada.

      Então, ficou pensando se ainda teriam cartuchos para as espingardas que vira penduradas, como sempre estiveram, na sala de armas, e se, na verdade, ainda haveria algo para se caçar.

      Havia tanta coisa que não sabia, tanto a descobrir a respeito de sua casa que, embora não quisesse admitir, estava temeroso com o que viesse a saber.

      Deveria ter voltado na época da morte de papai, pensou, quando terminava a refeição.

      —A Dog and Duck ainda está lá?— perguntou, em voz alta.

      —Sim, sir— respondeu Briggs—, mas mudou de dono. O Sr. Tug morreu há cinco anos, e agora a estalagem pertence a um homem chamado Finch.

      —Vou procurar por ele— disse Tyson, com um sorriso—, mas não me demorarei. Não precisa esperar. Apenas deixe a porta da frente aberta.

      —Farei isso, sir, e talvez o senhor queira empurrar o trinco quando voltar.

      As trancas estão quebradas há muitos anos.

      —Teremos que fazer muitos reparos, Briggs!

      Tyson saiu da sala de jantar, onde sua refeição fora servida, e seguiu pelo corredor que conduzia ao vestíbulo.

      Havia muitas pinturas dos ancestrais de sua mãe olhando para ele em meio às molduras douradas.

      Nunca pensara neles como uma coleção particularmente interessante, mas subitamente sentiu-se dominado pela raiva ao se lembrar dos retratos dos Dale, muitos dos quais executados por grandes mestres, que se achavam agora em posse de seu tio!

      —Maldição!— praguejou—, terei que arrumar um meio de lutar por meus direitos, mesmo que isso consuma toda a minha vida!

      Ao falar, atravessou a porta da frente, batendo-a em razão de sua raiva. Depois, ficou apreensivo com a ideia de tê-la tirado fora de seu eixo, o que seria mais um reparo a fazer.

      Desceu os degraus cobertos de mato, onde algumas flores coloridas brotavam entre as fendas das pedras, e assobiou para Salamanca.

      Como que tendo se lembrado das ordens de seu dono, o cavalo não se afastara dali, e, naquele momento, apareceu trotando em direção a Tyson.

      Tyson Dale o acariciou no pescoço.

      —Teve uma boa tarde, rapaz?— perguntou ele—, bem, isto é tudo o que tenho! Quando voltarmos, iremos olhar os estábulos e ver se estão em condições de abrigá-lo!

      Salamanca focinhou, como se tivesse entendido tudo o que fora dito, então, eles trotaram em direção à estrada que os conduziria ao vilarejo.

      Era um alívio encontrar os chalés de palha com o mesmo aspecto de antes, a velha igreja normanda ainda em pé, e, a fila das Casas das Esmolas, que seu pai construíra, ainda intocada.

      Achou que faltavam telhas e que as portas e os batentes das janelas

      precisavam de pintura, mas, como não queria inspecionar mais detidamente, seguiu em frente, até alcançar o povoado.

      Ali, ao menos, tudo estava como em sua lembrança.

      O pequeno lago com os patos no centro, os antigos troncos de tortura que não eram usados há centenas de anos, e, do outro lado a Estalagem Dog, and Duck com seus bancos para fora, onde os velhos habitantes da cidadezinha se sentavam para mexericar horas a fio.

      Era muito tarde para esses camaradas estarem lá, do lado de fora, mas Tyson podia ouvir suas vozes e risadas saindo por uma janela e achou que o bar da estalagem poderia estar repleto de velhos amigos.

      Então, ao atras o portão ao lado da Dog and Duck, onde sabia poder encontrar um pequeno mas adequado estábulo para deixar Salamanca, quase perdeu a respiração de tanta surpresa!

      Ali, certamente, as coisas tinham mudado, desde que ele partira! A Dog and Duck tinha sido aumentada nos fundos e a acanhada estalagem do vilarejo tinha se transformado em uma hospedaria.

      A casa de dois andares deve conter agora muitos quartos, pensava Tyson, e do outro lado do pátio foram construídos estábulos novos.

      Vários veículos estacionados no pátio vinham demonstrar-lhe que a transformação era real!

      Os cavalariços, se é que os havia, deviam estar ocupados demais para atendê-lo e, assim, Tyson descobriu um estábulo vazio e ali alojou Salamanca.

      Havia uma pequena mangedoura com alfafa fresca e alguma aveia, talvez deixadas por algum cavalo de dono rico, que estava saciado, e uma vasilha com água.

      Tyson ouviu o barulho feito pelos cavalos alojados nos outros compartimentos e, quando caminhava através do pátio, passando pela porta da hospedaria


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