O conde de castelfino - Paixões mediterrâneas. Christina Hollis
a pensar em renegociar os termos do teu contrato, pois não?
O seu olhar dizia-lhe que estava a recordar o beijo e Meg reagiu, ficando corada. Embora soubesse que nunca conseguiria livrar-se da tentação.
– Enquanto viver na propriedade Castelfino, não estou interessada em nada que não seja o trabalho – disse-lhe, olhando pela janela. – Quando te disse que tinha vindo trabalhar para aqui porque o teu pai me tinha oferecido o cargo, tu olhaste-me como se fosse uma caçadora de fortunas. Que ilusões poderia ter com um homem que trata assim uma empregada?
– É uma pena que não haja mais mulheres que pensem como tu. As mulheres que conheço só estão interessadas em casar-se com um homem rico, mas eu não pretendo uma mulher como a que arrasou a vida do meu pai. Neste momento, tenho o orgulho de dizer que não sou dos que se casam.
– Espero que não o tenhas dito a raparigas inglesas. No meu país, essa expressão tem um significado do qual não gostarias nada – brincou Meg.
– De qualquer forma, quando uma mulher está comigo sabe que sou um homem a cem por cento.
Gianni virou a cabeça para olhar para ela, um olhar carregado de intenção, e Meg teve de fazer um esforço para disfarçar o seu nervosismo.
Mas então viu que um tractor se dirigia para eles e gritou:
– Gianni, cuidado!
– Inferno! Achas que me arriscaria a ter um acidente agora? – perguntou ele. – Com um carro novo? – acrescentou rapidamente, antes que Meg pudesse ler qualquer outra intenção nas suas palavras.
Gianni decidiu deixá-la na loja mais próxima, assim que chegaram a Florença. Sem prestar atenção às buzinadelas dos carros à sua volta, parou o Ferrari e saiu para lhe abrir a porta.
– Quanto devo dar-te de gorjeta? – brincou ela.
– Pô-lo-ei na conta.
Quando lhe agarrou a mão para a beijar, Meg ficou sem palavras. Se não tivesse voltado a entrar no carro a toda a pressa, ter-se-ia atirado nos seus braços ali mesmo. Espantada, ficou na calçada, a ver como o Ferrari desaparecia entre o trânsito da cidade.
Ter uma tarde livre para escolher um vestido nas lojas mais caras do mundo era uma coisa, que Gianni beijasse a sua mão como tinha feito em Chelsea era um sonho que nunca pensara que pudesse repetir-se. Sentia-se dez centímetros mais alta e inclusive começava a entusiasmar-se com a ideia de ir às compras.
Aquele homem fazia milagres.
Para Meg, ir às compras era, em geral, uma tortura, mas aquilo era completamente diferente. Naquele dia, tinha instruções de Gianni Bellini para comprar uma coisa de que gostasse realmente… Enquanto ele pagava a conta. Normalmente, entrava numa loja e comprava a toda pressa qualquer coisa que lhe parecesse adequada, mas, naquele dia, demorou o seu tempo, desfrutando do sol vespertino. Ainda sentia o toque dos lábios de Gianni na mão e só havia uma nuvem escura no horizonte: a vergonha pela qual poderia passar quando entrasse naquelas lojas tão luxuosas.
E demorou algum tempo a ganhar coragem para empurrar a porta da primeira boutique. Quando ia a entrar, uma jovem elegante e magra estava a sair da loja, carregada de sacos. Meg afastou-se, mas alguém a chamou do interior:
– Menina Imsey?
Atónita, Meg viu uma mulher a segurar a porta.
– Como sabia que era eu?
– O conde de Castelfino acabou de telefonar a dizer-nos que viria. Entre, por favor, aí fora faz muito calor.
Meg sentiu-se imediatamente como em casa, apesar das marcas famosas, e foi quase uma desilusão encontrar o vestido perfeito em poucos minutos. Era azul-claro, sem mangas, com um bolero a condizer.
A mulher ajudou-a a escolher uns sapatos de seda, com um salto vertiginoso, e garantiu-lhe que os forrariam com o mesmo tecido do vestido. Vendo-se ao espelho, Meg ficou maravilhada com a transformação. Sentia-se uma nova mulher. Era espantoso, aquele vestido fazia-a parecer mais magra e dava-lhe uma confiança que nunca tinha tido.
Jamais teria sonhado que pudesse ficar tão elegante e, pela primeira vez, gostou de se ver ao espelho. Em vez de ver a festa de Gianni como uma tortura, começava a desejar que chegasse o dia.
Aproveitando essa nova confiança, anunciou que levava o vestido, o bolero e os sapatos… Tudo colocado na conta do conde de Castelfino.
A mulher abanou a cabeça.
– Não, ainda não, menina. Tenho instruções de lhe perguntar quantas lojas visitou até agora, antes de lhe vender alguma coisa.
– Esta foi a primeira – respondeu Meg, embora desejasse não o ter feito, porque outra empregada lhe tirou o vestido das mãos.
– Não se preocupe, nós guardamo-lo – a mulher que a tinha atendido sorriu. – Mas, conhecendo o conde de Castelfino, é melhor seguir as suas instruções.
Meg não conseguia acreditar, mas a única coisa que queria era voltar para a propriedade para trabalhar. Era o único sítio naquela terra estranha onde se sentia cómoda. Ela sabia tudo sobre plantas, mas ir às compras era um mistério que, por falta de dinheiro, nunca tinha podido investigar. Felizmente, era Gianni quem pagava a conta.
– Isso significa que tenho de visitar todas as lojas da lista? – murmurou, olhando para o papel que tinha na mão.
– Talvez não seja assim tão mau – a mulher riu-se.
E aquela frase devolveu-a à realidade.
– Sim, claro, quem me ouvir a queixar-me pensará que é um trabalho muito difícil – Meg sorriu. – Se a única coisa que tiver de fazer para lhe agradar for ver vestidos, não demorarei tempo nenhum.
As coisas não correram exactamente como Meg tinha imaginado. Entrou e saiu da segunda loja a toda a velocidade, mas, à medida que fazia progressos na lista, as visitas eram mais longas. Embora não tivesse encontrado nada tão perfeito como o vestido azul, a verdade era que começava a divertir-se.
Todas as empregadas eram atenciosas com ela, como se fosse uma pessoa importante. Ofereceram-lhe sandes, champanhe, água mineral de todas as marcas, café… e experimentar a roupa começou a ser divertido. Meg aprendeu que as roupas de boa qualidade eram uma coisa de que se devia desfrutar e apreciar, e não uma coisa que se pudesse vestir e despir, como nas lojas baratas.
E, quando chegou à última loja, descobriu, surpreendida, que não queria ir-se embora.
Mas, finalmente, depois de vários cafés e cantuccini, voltou para trás, para comprar o vestido ideal.
Tinha combinado com Gianni na Ponte Vecchio e ele já estava ali, a falar ao telemóvel, mas, assim que a viu, interrompeu a chamada e aproximou-se dela, com um sorriso nos lábios.
– Não demoraste tanto como eu pensava.
Meg estava convencida de que não poderia ter mais calor, mas o brilho dos seus olhos provocou-lhe um incêndio. Estava muito bonito. O contraste entre a sua pele morena e o branco da camisa sempre lhe tinha parecido muito atraente e, naquele dia, além disso, tirara a gravata e desabotoara os dois primeiros botões, deixando ver os pêlos escuros do seu peito.
O pulso de Meg acelerou e teve de fazer um esforço para disfarçar.
– Não te preocupes, Gianni. Já tenho tudo para a festa, exactamente como tu querias. E muito obrigada – disse-lhe. – O mais curioso é que encontrei tudo na primeira loja. Enviá-lo-ão para a propriedade assim que tenham feito alguns pequenos arranjos. Mas, enfim, voltemos para a villa. Estou desejosa de chegar a casa, de tirar as botas e…
Meg ficou calada, apercebendo-se então de que não tinha parado de falar.
– Mulheres! – Gianni riu-se. – Se estiverem em casa, querem ir às compras e, quando vão às compras, só querem voltar para casa. São todas iguais – acrescentou, com uma