Apenas negócios? - O segredo de alex. Maureen Child
curioso… algo que Jamie lhe tinha emprestado com total despreocupação e ela tratava-o como se fosse o vestido mágico da sua fada madrinha.
Felizmente, aquele vestido não tinha desaparecido à meia-noite.
Apesar das suas turbulentas emoções, Emma teve de sorrir.
Depois de vestir umas calças de ganga e uma camisola, guardou o resto das coisas numa mala. Até ao seu encontro com Nathan tinha pensado em ficar a dormir ali, mas depois do que tinha estado a ponto de acontecer outra vez, precisava de tempo para pensar e as quatro horas e meia até Houston seriam uma oportunidade estupenda para o fazer.
Não se preocupava com a possibilidade de adormecer ao volante. Não tinha bebido álcool e, depois do seu encontro com Nathan, a descarga de adrenalina mantê-la-ia acordada.
Sentindo-se como uma ladra, desceu ao primeiro andar colada à parede para que ninguém a visse. Então lembrou-se dos seus brincos no bolso de Nathan… sair de sua casa com os bolsos vazios quando tinha chegado com eles cheios deixava claro que a ladra não era ela.
Só quando entrou na estrada iluminada pela lua é que a pressão do seu peito diminuiu. Custasse o que custasse, teria esses cem mil dólares antes do dia de São Valentim. Demonstraria ao seu pai que era capaz de cuidar de si mesma e Nathan Case teria de encontrar outra forma de fazer acordos com Silas Montgomery.
– Não está aqui? Quando é que se foi embora? – perplexo, Nathan olhou para o salão que umas horas antes estava cheio com centenas de convidados.
A empregada negou com a cabeça.
– Não tenho a certeza.
– Nathan! – chamou Cody Montgomery, que descia nesse momento pelas escadas. – Que raio fazes aqui?
A empregada afastou-se enquanto Nathan apertava a mão ao seu amigo.
– A tua irmã combinou tomar o pequeno-almoço comigo esta manhã.
– Tens a certeza? O meu pai disse-me que ela tinha regressado a Houston ontem à noite.
– Sim, tenho a certeza – Nathan exalou um suspiro de frustração. Tinha voltado a desaparecer. Devia ter feito caso ao seu instinto na noite anterior e tê-la convencido a voltar ao hotel com ele. – Tínhamos de falar.
– Sobre o quê? Vão marcar uma data para o casamento? – Cody soltou uma gargalhada. – O meu pai disse-me que vocês vão casar. Francamente, jamais pensei que algum dia admitirias que estás louco pela minha irmã desde os dezasseis anos.
Nathan apertou os dentes enquanto o seu melhor amigo se ria dele.
– Eu não diria isso.
Cody franziu a sobrancelha.
– Mas estás apaixonado por ela, ou não?
Essa pergunta não o surpreendeu. Depois de cinco anos de casamento, Cody e Jamie continuavam loucos um pelo outro e estavam à espera do primeiro filho. Nathan não sabia que tipo de água bebiam aqueles dois, mas ele pensava continuar com o uísque.
– Já sabes o que penso sobre o amor – disse. Ele não pensava cair nessa esparrela. – A mim não me vai apanhar.
– Mas vais casar-te – insistiu Cody, agarrando-o pelo braço para o levar para o alpendre. – A Emma sabe que não estás apaixonado por ela?
Nathan não ia mentir ao seu amigo:
– Sim, sabe.
– Não posso acreditar que a minha irmã esteja de acordo.
– Porquê?
– Depois de ver como o casamento do nosso pai e da mãe dela se degradava, a Emma estava decidida a casar-se só por amor.
Cody tinha-lhe contado que, na sua opinião, a terceira esposa de Silas Montgomery se tinha casado com ele por razões económicas.
– Acostumar-se-á à ideia.
– Não, não acredito. A Emma está louca por ti desde que era uma criança, mas tem esse sonho romântico de conto de fadas. Não vai casar-se a menos que ache que estás louco por ela.
– Tem um pouco de fé no meu poder de persuasão – disse Nathan, com um sorriso nos lábios.
Mas o sorriso desapareceu enquanto ia para o seu carro. As palavras de Cody repetiam-se no seu cérebro quando as rodas do potente BMW voavam sobre a autoestrada.
Amor.
Emma não se casaria a menos que fosse por amor. Mas ele não se casaria por amor, de modo que tinham um problema.
Não sabia quando tinha decidido que nunca tomaria esse caminho. Tinha sido nessa manhã de Natal, quando perguntou porque é que o seu pai não passava o Natal com eles e a sua mãe desatou a chorar?
Tinha oito anos.
Ou talvez quando fez dez anos e a mulher de Brandon Case tinha aparecido em sua casa para conhecer a lambisgoia com quem o seu marido tinha uma aventura. No dia seguinte, a sua mãe tinha-lhe dado uma bofetada quando disse que odiava o seu pai e queria que apodrecesse no inferno.
O amor destruía a vida das pessoas. Fazia com que criassem expetativas irreais e as expetativas levavam à desilusão, a desilusão à infidelidade e a infidelidade ao divórcio… exceto Cody, todos os seus amigos enganavam as suas esposas ou ao contrário. E todos tinham começado loucamente apaixonados.
Estava a uma hora de Dallas quando tocou o seu telemóvel.
– Estou – respondeu, pondo em alta voz.
– Olá, Nat, como foi tudo?
Ao ouvir a voz de Max, Nathan conteve um suspiro. Pelo tom, estava claro que o seu meio-irmão esperava que tivesse fracassado.
– Correu bem.
– Assinaste o acordo com Montgomery? – a voz de Max perdeu a alegria.
Se os seus meios-irmãos descobrissem a condição que Silas tinha imposto para esse acordo, Nathan teria que dar muitas explicações. Mas pensava consegui-lo sem contar a ninguém.
– Tenho de solucionar alguns problemas de última hora, mas eu diria que a coisa tem boa pinta – Nathan relaxou as mãos sobre o volante.
Tinha passado quase um ano no circuito de torneios de póquer aos vinte anos, aprendendo a esconder os seus pensamentos e adivinhar os dos demais. Além de ganhar a dois dos melhores jogadores do país, ganhara meio milhão de dólares e o que aprendeu durante esse tempo tinha sido muito valioso para lidar com os seus meios-irmãos nos últimos meses. Sobretudo, tinha aprendido a não deixar que ninguém o visse suar.
– Mas ainda não assinaste – insistiu Max.
Nathan apertou os dentes. Só o irmão do meio dos Case podia ser tão assertivo.
– Como já disse, só faltam alguns detalhes para dar por finalizada a negociação.
– Mas tinhas a certeza de que voltarias com o acordo assinado. Montgomery não ficou impressionado com a tua proposta?
Nathan suspirou. Os seus meios-irmãos tinham aprendido a fazer negócios nos escritórios do mundo empresarial; ele tinha tido que fazê-lo por sua conta. Ganhara a fortuna na Bolsa, investindo capital em empresas de risco, mas por mais legítimos que fossem os seus investimentos, Max e Sebastian negavam-se a dar-lhe crédito por ter uma boa cabeça para os negócios. Não podiam esquecer que a sua fortuna tinha começado nos campeonatos de póquer.
– O Silas está a comprovar os números, mas dar-me-á a sua resposta em seis semanas – disse por fim.
No dia de São Valentim. Nathan não tinha entendido a importância dessa data até que Emma lho explicou.
– Tanto tempo? Com certeza está tão preocupado com o risco como eu e o Sebastian. Duzentos milhões é muito dinheiro. Se te enganares, podemos perder tudo.
Quando