Estórias e Poemas Lusos. Sabrina Vieira Fialho
da terra
De onde brota água com sabor férreo
As Lagoas das Sete Cidades são um mistério
Que a lenda que se conta com ela encerra
No Pico temos também bom vinho
E vale o desvio pela rocha negra
Reluzente atrai olhares pelo caminho
Mas observar baleias é o que mais me alegra
Na Ilha do Faial deambulei pela marina
Admirei os veleiros e sonhei navegar
Na tasca do Peter aqueci a alminha
Pronta para novos portos conquistar
Nas Flores molhei pés no Poço do Bacalhau
Onde cai uma cascata de águas límpidas
Do Porto das Poças embarquei numa nau
Com destino ao Corvo e suas caldeiras floridas
De Graciosa e São Jorge não me esqueci
Nem de Santa Maria: regressarei por ti
Não me canso desta vista deslumbrante
Nove ilhas a meio caminho do Atlântico
Pois são todas belas como um diamante
Soberbas são um orgulho para Portugal
Cuidem bem delas de ora em diante
Pois por este mundo fora não há igual
Alentejo
Alentejo, terra dos meus avós e do meu pai
Onde reside uma parte do meu coração
Paisagens únicas e pessoas encantadoras
Cenários que me servem de inspiração
No topo das escadas da Igreja de Aljustrel
Contemplo com nostalgia o horizonte
Trouxe comigo pão e azeitonas no farnel
Para degustar com vinho tinto e broa de mel
Alentejo, tenho por ti esta paixão inexplicável
Um encanto infindável pelas tuas planícies sem fim
Pelo cheiro da terra onde cresce tomilho e alecrim
Que cavada, semeada e regada se torna arável
O monte impera no meio de um tímido arvoredo
Majestoso, as suas paredes refletem a luz do sol
Esta noite decidiu pôr-se demasiado cedo
Anoitece, arrefeço, estremeço debaixo do lençol
Alentejo, vibro ao som dos que te cantam
Das vozes em uníssono que me encantam
Cresci contigo no peito e jurei um dia voltar
Para esta terra onde escolhi para sempre ficar
Alentejo (Até ao Fim)
O ligeiro vulto de uma colina que o horizonte delineia
Atrai o observador mesmo que esteja pouco atento
Nunca me cansarei destas terras em que a água escasseia
Destes sobreiros e azinheiras que dançam com o vento
Impregno-me do perfume da terra que o inverno transpira
Neste pedaço de mundo que a poesia não consegue ignorar
Sinto um aperto, meu coração acelera, minha cabeça gira
Caio de costas no meio do pasto e oiço os sinos a badalar
Por entre as nuvens brancas e tímidas brilha o sol intenso
Os espigos do trigo dourado e os medronheiros do pomar
Salpicam este quadro magnífico – eis que me convenço
Na hora da despedida é aqui mesmo que eu vou ficar
Amantes Do Mar
Amantes do mar, sei que sonhais em conquistar
Este lençol de cristal que envolve as nossas terras
Assombradas pela música do seu suspiro
E pelos mais belos encantos desejais vaguear
Desejais o mar e a sua força enfrentando a sua cólera
Desejais a paz que dele emane, mergulhando nas suas profundezas
E rodeados de incertezas, contemplam-no ondear
Ninguém sabe o quanto amais este mar
Apaixona corações e seduz os homens
Satisfaz a alma e nutre o sonho
Cenário de profundas agitações
Arrasta no seu tormento
Numa onda de fúria
O aventureiro inexperiente!
Amantes do mar: Temam o seu poder!
Foi de um eterno choro que nasceu este elemento…
Dornes
Pedaço de terra que se atreve a desafiar o rio
Do alto da Torre templária, como é magnífica
Por Dornes ensolarada nesta tarde quente vadio
(Tem sido meu refúgio segredo, aqui fica a dica)
Quis atravessar o rio numa canoa com remos
E por um Zêzere calmo flanar despreocupada
Como é bom cá estar naqueles verões amenos
E desfrutar de Bons Maridos na esplanada
Por entre vales sinuosos Dornes resplandece
É a aldeia onde me escondo quando tanto preciso
O resto do ano recordo com um grande sorriso
Este cantinho onde amar é o que mais apetece
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