O beijo da inocência - Calor intenso. Brenda Jackson

O beijo da inocência - Calor intenso - Brenda Jackson


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pensaria que faziam um casal perfeito. Era uma mulher de bom coração que preferia passar o tempo na sua fundação para proteção dos animais do que nos conselhos de administração dos Hotéis Copeland. Se alguma vez descobrisse a verdade, não reagiria bem. E não poderia culpá-la. Devon odiava a manipulação, e zangar-se-ia muito se alguém lhe fizesse o que ele ia fazer-lhe.

      – Velho estúpido – murmurou.

      O condutor deteve-se à frente do edifício de apartamentos em que vivia todo o clã Copeland. William e a sua esposa ocupavam a cobertura e Ashley mudara-se para um apartamento mais pequeno noutro andar. Pelo meio, viviam outros membros da família, de primos a tios.

      A família Copeland parecia estranha para Devon. Tornara-se independente aos dezoito anos e a única coisa que recordava dos pais era o aviso para não se meter em sarilhos.

      Toda a devoção que William mostrava pelos seus filhos parecia-lhe estranha e incomodava-o. Sobretudo desde que William decidira tratar Devon como filho, agora que ia casar-se com Ashley.

      Devon ia a sair quando viu Ashley a correr para a porta, com um rasgado sorriso nos lábios e o olhar cintilante ao vê-lo. Ele apressou-se a chegar junto dela.

      – Ashley, deverias ter ficado dentro de casa – disse, franzindo o sobrolho.

      Ela respondeu rindo-se. As suas gargalhadas eram um laivo de frescura no meio do barulho do trânsito. Tinha o cabelo loiro solto, sem o gancho que costumava usar. Segurou-lhe as mãos e apertou-as enquanto lhe sorria.

      – Ora, Devon, que me pode acontecer? Alex está aqui e está mais atento a mim do que o meu próprio pai.

      Alex, o porteiro, sorriu para Ashley. Devon suspirou e abraçou Ashley pela cintura.

      – Deverias esperar-me lá dentro e deixar que fosse eu a ir-te buscar. Alex não pode cuidar de ti. Tem outros deveres.

      – Para isso estás cá tu, tolo. Não acredito que alguém me possa fazer mal estando ao teu lado.

      Antes que ele pudesse responder, uniu os seus lábios aos dele. Aquela mulher não sabia controlar-se. Estava a armar um espetáculo.

      Ainda assim, o seu corpo reagiu à paixão daquele beijo. Era doce e inocente. Sentia-se como um monstro por causa da farsa em que estava a participar. Mas então lembrou-se que, por fim, os Hotéis Copeland seriam seus.

      Lentamente, afastou-se.

      – Este não é sítio para isto, Ashley – repreendeu-a. – Temos que ir. Carl está à nossa espera.

      Ficou séria e durante uns segundos a sua expressão tornou-se triste, mas depressa voltou a animar-se, exibindo um alegre sorriso.

      Devon acomodou-se no banco traseiro, junto a Ashley, e ela, logo em seguida, aninhou-se ao seu lado.

      – Onde vamos jantar hoje? – perguntou ela.

      – Preparei algo especial.

      – O quê? – atirou, lançando-se sobre ele.

      – Já vais ver.

      Ouviu o seu suspiro de desespero e o sorriso de Devon aumentou. Uma coisa a favor de Ashley era ser muito fácil de contentar. Estava habituado a mulheres que protestavam quando não se cumpriam as suas expectativas. Infelizmente, as mulheres com quem costumava estar tinham elevadas e caras expectativas. Ashley parecia contentar-se com qualquer coisa. Estava certo de que o anel que escolhera lhe agradaria.

      Ela aninhou-se ao lado dele e apoiou a cabeça no seu ombro. As suas espontâneas mostras de afeto continuavam a incomodá-lo. Não estava acostumado a pessoas tão diretas. Depois de se casarem, dir-lhe-ia que contivesse um pouco o entusiasmo.

      Uns minutos mais tarde, Carl parou no edifício de Devon e saiu para abrir a porta. Devon saiu e ofereceu a mão a Ashley para ajudá-la.

      – Esta é a tua casa – comentou ela, arqueando uma sobrancelha.

      – É sim. Vamos, o jantar espera-nos.

      Passou junto a ela pela porta e dirigiram-se para o elevador. Subiram e a porta abriu-se para o átrio do seu apartamento. Para sua satisfação, tudo corria como planeado.

      A iluminação era ténue e romântica. Ouvia-se um jazz de fundo e a mesa estava preparada junto à janela, olhando para a cidade.

      – Oh, Devon! Isto é perfeito.

      Uma vez mais jogou-se nos seus braços e abraçou-o. De cada vez que o abraçava, sentia uma estranha sensação no peito. Soltou-se do abraço e levou-a até à mesa. Afastou-lhe a cadeira e depois abriu a garrafa de vinho e serviu dois copos.

      – A comida continua quente! – exclamou ela, tocando no seu prato. – Como conseguiste?

      – Com os meus superpoderes – respondeu ele, sorrindo.

      – Gosto da ideia de um homem com superpoderes para cozinhar.

      – Uma pessoa ajudou-me enquanto te fui apanhar.

      Ela enrugou o nariz.

      – És muito antigo, Devon. Não era preciso ires-me buscar se era para passarmos a noite no teu apartamento. Podia ter apanhado um táxi ou ter pedido ao motorista do meu pai que me trouxesse.

      Devon pestanejou, surpreendido. Antigo? Já lhe tinham chamado muitas coisas, mas antigo nunca.

      – Um homem tem de estar atento às necessidades da sua rapariga. Foi um prazer ir buscar-te.

      Ela corou e os seus olhos brilharam.

      – Sou?

      – Se és o quê? – perguntou ele, pondo a cabeça de lado enquanto deixava o copo de vinho na mesa.

      – A tua rapariga.

      Nunca se tinha considerado um homem possessivo, mas agora que decidira torná-la sua esposa, descobrira que o era.

      – Sim, e antes do fim da noite, não te restará qualquer dúvida de que me pertences.

      Ashley sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo. Como se ia concentrar no jantar após tal afirmação? Devon ficou a olhar para ela do outro lado da mesa como se fosse saltar a qualquer momento.

      Sentia-se como uma prisioneira. Era uma sensação deliciosa, até ameaçadora. Estava desejosa de que chegasse o momento em que Devon daria um passo em frente na relação.

      Desejava-o, ao mesmo tempo que o temia. Como estar à altura de um homem que era capaz de seduzir uma mulher apenas com um toque e um olhar? Fora sempre um cavalheiro durante todo o tempo de namoro. Ao princípio, só lhe dera beijos inocentes, mas com o tempo tinham-se tornado mais apaixonados.

      Outro arrepiou percorreu-a por causa desses pensamentos. Teria planeado torná-la sua naquela noite?

      – Não vais comer? – perguntou-lhe Devon.

      Uma vez mais, ficou a olhar para o prato. Sentia a boca seca e estremeceu de expectativa. Moveu a gamba com o garfo para molhá-la no molho e, lentamente, levou-a aos lábios.

      – Não és vegetariana, pois não?

      Ela sorriu ao ver a sua expressão, como se a ideia acabasse de ocorrer-lhe. Meteu a gamba na boca e mastigou-a enquanto voltava a deixar o garfo. Depois de engoli-la, segurou-lhe na mão.

      – Preocupas-te demasiado. Se fosse vegetariana, já te teria dito. Muita gente pensa que não como carne por causa da minha ligação à associação de proteção de animais – disse ela e, ao ver a expressão de alívio de Devon, sorriu de novo. – Como frango e peixe. Não gosto muito de porco e menos ainda de vitela, foie gras ou coisas desse estilo. A ideia de comer fígado de pato dá-me a volta ao estômago.

      – Terei em conta as tuas preferências culinárias para não tas servir – disse ele com solenidade.

      – Sabes uma coisa, Devon? – disse, sorrindo. – Não és tão arrogante como as pessoas pensam. Na verdade,


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