Uma esposa perfeita. Julia James

Uma esposa perfeita - Julia James


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a observá-la, embora ela se recusasse a fazê-lo. Não se atrevia.

      O seu coração acelerou, como se tivesse recebido uma injeção de adrenalina. Estava habituada a ser observada, mas não a reagir dessa forma.

      Olhou para Toby com urgência. O familiar e afável Toby, com o seu rosto bochechudo e a sua figura gorda. Em comparação com o homem que a observava, o pobre Toby Masterson parecia mais incongruente do que nunca.

      Diana desviou o olhar, com o coração apertado. Conseguiria mesmo casar-se com ele só porque era rico?

      Mas se não fosse Toby, quem podia ser? Quem salvaria Greymont?

      «Onde posso encontrá-lo e quanto tempo demorarei a fazê-lo?»

      Estava a ser mais difícil do que pensara e o tempo acabava…

      Quando finalmente acabaram os discursos, o ambiente na sala animou-se e os convidados começaram a misturar-se. Nikos estava a falar com o anfitrião e apontou para a mulher que despertara o seu interesse. A donzela de gelo.

      – Quem é a loira?

      – Não a conheço, mas está com o Toby Masterson, do Banco Masterson Dubrett. Queres que ta apresente?

      – Porque não?

      Nada na sua inspeção breve indicava que a acompanhante fosse mais do que isso, uma impressão que foi confirmada quando os apresentaram.

      – Toby Masterson, Nikos Tramontes, da Financeira Tramontes. O Nikos tem interesses em muitos negócios. Talvez algum possa interessar-te e vice-versa – disse o anfitrião, antes de os deixar sozinhos.

      Nikos conversou com Masterson durante uns minutos sobre assuntos anódinos que só interessariam a um banqueiro londrino e, depois, olhou para a sua acompanhante.

      A donzela de gelo não estava a olhar para ele. Fazia um esforço para não olhar para ele e alegrou-se. As mulheres que mostravam interesse por ele aborreciam-no. Nadya fizera-se de difícil porque conhecia o seu próprio valor como uma das mulheres mais bonitas do mundo, cortejada por muitos homens. Contudo, não achava que a donzela de gelo estivesse a jogar esse jogo. Não, a sua reserva era genuína.

      E isso aumentou o interesse por ela.

      – Diana, apresento-te o Nikos Tramontes.

      Viu-se obrigada a olhar para ele, sem expressão nos seus olhos cinzentos. Estudadamente sem expressão.

      – É um prazer, senhor Tramontes – cumprimentou, com o tom frio das famílias inglesas de classe alta e o sorriso mais breve de cortesia.

      Nikos esboçou um sorriso igualmente amável.

      – Como está, menina…?

      – St. Clair – apressou-se a dizer Masterson.

      – Menina St. Clair.

      A sua expressão era gelada, mas, no mais profundo dos seus olhos cinzentos-claros, pareceu-lhe ver um véu repentino, como se estivesse a esconder-se da sua inspeção. Isso era bom, pensou. Demonstrava que, apesar da sua expressão glacial, era recetiva.

      Satisfeito, continuou a conversar com Toby Masterson sobre as últimas manobras de Bruxelas e o estado da economia grega.

      – Isso afeta-o? – perguntou Masterson.

      – Não, apesar do meu apelido, a sede da minha empresa é no Mónaco. Tenho uma casa em Cap Pierre – explicou Nikos, olhando para Diana St. Clair. – Gosta do sul de França, menina St. Clair?

      Era uma pergunta direta a que tinha de responder. Tinha de olhar para ele.

      – Não costumo sair de Inglaterra – limitou-se a dizer.

      Viu-a a pegar no copo e a levá-lo aos lábios, para não ter de continuar a falar, mas a sua mão tremia ligeiramente enquanto voltava a pousá-lo na mesa e Nikos disfarçou um sorriso. O gelo não era tão grosso como ela queria dar a entender.

      – Os St. Clair têm uma propriedade espetacular no campo, em Hampshire. Greymont – informou Masterson. – Uma mansão do século XVIII.

      «Ah, sim?»

      Nikos olhou para ela com um interesse renovado.

      – Conhece Hampshire? – perguntou Toby Masterson.

      – Não, não conheço – respondeu ele, sem parar de olhar para Diana St. Clair. – Disse que se chama Greymont?

      Pela primeira vez, viu um brilho de emoção nos seus olhos, um brilho que pareceu atravessá-lo e que lhe disse, com toda a certeza, que havia uma mulher muito diferente por trás da fachada de gelo, uma mulher capaz de sentir paixão.

      O brilho desapareceu um segundo depois, mas deixou um resíduo que, por um instante, lhe pareceu uma faísca de desconsolo.

      – É verdade – murmurou ela.

      Nikos tomou nota. Poderia ter mais informação sobre ela no dia seguinte. Diana St. Clair, de Greymont, em Hampshire. Que tipo de lugar seria? Que tipo de família eram os St. Clair? E que outro interesse poderia ter Diana, para além do desafio delicioso de fundir a donzela de gelo?

      Era muito bonita e gostaria que se derretesse entre os seus braços, na sua cama… mas poderia ser mais do que uma aventura breve?

      A sua investigação revelaria se era assim.

      Por enquanto, despertara o seu interesse e sabia com toda a certeza que ela também estava interessada, embora tentasse disfarçar.

      Despediu-se pouco depois, sugerindo um futuro encontro para falar de negócios numa data indeterminável.

      Enquanto se afastava, estava de bom humor. Com ou sem um interesse mais profundo por ela, a donzela de gelo estava prestes a ser dele. Mas ainda não decidira em que termos.

      Começou a pensar qual seria o passo seguinte…

      Capítulo 2

      Diana entrou no táxi e deixou escapar um suspiro de alívio. Finalmente a salvo.

      A salvo de Nikos Tramontes e do impacto poderoso e inquietante do seu olhar. Um impacto a que não estava habituada e que a perturbara profundamente. Fizera o possível para o ignorar, mas um homem tão atraente não estaria habituado a desprezos, estaria habituado a conseguir sempre o que queria das mulheres.

      «Mas não de mim, porque não tenho o menor interesse nele.»

      Diana abanou a cabeça, para afastar a imagem perturbadora do estranho. Tinha coisas mais importantes com que se preocupar porque agora sabia, resignada, que não podia casar-se com Toby.

      Mas que outra solução havia para salvar o seu lar amado?

      Durante os dias seguintes, em Londres, a situação piorou. O banco negou-lhe um empréstimo e as casas de leilões confirmaram que não restava nada que valesse a pena vender. De modo que, quando Toby lhe ligou para a convidar para a ópera, recebeu o convite com pouco entusiasmo.

      A nota suplicante no tom de Toby suavizou o seu coração e, contrariada, aceitou o convite para ir a uma representação de Don Carlos de Verdi.

      No entanto, quando chegou a Covent Garden, desejou tê-lo rejeitado.

      – Lembras-te do Nikos Tramontes, não é? – perguntou Toby. – É o nosso anfitrião esta noite.

      Diana tentou disfarçar a sua consternação. Tinha tantos problemas que conseguira esquecê-lo e a reação estranha que causara nela, mas ali estava novamente, tão perturbadoramente atraente como há alguns dias.

      Estava com outro homem e depressa reconheceu o homem que os apresentara durante o jantar. Com ele, estava a sua esposa, Louise Melmott, que se afastou com ela quando os homens começaram a falar de negócios.

      – Ena, ena… – disse, num tom de cumplicidade, olhando com admiração


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