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trazido Lucy de volta.

      A sua culpa ainda o assombrava. Alguma vez conseguiria libertar-se dela?

      E alguma vez conseguiria regressar ao trabalho?

      CAPÍTULO TRÊS

      Depois do treino, Riley ainda estava preocupada com Bill. É verdade que tinha recuperado rapidamente da inação. E até parecia ter-se divertido quando iniciaram o tiro de aproximação.

      Ele até parecia contente quando deixara Quantico para regressar ao seu apartamento. Ainda assim, aquele não era o velho Bill que fora seu parceiro durante tantos anos – e que se tornara no seu melhor amigo.

      Ela sabia o que o preocupava mais.

      Bill receava não conseguir regressar ao trabalho.

      Ela queria poder consolá-lo com palavras simples – qualquer coisa como…

      “Estás só a passar por uma fase menos boa. Acontece a todos. Vais ultrapassar isso mais rapidamente do que pensas.

      Mas consolos loquazes não eram aquilo de que Bill precisava naquele momento. E a verdade era que Riley nem sabia se aquilo era verdade.

      Ela própria sofrera de SPT e sabia quão difícil era a recuperação. Teria apenas que ajudar Bill naquele terrível processo.

      Apesar de Riley ter voltado para o seu gabinete, não tinha muito mais a fazer na UAC naquele dia. Não tinha nenhum caso com que se ocupar e aqueles dias mais calmos eram bem-vindos depois da intensidade do último caso no Iowa. Terminou o que tinha a terminar e foi-se embora.

      Ao dirigir-se para casa, sentia-se satisfeita ao pensar em jantar com a família. Estava especialmente agradada com o facto de ter convidado Blaine Hildreth e a a filha para jantarem com eles naquela noite.

      Riley estava feliz por Blaine fazer parte da sua vida. Ele era um homem bonito e encantador. E tal como ela, tinha-se divorciado há relativamente pouco tempo.

      Também constatara que era incrivelmente corajoso.

      Fora Blaine quem atingira e ferira Shane Hatcher quando ele ameaçara a família de Riley.

      Riley ficar-lhe-ia eternamente grata por isso.

      Até àquele momento, passara uma noite com Blaine em sua casa. Tinham sido bastante discretos quanto a isso – a sua filha, Crystal, estava fora a visitar os primos nas férias. Riley sorriu ao lembrar-se daquela noite.

      Iria esta noite terminar da mesma forma?

      *

      A empregada de Riley, Gabriela, tinha cozinhado uma deliciosa refeição de chiles rellenos a partir de uma receita de família que trouxera da Guatemala. Toda a gente estava a adorar os pimentos recheados.

      Riley sentia-se satisfeita com o maravilhoso jantar e magnífica companhia.

      “Não está demasiado picante?” Perguntou Gabriela.

      Não estava demasiado condimentado e picante para as papilas gustativas Americanas e Riley tinha a certeza de que Gabriela o sabia. Gabriela sempre tinha cuidado ao preparar aquelas receitas originais. Era óbvio que procurava elogios, e não demoraram muito a surgir.

      “Não, está perfeito,” Disse April, a filha de quinze anos de Riley.

      “O melhor de sempre,” Disse Jilly, a menina de treze anos que Riley estava a tentar adotar.

      “Simplesmente maravilhoso,” Disse Crystal, a melhor amiga de April.

      O pai de Crystal, Blaine Hildreth, não disse nada de imediato. Mas Riley percebeu pela sua expressão que estava encantando com o prato. Ela também sabia que a opinião de Blaine era em parte profissional. Blaine era dono de um restaurante ali em Fredericksburg.

      “Como é que o faz Gabriela?” Perguntou Blaine depois de algumas dentadas.

      “Es un secreto,” Disse Gabriela com um sorriso malicioso.

      “Com que então um segredo?” Disse Blaine. “Que tipo de queijo utiliza? Não consigo perceber. Sei que não é Monterey Jack ou Chihuahua. Talvez Manchego?”

      Gabriela abanou a cabeça.

      “Nunca o direi,” Disse ela com uma risada.

      Enquanto Blaine e Gabriela continuaram a discutir sobre a receita, parte em Inglês e parte em Espanhol, Riley deu por si a pensar se ela e Blaine poderiam…

      Corou ao ocorrer-lhe a ideia.

      Não, não vai acontecer esta noite.

      Não poderia haver escapatória graciosa ou discreta com toda a gente ali.

      Não que as coisas não estivessem bem como estavam.

      Estar rodeada de gente que amava era um enorme prazer. Mas ao observar a sua família e amigos a divertirem-se, uma nova preocupação começou a surgir na mente de Riley.

      Havia uma pessoa que mal tinha dito uma palavra à mesa. Era Liam, o mais recente hóspede na casa de Riley. Liam tinha a idade de April e os dois adolescentes tinham namorado a dada altura. Riley tinha salvo o miúdo de um pai agressivo e bêbedo. Ele precisava de um lugar para viver e naquele momento dormia num sofá-cama em casa de Riley.

      Geralmente, Liam era falador e sociável. Mas algo parecia estar a incomodá-lo naquela noite.

      Riley perguntou, “Passa-se alguma coisa, Liam?”

      O rapaz parecia nem sequer a ouvir.

      Riley falou um pouco mais alto.

      “Liam.”

      Liam levantou os olhos da refeição em que mal tinha tocado até ao momento.

      “Huh?” Disse ele.

      “Passa-se alguma coisa?”

      “Não. Porquê?”

      Riley não tinha dúvida de que algo estava errado. Liam nunca era parco em palavras como estava a ser.

      “Ocorreu-me que se poderia passar algo,” Disse ela.

      Tentou não se esquecer que teria que falar com Liam mais tarde.

      *

      Gabriela terminou a refeição com um delicioso pudim flan. Riley e Blaine tomaram bebidas enquanto os quatro miúdos se entretinham na sala. Por fim, Blaine e a filha foram embora.

      Riley esperou até April e Jilly irem dormir. Depois foi sozinha até à sala familiar onde Liam estava sentado no sofá ainda fechado a olhar para o vazio.

      “Liam, eu sei que se passa alguma coisa. Gostava que me dissesses o que é.”

      “Não se passa nada,” Disse Liam.

      Riley cruzou os braços e não disse nada. Ela sabia por experiência própria que às vezes o melhor era esperar.

      Então Liam disse, “Não quero falar sobre o assunto.”

      Riley ficou alarmada. Estava habituada a alterações de humor adolescente da April e da Jilly, pelo menos de vez em quando. Mas aquilo não era típico de Liam. Ele era sempre agradável e afetuoso. Também era um estudante dedicado e Riley apreciava a influência que ele exercia em April.

      Riley continuou à espera em silêncio.

      Por fim, Liam disse, “Recebi hoje uma chamada do meu pai.”

      Riley sentiu um buraco no estômago.

      Não conseguia evitar lembrar-se daquele dia terrível quando fora a casa de Liam para o salvar de ser espancado pelo pai.

      Ela sabia que não devia estar surpreendida, mas não sabia o que dizer.

      Liam disse, “Ele diz que está arrependido de tudo. Diz que tem saudades minhas.”

      A


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