Transformada . Морган Райс

Transformada  - Морган Райс


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como se fosse uma eternidade. Ela desejou ter um amigo ao seu lado—até melhor, Jonah—e perguntou a si mesma se ela conseguiria fazer esta caminhada sozinha todos os dias. Mais uma vez, ela sentiu raiva da mãe. Como ela podia continuar fazendo-a se mudar, colocando-a em novos lugares que ela odiava? Quando aquilo acabaria?

      Vidro quebrado.

      O coração de Caitlin bateu mais rápido quando ela percebeu uma certa atividade na esquerda, do outro lado da rua. Ela caminhou rápido e tentou manter a cabeça baixa, mas quando chegou mais perto, ela ouviu gritos e risadas grotescas, e não pôde deixar de notar o que estava acontecendo.

      Quatro garotos enormes— de 18 ou 19 anos, talvez—estavam em pé, na frente de outro garoto. Dois deles seguravam os seus braços, enquanto um terceiro avançava e o socava no estômago, e um quarto socava o seu rosto. O garoto, talvez 17 anos, alto, magro e indefeso, caiu no chão. Dois dos garotos avançaram e o chutaram no rosto.

      Contra a sua própria vontade, Caitlin parou e observou. Ela estava horrorizada. Ela nunca havia visto nada como aquilo.

      Os outros dois garotos deram alguns passos em torno da sua vítima, então levantaram suas botas bem alto e as abaixaram.

      Caitlin estava com medo de que eles fossem pisotear o menino até a morte.

      “NÃO!” ela gritou.

      Houve um som terrível de quebra quando eles abaixaram os pés.

      Mas não era o som de ossos quebrados—em vez disso, era o som de madeira. Madeira sendo quebrada. Caitlin viu que eles estavam pisoteando um pequeno instrumento musical. Ela olhou mais atentamente, e viu pequenos pedaços de uma viola por toda a calçada.

      Ela levou a mão até a boca, horrorizada.

      “Jonah!?”

      Sem pensar, Caitlin atravessou a rua até o grupo de garotos, que agora já haviam notado a sua presença. Eles olharam para ela e seus sorrisos malignos se alargaram enquanto eles cutucavam uns aos outros.

      Ela caminhou diretamente até a vítima e viu que realmente era Jonah. O seu rosto estava sangrando e machucado, e ele estava inconsciente.

      Ela olhou para o grupo de garotos, sua raiva superando o seu medo, e ficou entre Jonah e eles.

      “Deixem ele em paz!” ela gritou para o grupo.

      O garoto no meio, com pelo menos 1,95 m de altura e musculoso, riu.

      “Ou o quê?” ele perguntou com uma voz muito grossa.

      Caitlin sentiu o mundo passar por ela, e percebeu que acabara de ser empurrada pelas costas. Ela levantou os cotovelos enquanto caía no concreto, mas isso mal amorteceu a sua queda. Pelo canto do seu olho, ela pôde ver seu diário voar, os papéis soltos se espalhando por todo o lugar.

      Ela ouviu risos. E então, pegadas vindo na direção dela.

      Com o coração batendo forte no peito, a adrenalina dela entrou em ação. Ela conseguiu rolar e se levantar desajeitadamente antes que eles a alcançassem. Ela fugiu por um beco próximo, correndo à toda velocidade.

      Eles a seguiam de perto.

      Em uma de suas muitas escolas, quando Caitlin acreditava que teria um longo futuro em algum lugar, ela teve aulas de atletismo e corrida, e percebeu que era boa nisso. A melhor do time, na verdade. Não em longas distâncias, mas em corridas de 100 metros. Ela conseguia vencer até mesmo a maioria dos rapazes. E agora, tudo aquilo havia voltado para ela.

      Ela correu o mais rápido que pôde, e os garotos não conseguiram alcançá-la.

      Caitlin olhou para trás e viu que eles estavam se afastando, e se sentiu otimista sobre conseguir fugir de todos. Ela apenas precisava fazer as curvas certas.

      O beco terminava em um T, e ela podia virar para a esquerda ou para a direita. Ela não teria tempo de mudar de ideia se quisesse manter a sua vantagem, e teria que decidir rápido. No entanto, ela não conseguia ver o que a esperava depois da curva. Cegamente, ela virou para a esquerda.

      Ela rezou para que fosse a escolha certa. Vamos lá. Por favor!

      Seu coração parou quando ela fez a curva acentuada para a esquerda e viu a rua sem saída em sua frente.

      Escolha errada.

      Uma rua sem saída. Ela correu para o muro, procurando por uma saída, qualquer saída. Percebendo que não havia nenhuma, ela se virou para confrontar seus agressores, que se aproximavam.

      Sem fôlego, ela os viu fazer a curva e se aproximar. Ela podia ver por cima de seus ombros que, se ela tivesse virado para a direita, estaria livre. Claro. Já era de se esperar.

      “OK, vadia,” um deles disse, “agora, você vai sofrer.”

      Percebendo que ela não tinha como fugir, eles caminharam na direção dela, ofegantes, sorridentes e saboreando a violência que estava por vir.

      Caitlin fechou os olhos e respirou fundo. Ela tentou desejar que Jonah se acordasse, aparecesse na esquina, acordado e poderoso, pronto para salvá-la. Mas abriu os olhos e ele não estava lá. Apenas os seus agressores. Chegando mais perto.

      Ela pensou em sua mãe, no quanto a odiava, em todos os lugares nos quais ela foi forçada a morar. Ela pensou no seu irmão Sam. Ela pensou em como a sua vida seria depois daquele dia.

      Ela pensou em toda a sua vida, em como ela sempre tinha sido tratada, em como ninguém a entendia, em como nada dava certo para ela. E algo aconteceu. De alguma forma, ela havia alcançado o seu limite.

      Eu não mereço isso. EU NÃO mereço isso!

      E então, repentinamente, ela sentiu.

      Era uma onda, algo diferente de tudo o que ela havia experimentado. Era uma onda de raiva, inundando-a, limpando o seu sangue. Ela estava centralizada em seu estômago, e se espalhou dali. Ela conseguia sentir seus pés enraizados no chão, como se ela e o concreto fossem um só, e então pôde sentir uma força primitiva se apoderar dela, fluindo pelos seus pulsos, pelos seus braços, chegando até os seus ombros.

      Caitlin deixou escapar um rugido primitivo que surpreendeu e assustou até a ela mesma. Quando o primeiro garoto se aproximou dela e colocou sua mão grande no pulso dela, ela observou quando a sua mão reagiu sozinha, agarrando o pulso do agressor e torcendo-o para trás em um ângulo reto. O rosto do garoto se contorceu em choque enquanto o seu pulso, e depois o seu braço, era quebrado em dois.

      Ele caiu de joelhos, gritando.

      Os outros três garotos arregalaram os olhos, surpresos.

      O maior dos três avançou contra ela.

      “Sua filha da—”

      Antes que ele pudesse terminar, ela havia pulado e plantado seus dois pés no meio do seu peito, fazendo-o voar por cerca de três metros e cair em uma pilha de latas de lixo.

      Ele ficou lá, sem se mexer.

      Os outros dois garotos olharam um para o outro, em choque. E verdadeiramente assustados.

      Caitlin avançou e, sentindo uma força desumana fluir dentro dela, ouviu a si mesma rosnar quando pegou os dois garotos (cada um com o dobro do tamanho dela), e os levantou do chão com uma única mão.

      Com ambos pendurados no ar, ela os balançou para trás, depois bateu um contra o outro com uma força incrível. Os dois caíram no chão.

      Caitlin ficou ali, respirando, espumando de raiva.

      Todos os quatro garotos não se moviam.

      Ela não sentiu alívio. Pelo contrário, ela queria mais. Mais garotos com quem brigar. Mais corpos para jogar.

      E ela queria algo mais.

      De repente, ela tinha a visão perfeita, e era capaz de focar em seus pescoços expostos. Ela conseguia enxergar coisas minúsculas, e podia ver, de onde estava, as veias pulsando em cada um. Ela queria morder. Se alimentar.


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