Vencedora, Derrotada, Filho . Морган Райс

Vencedora, Derrotada, Filho  - Морган Райс


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      Ceres fez seu melhor. Ela explicou tudo sobre a rebelião e a guerra. Sobre a invasão que se seguiu e sua incapacidade para pará-la. Sobre o ataque a Haylon que estava, até então, a colocar todos os que ela amava em risco.

      “Eu entendo”, disse Lin, tocando em Ceres. Para surpresa de Ceres, ela sentiu pressão ali. “Isso lembra-me um pouco nossa guerra.”

      “O passado prossegue em ecos de si próprio”, disse Alteus. “Mas existem alguns ecos que não podem ser repetidos. Precisamos de saber se ela entende.”

      Ceres viu Lin acenar.

      “É verdade”, disse o fantasma. “Então, uma pergunta para ti, Ceres. Vamos ver se entendes. Porque é que isto ainda está aqui? Porque é que os feiticeiros ainda estão aprisionados desta forma? Porque é que os Anciães não os destruíram?”

      A pergunta dava a sensação de um teste, e Ceres teve a sensação de que, se não conseguisse dar uma boa resposta, não iria receber ajuda daqueles dois. Dado o que eles haviam dito que tal lhes poderia custar, Ceres ficou surpreendida de eles o estarem a considerar de todo.

      “Poderiam os Anciães tê-los destruído?”, perguntou Ceres.

      Alteus parou por um momento, e, então, assentiu. “Não foi isso. Pensa no mundo.”

      Ceres pensou. Ela pensou sobre os efeitos da guerra. Sobre os destroços das demolições de Felldust e os escombros da ilha acima dela. Sobre a forma como alguns dos Anciães foram deixados no mundo. Sobre as invasões, e as pessoas que tinham morrido a lutar contra o Império.

      “Eu acho que tu não os destruíste por causa do que seria necessário para o fazer”, disse Ceres. “De que é que serve ganhar se não restar nada depois?” Ela suponha que era mais do que isso, porém. “Eu fazia parte de uma rebelião. Lutámos contra algo que era grande, e terrível, e piorou a vida das pessoas, mas quantas pessoas morreram agora? Não consegues resolver algo te limitando a abater todas as pessoas.”

      Naquele momento ela viu Lin e Alteus a olharem um para o outro. Eles assentiram com a cabeça.

      “Nós permitimos a rebelião dos feiticeiros ao início”, disse Alteus. “Pensámos que não daria em nada. Em seguida, a rebelião cresceu, e lutámos, mas ao combatê-la, causámos tantos danos quanto eles. Tínhamos o poder de destruir paisagens inteiras, e nós usámo-lo. Oh, como usámos.”

      “Tu já viste as coisas feitas a esta ilha”, disse Lin. Quando eu te curar, se eu te curar, vais ter esse tipo de poder. O que é que vais fazer com ele, Ceres?”

      Houve um momento em que a resposta teria sido simples. Ela teria derrubado o Império. Ela teria destruído os nobres. Agora, ela só queria que as pessoas fossem capazes de viver suas vidas de forma segura e feliz; não parecia ser pedir demais.

      “Eu só quero salvar as pessoas que amo”, disse ela. “Eu não quero destruir ninguém. Eu apenas... acho que tenho de o fazer. Eu odeio isso, eu só quero paz.”

      Até mesmo Ceres ficou um pouco surpreendida com isso. Ela não queria mais violência. Ela simplesmente tinha de o fazer para evitar que pessoas inocentes fossem abatidas. Isso rendeu-lhe outro aceno.

      “Uma boa resposta”, disse Lin. “Chega-te aqui.”

      A antiga feiticeira passou entre os frascos de vidro e equipamento alquímico que pareciam existir numa forma ilusória. Ela se movimentava entre eles, misturando coisas e mudando coisas. Alteus foi com ela, e os dois aparentavam funcionar com o tipo de harmonia que só poderia ser construída ao longo de muitos anos. Eles verteram soluções em novos recipientes, acrescentaram ingredientes, consultaram livros.

      Ceres estava ali para os ver, e tinha de admitir que não entendia metade do que eles estavam a fazer. Quando eles se puseram à frente dela com um frasco de vidro, quase que não parecia suficiente.

      “Bebe isto”, disse Lin. Ela estendeu-o para Ceres, e apesar de tudo parecer irreal, quando Ceres o agarrou sua mão encontrou vidro sólido. Ela ergueu-o, vendo o brilho do líquido dourado que combinava com a cor da cúpula ao redor de si.

      Ceres bebeu-o, e tinha um sabor como se ela estivesse a beber a luz das estrelas.

      Naquele momento, o líquido pareceu percorrê-la e ela sentiu seu progresso no relaxamento de seus músculos, e o aliviar das dores que ela não sabia que tinha. Ela também sentiu algo a crescer dentro de si, espalhando-se como um sistema de raízes a percorrer seu corpo enquanto os canais ao longo dos quais seu poder tinha corrido se renovavam.

      Quando terminou, Ceres sentiu-se melhor do que antes da invasão. Era como uma profunda sensação de paz a espalhar-se através de si.

      “Já está?”, perguntou Ceres.

      Alteus e Lin pegaram nas mãos um do outro.

      “Nem por isso”, disse Alteus.

      A cúpula em torno de Ceres pareceu desmoronar-se para dentro, com seu conteúdo a desaparecer à medida que se transformava em pura luz. Aquela luz reuniu-se no lugar onde o Ancião e a Feiticeira estavam, até Ceres não os conseguir vislumbrar nela.

      “Será interessante ver o que acontece a seguir”, disse Lin. “Adeus, Ceres.”

      A luz explodiu em direção a Ceres, preenchendo-a, enchendo-a através dos canais de seu corpo, como água ao longo de aquedutos recentemente construídos. A luz enchia-a e continuava a enchê-la, entrando e parecendo que havia mais poder dentro de Ceres do que jamais alguma vez tinha havido. Pela primeira vez, ela entendeu a real profundidade dos poderes dos Anciães.

      Ela ficou ali, pulsando com poder, e ela sabia que tinha chegado o momento.

      Tinha chegado o momento para a guerra.

      CAPÍTULO SETE

      Jeva conseguia sentir a tensão a crescer a cada passo que dava para a sala de reuniões. As pessoas ali olhavam para si da forma que ela teria esperado que as pessoas fora de suas terras olhassem para os de sua espécie: como se ela fosse algo estranho, diferente, até mesmo perigoso. Não era uma sensação de que Jeva gostasse.

      Seria apenas porque eles não viam muitas com as marcas de sacerdotisas por ali, ou era algo mais? Apenas quando começaram os primeiros insultos e acusações da multidão ali reunida é que Jeva começou a entender.

      “Traidora!”

      “Tu levaste tua tribo à morte!”

      Um jovem saiu da multidão com aquela arrogância que só os homens jovens conseguiam gerir. Ele caminhou como se fosse o dono do caminho que levava até à Casa dos Mortos. Quando Jeva se dirigiu para o lado dele, ele a bloqueou.

      Jeva deveria tê-lo atingido apenas por isso, mas ela estava ali para coisas mais importantes.

      “Afasta-te”, disse ela. “Eu não estou aqui para a violência.”

      “Já te esqueceste dos costumes de nossa gente assim tão completamente?”, perguntou ele. “Tu arrastaste tua tribo para morrer em Delos. Quantos voltaram?”

      Jeva percebeu que ele estava enraivecido. O tipo de raiva que até mesmo as gentes dela sentiam quando perdiam alguém próximo. Dizer-lhe a ele que eles tinham ido até aos antepassados e que ele devia estar feliz não serviria para nada. Em qualquer caso, naquele momento, Jeva não tinha a certeza de que ela acreditava nisso. Ela tinha visto as mortes sem sentido da guerra.

      “Mas tu voltaste”, disse o jovem. “Destruíste uma de nossas tribos, e voltaste, covarde!”

      Noutro dia qualquer, Jeva tê-lo-ia matado por ter dito aquilo, mas a verdade era que o choramingar de um idiota não importava, não em comparação com tudo o que estava a acontecer. Ela dirigiu-se para o lado dele novamente.

      Jeva parou quando ele sacou de uma faca.

      “Tu não queres


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