Nunca Desafie Uma Raposa. Dawn Brower
o mordomo. — Os aposentos ducais foram limpos e toda a roupa de cama substituída como o senhor especificou.
— Bom. — Ele não queria nenhum vestígio de seu tio deixado naquele quarto. Zach esperava que tivesse mais mudanças a fazer, mas ele não saberia o que isso implicaria até que examinasse os aposentos. — Agora, conhecerei a minha nova tia. Depois, gostaria que você me encontrasse no escritório do meu tio. Há muito para discutirmos.
— Como quiser, Vossa Graça. — Ele fez uma reverência. — Cuidarei de seus baús agora.
Zach assentiu e depois foi para o corredor para encontrar a esposa de seu tio. A risada ecoando da sala em que ela estava viajou pelo corredor. Elas pareciam estar se divertindo. Ele parou na entrada e olhou, encantado. Havia quatro moças loiras lá dentro, em uma faixa etária entre 15 e 20 anos, se ele arriscasse um palpite. Duas gêmeas idênticas, as mais jovens, presumiu ele, estavam sentadas na espreguiçadeira com outra de suas irmãs. A mais velha estava sentada serenamente em uma cadeira azul que quase combinava com a cor de seus olhos. Havia um brilho travesso naqueles oceanos que o atraía mais do que ele esperava. Todas as quatro eram adoráveis, mas a mulher solitária na cadeira… ele a achou de tirar o fôlego, mas isso não o ajudaria em nada.
Ele limpou a garganta. — Perdoe-me, mas qual de vocês teve a ousadia de se casar com um idoso?
Todas as quatro pararam de falar e olharam para ele com a boca aberta. Ah, bom, ele tinha captado a atenção delas…
Billie encarou o cavalheiro parado, parecendo todo taciturno, na entrada do salão e perdeu toda a capacidade de pensar. Ele tinha que ser o homem mais bonito que ela já teve o privilégio de pousar os olhos. Ele tinha cabelos castanhos, beijados pelo sol e que reluzia algumas mechas de ouro vermelho vivo. Seus olhos eram da mesma cor da grama em um dia quente de verão. O problema era que aqueles olhos verdes brilhantes estavam olhando para ela com nada além de desdém. Ele não gostava dela e ela não tinha ideia do porquê. Billie nem sabia quem ele era, mas ele parecia ter um problema com seu casamento recente. Isso só podia significar que ele… era o herdeiro. Ela tentou engolir enquanto um nó se formava em sua garganta. Seu estômago roncou e ela teve que resistir à vontade de levantar-se e andar pela sala para aliviar sua ansiedade crescente. — Creio que sou a pessoa que você está procurando. — Ela manteve seu tom leve e neutro. Ele pode ter invadido a sala com más intenções, mas ela não tinha que reagir da mesma maneira.
Ele entrou na sala e pegou uma xícara, em seguida, despejou chá nela. Ele bebeu o chá preto sem acrescentar nada a ele. Billie gostava do dela com ao menos um pouco de doce e quase se encolheu quando ele tomou um gole do chá puro. Ele colocou a xícara em um pires que segurava na mão e então a encarou. — Agora que bebi algo, podemos discutir sua situação.
— Perdão… — Ela olhou para ele, surpresa com suas palavras. — De que situação se refere? — Ele sabia o quanto ela estava desamparada quando se casou com o duque? Ele pretendia expulsá-la da casa? Não, ele não poderia. Ela era legitimamente a duquesa. Ninguém sabia que o casamento não havia sido realmente consumado e ela nunca admitiria isso. Os criados ou não estavam cientes de sua atual condição virginal, ou, caso soubessem, pareciam não se importar. Para eles, ela ainda era a duquesa e ela queria encorajar esse comportamento tanto quanto possível. O bem-estar de sua família dependia disso.
— Você não pertence a esta casa e você está bem ciente desse fato. — Ele tomou outro gole de chá. Em seguida, gesticulou em direção às irmãs de Billie. — Parece que você mudou a família inteira para a minha casa. O que para mim não dará certo.
— Meu marido concordou que eles poderiam morar aqui — disse ela austeramente.
— Seu marido — começou ele. — Está morto. Esta não é mais a propriedade dele.
Ela abriu e fechou a boca várias vezes. O gesto estava se tornando um péssimo hábito. Ele continuava dizendo coisas terríveis. O homem não sabia falar de outra forma senão com tamanha franqueza? — Isso é verdade, eu suponho… — Parte dela estava começando a entender por que o velho duque não queria que este homem herdasse seu título. Ele era rude e arrogante.
— Bom — disse ele, colocando o chá e o pires na mesa. — Então estamos de acordo. Você fará as malas e partirá antes do escurecer.
— O que? — disseram suas três irmãs de uma só vez.
— Você não pode fazer isso — disse Billie a ele. Ela tinha que fazê-lo entender que eles não tinham para onde ir. Certamente ele não poderia ser tão cruel como parecia. — Esta é a nossa casa agora.
Ele arqueou uma sobrancelha. — Verdade? Exatamente há quanto tempo está aqui. É do meu entendimento que seu casamento ocorreu há uma quinzena. Você se mudou antes de dizer seus votos?
— Não seja ridículo — zombou ela. — Que absurdo! Claro que não nos mudamos antes do casamento. — Bem, isso não era exatamente verdade. Eles tinham se mudado no dia do seu casamento, meras horas antes do casamento, mas ele fez parecer como se ela tivesse vivido lá meses antes de seus votos. — Isso não nega o fato de que esta é a nossa casa agora. Nós não vamos a lugar nenhum.
Ele riu baixinho. — Só porque você quer?
— Sim — disse ela e ergueu o queixo desafiadoramente. Billie não desistiu de cada grama de seu orgulho para casar-se com um velho por nada. — Eu sou uma duquesa e pertenço a este castelo.
— Eu sabia que você diria algo assim. — Ele balançou a cabeça, nojo transbordando de sua voz enquanto ele falava. — Você não é diferente de todas as jovens debutantes se jogando no título mais alto na frente delas. Você se vendeu pelo maior lance e olhe para você agora. Sem marido e sem escolhas.
Ela ergueu o queixo quase desafiadoramente. Como ele ousa tratá-la assim! — Eu tenho muito mais escolhas agora do que eu tinha antes do meu casamento. — Pelo menos agora ela tinha algum dinheiro que pudesse contar. Embora ela não tinha ideia do quanto isso implicava.
— Você está à mercê da minha generosidade — informou ele. Ele acenou com a cabeça para suas irmãs. — Você e sua família, aparentemente. Sua pensão é uma ninharia, meu tio tinha pouca fé no sexo feminino. Se você quiser permanecer nesta casa, será com a minha permissão, e agora eu não vejo nenhuma razão para dar-lhe o que você quer.
Qualquer renda era melhor do que nenhuma. Billie sabia como era ser tão pobre a ponto de passar dias com fome. Tinha sido ruim antes da morte de seus pais, mas foi muito pior depois que os credores levaram qualquer coisa não pregada. Ela nunca mais queria passar por isso. Ele queria uma razão para ela e as irmãs ficarem… Bem, ela encontraria uma para dar a ele. Ela não tinha certeza do que poderia ser ainda, mas ela discerniria o melhor curso de ação. Tudo o que ela precisava era de um pouco mais de tempo. — Diga-me o que você quer e talvez possamos chegar a um acordo… Eu farei o que você quiser. — Billie faria quase tudo por sua família. Ela já tinha se casado com um velho nojento. O que este duque poderia querer que seria mais desagradável do que isso?
Ele inclinou a cabeça para o lado e estudou-a. Havia uma expressão estranha em seu rosto, quase como se ele não tivesse certeza do que fazer com Billie, ou com o que ela tinha dito. Ele parecia… confuso. Ele balançou a cabeça, e então disse: — Tenha cuidado com o que você concorda sem saber os termos.
Este novo duque parecia pensar que poderia mandar nela. Ele descobriria em breve que estava errado.
— Falaremos mais depois. Temo que se eu disser o que eu quero que você faça por mim agora, você sairia daqui gritando. — Ele caminhou em direção à porta, parou e virou para ela. — Não fique muito à vontade. Eu ainda não estou convencido de que você deve ficar. — Com essas palavras de despedida, ele deixou Billie sozinha com suas irmãs. Elas permaneceram extraordinariamente quietas durante toda a troca de palavras, mas Billie tinha