Novos Começos Encantados. Brenda Trim
sustentar as proteções no lugar.
Um milhão de pensamentos e perguntas se embolaram na minha mente de uma vez só. O que ela quis dizer com a vovó ainda estava por perto? E, que poder? Eu não conseguia decidir qual pergunta fazer primeiro, então eu fui para a cozinha e peguei o pote de chá do armário. Depois de encher a chaleira com água, a coloquei para ferver.
Respirei fundo, virei-me e vi que Aislinn tinha me seguido e estava sentada na ilha como eu costumava fazer quando criança. — Certo, Você vai ter que me explicar isso lentamente. Sei que algo está acontecendo aqui, mas fantasmas não existem. Certo? Mas o que quer que seja, eu quero entender.
Aislinn sorriu e balançou a cabeça. — Eu provavelmente não sou a melhor pessoa para explicar tudo isso, mas darei o meu melhor. Violet está na livraria ou eu ligaria para ela para me ajudar. Você sabe que a magia existe, certo? E, que você possui magia.
— Não… não existe. — A parte científica de mim falou. Eu queria rir da cara dela e fingir que aquilo não passou de uma brincadeira antes de pedir à senhora louca para sair. Mas eu me forcei a realmente considerar suas palavras. — Desde que me mudei para cá, não tenho tanta certeza de que estou certa quanto a isso. Coisas que eu não consigo explicar continuam acontecendo.
Ela tinha que estar errada. Eu não passo de uma viúva comum de meia-idade. Me lembrei de algo de quando eu era criança. A menos que minha memória estivesse pregando peças em mim minha avó costumava acender velas com um estalar de dedos. E então houve a vez que ela fez a lagoa ficar da cor turquesa. Por muito tempo acreditei que ela era uma bruxa. Então comecei o ensino médio, fui para a faculdade e percebi que ela tinha usado algum tipo de corante para mudar a cor.
— Sua avó era uma das bruxas mais fortes da nossa cidade. Ela superava qualquer outra pessoa e todos esperamos que você também. Embora, admito que alguns assumiram que você não é nada mais do que uma mundana já que não mostrou nenhuma habilidade ou produziu poções para vender em Fogueiras e Fogões.
Peguei duas canecas e coloquei os saquinhos de chá nelas. — Vovó não era nada mais do que uma normal, mas excêntrica, avó. O que é Fogueiras e Fogões? E o que você quer dizer com poções? Não sou muito a favor de remédios caseiros. Estou firmemente do lado da medicina moderna. Embora eu admita que muitas plantas têm propriedades curativas e são usadas em muitos medicamentos.
Aislinn riu e balançou a cabeça. — Uma coisa de cada vez. Primeiro, você já fez algo estranho ou fez algo acontecer quando você estava com raiva ou com medo?
Eu pausei o turbilhão de pensamentos que estava tendo e considerei sua pergunta. Não havia verdade no que ela estava dizendo. Ou havia? — Explodir pneus conta? — Meu tom era provocante quando escolhi um fenômeno irrealista, quando me dei conta que a razão pela qual escolhi esse exemplo muito peculiar foi por causa de um incidente que eu não consegui explicar na época da faculdade.
Aislinn arqueou uma sobrancelha enquanto sorria para mim. — Agora que você tem que explicar.
A chaleira começou a assobiar e eu derramei a água quente nas canecas e depois entreguei-lhe uma. Adicionei três colheres de açúcar e um pouco de leite enquanto tentava lembrar de tudo e silenciar a negação gritando em minha cabeça.
— Quando eu estava na faculdade havia essa garota que morava no meu dormitório. Ela acreditava que o mundo deveria girar em torno dela. Um dia ela pediu ao meu marido Tim, só que ele não era meu marido na época, para encontrá-la no restaurante onde ela trabalhava e levá-la para dançar depois do turno. Ela não sabia que eu estava ouvindo do meu carro que estava estacionada há duas vagas de distância dela. Estava tão brava que desejei que o pneu dela furasse e ela faltasse ao trabalho. Para minha surpresa alguns segundos depois o pneu do lado que ela estava encostada estourou, fazendo ela cair de bunda no chão.
Aislinn estava rindo no final da minha explicação. — Isso foi definitivamente magia. Pneus não explodem assim do nada. Você fez isso acontecer. Parece que herdou a magia da sua avó no final das contas. Eu tinha razão. E o resto do que aconteceu esta manhã é provavelmente porque você acabou de ser nomeada como a nova Guardiã. Mas não deve ser só isso. Ou eu não teria sentido o fluxo de antes.
— Guardiã? Do que diabos você está falando? — Eu estava rapidamente chegando ao meu limite. Eu não queria ficar chateada com a única outra pessoa na cidade que falava comigo, mas eu odiava ser feita de tola.
Abri minha boca para dar uma boa tirada nela por me achar ingênua o bastante para acreditar na história da carochinha que ela acabou de contar, mas preferi fechar a boca e não falar nada. A energia borbulhando pelo meu corpo me dizia que ela estava certa. Ela efervescia como comprimidos antiácidos na água. Aquilo não era normal. E, nem você. Eu me encolhi ao ouvir aquela voz dentro da minha cabeça. Parecia muito com a da vovó.
— Como eu disse, não sou a melhor pessoa para explicar tudo isso, mas você é a Guardiã do portal. Sua família tem sido responsável por garantir que os Feéricos Sombrios não cruzem para este reino por mais de cem anos. Agora esse papel é seu.
Minha mandíbula despencou e meu coração parou por um segundo. Havia uma parte de mim que sabia que ela estava certa, mas minha mente científica se recusou a acreditar. Eu fiquei parada lá enquanto minha mente lutava contra si mesma. A parte de mim que me fez uma excelente enfermeira racionalizou que eu provavelmente bati minha cabeça e ainda estava inconsciente sofrendo de uma hemorragia cerebral. Que nada disso era real.
Uma parte escondida de mim subiu à superfície. Era algo que só surgia quando eu estava em Pymm's Pondside. Essa parte lembrou de todas as estranhezas feitas pela minha avó que eu tinha visto, além dos incidentes que ocorreram desde que eu assumi a casa.
Eu belisquei meu braço para ver se eu estava, de fato, acordada. — Ai! Ah meu Deus! Por isso fui atingida pela eletricidade depois que informei à casa que ela agora pertencia a mim e que ela não conseguiria me afastar. Embora, eu não tenho certeza se acredito em magia ou algo assim. Tudo isso é demais para mim.
Aislinn pegou o pote de biscoitos que eu mantinha no meio da ilha da cozinha e levantou a tampa. Pegando um biscoito de passas com aveia, ela deu uma mordida. — O que você quer dizer com isso é demais para você? Isidora nunca te contou nada? Como ela poderia deixá-la no escuro quando ela sabia que isso passaria para você?
Balancei a cabeça. — Então, magia existe? E Feéricos? São tipo como a Sininho?
A boca de Aislinn escancarou e ela balançou a cabeça de um lado para o outro. — Nem todos da nossa espécie se parecem com a Sininho. Eu sou uma Feérica. Bem, metade na verdade. E há todos os tipos de criaturas em nosso mundo. Duendes, pixies, ninfas, tanto de floresta quando de água, barghests, grimms, e muito mais. A propósito, foi uma pixie que se revelou para Walt Disney anos atrás que inspirou a Sininho.
Eu franzi meus lábios e estreitei os olhos. — Você é uma desses Feéricos? Suas orelhas são pontudas?
Aislinn terminou seu biscoito e esfregou as mãos. De pé, ela caminhou até a pia. — Na verdade sou. Não sou tão poderosa quanto um sangue puro, mas tenho algumas habilidades. E não, eu não tenho orelhas pontudas. Meu lado humano diluiu essa característica. — Ela estendeu a mão e tocou a ponta da babosa que estava meio morta quando cheguei. A coisa se ergueu e ficou verde vibrante instantaneamente. As hastes caídas e marrons não existiam mais.
Eu caí contra o balcão e mal consegui me segurar para não cair no chão de madeira pela segunda vez naquele dia. — O que diabos eu devo fazer com tudo isso? Isso é insano. Espere… — engasguei quando dei por mim e foi como ser atingida por uma tonelada de tijolos. — Todas as histórias da minha avó são verdadeiras! Não havia dúvida que se o que Aislinn estava dizendo era verdade, então minha avó estava me preparando a vida toda sem dizer diretamente. — Puta merda!
— Conhecendo Isidora, essas histórias foram realmente de experiências que ela teve. Eu adorava ouvir sobre todas as criaturas que ela tinha encontrado. Ela era infame por chutar a bunda de Feéricos e negar-lhes permissão para entrar