Razão Para Se Apavorar. Блейк Пирс

Razão Para Se Apavorar - Блейк Пирс


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estragar até isso?

      - Rose!

      Mas Rose não tinha mais nada a dizer. Ela acelerou seus passos e Avery fez o possível para não segui-la. Mais lágrimas caíram de seu rosto quando ela virou sua atenção para o túmulo de Jack.

      - De quem ela puxou essa teimosia? – Avery perguntou ao túmulo.

      Assim como Ramirez, obviamente a lápide de Jack estava em silêncio. Avery virou-se para a direita e viu Rose se distanciando. Ela caminhou rapidamente, até sumir completamente ao longe.

      CAPÍTULO QUATRO

      Quando Avery entrou no consultório da Doutora Higdon, sentiu-se vivendo um clichê. A doutora em si era muito equilibrada e educada. Ela parecia ter a cabeça sempre levemente apontada para cima, mostrando perfeitamente a ponta de seu nariz e seu queixo. Era uma mulher bonita, talvez até mais do que isso.

      Avery havia lutado contra a vontade de ir a uma psicóloga, mas conhecia sua mente o suficiente para saber que precisava daquilo. E era difícil admitir aquilo a si mesma. Ela odiava a ideia de visitar uma psicóloga e não queria recorrer aos serviços fornecidos pela polícia de Boston—com profissionais que ela havia visitado algumas vezes ao longo dos anos em outros momentos difíceis da carreira.

      Por isso, Avery escolheu visitar a Doutora Higdon, uma psicóloga de quem havia ouvido falar um ano antes, durante um caso envolvendo um suspeito que visitara a profissional para superar uma série de medos irracionais.

      - Agradeço por você me atender tão rapidamente – Avery disse. – Eu estava esperando conseguir um horário só para daqui a algumas semanas.

      Higdon encolheu os ombros e sentou-se em sua cadeira. Quando Avery sentou-se no sofá, a sensação de se tornar um clichê ambulante aumentou.

      - Bom, eu já vi seu nome algumas vezes nos noticiários – Higdon disse. – E seu nome já apareceu aqui com outros pacientes, pessoas que aparentemente cruzaram seu caminho no trabalho. Então, eu tinha um horário livre hoje e imaginei que seria legal te conhecer.

      Percebendo que não era comum conseguir uma consulta com uma psicóloga respeitada apenas dois dias depois de telefonar, Avery sabia que não deveria fazer pouco caso da oportunidade. E, sabendo que não era de rodeios, decidiu ir direto ao ponto.

      - Eu quis visitar uma psicóloga porque, sinceramente, minha cabeça está uma bagunça ultimamente. Uma parte me diz que vou melhorar com o tempo. Outra me diz que eu só vou melhorar se fizer algo produtivo e familiar—o que me levaria de volta ao trabalho.

      - Eu sei muito pouco sobre a melhora que você está procurando – Higdon disse. – Você pode me explicar melhor?

      Avery passou os dez minutos seguintes contando sua história. Ela começou contando como seu último caso havia terminado, com a morte de seu ex-marido e de seu possível noivo. Falou também sobre ter se mudado para longe da cidade e dos episódios recentes com Rose, tanto no apartamento da filha quanto ao lado da lápide de Jack.

      A Doutora Higdon começou a fazer perguntas imediatamente, e não parou de tomar anotações durante o tempo todo que Avery falou.

      - A mudança para o lago Walden... o que te fez querer isso?

      - Eu não queria ver gente. Lá é mais isolado, mais quieto.

      - Você sente que é mais fácil ficar bem, emocional e fisicamente, quando está sozinha? – Higdon perguntou.

      - Não sei. Eu só... eu não queria estar em um lugar onde as pessoas poderiam vir ver como eu estou centenas de vezes por dia.

      - Você sempre teve problemas com as pessoas no que diz respeito ao seu bem-estar?

      Avery encolheu os ombros.

      - Não mesmo. É mais sobre vulnerabilidade, eu acho. No meu trabalho, vulnerabilidade leva à fraqueza.

      - Eu duvido disso. No que diz respeito à percepção, provavelmente—mas não no estado real das coisas. – A doutora parou por um momento e depois continuou. – Eu não vou tentar ficar enrolando com outros assuntos para ir sutilmente ao ponto chave – ela disse. – Eu sei que você perceberia. Além disso, o fato de você admitir um medo de vulnerabilidade me diz muita coisa. Então acho que posso ir direto ao ponto.

      - Eu preferiria – Avery disse.

      - O tempo que você passou sozinha em casa... você acredita que te ajudou a melhorar ou atrapalhou?

      - Acho que é um exagero dizer que ajudou, mas tornou as coisas mais fáceis. Eu sabia que não teria que lidar com o ataque das pessoas perguntando como eu estou.

      - Você tentou falar com alguém durante esse tempo?

      - Só minha filha – Avery disse.

      - Mas ela rejeitou todas suas tentativas de se reconectar?

      - Isso. Tenho certeza que ela me culpa pela morte do pai.

      - Para ser sincera, provavelmente isso é verdade – Higdon disse. – E ela vai se dar conta disso no tempo dela. O luto de cada pessoa é diferente. Ao invés de fugir para uma casa no meio da floresta, sua filha escolheu colocar a culpa em você. Agora, deixe-me perguntar... por que você saiu do trabalho?

      - Porque eu senti que tinha perdido tudo – Avery disse. Ela nem precisou pensar para responder. – Senti que tinha perdido tudo e falhado no trabalho. Não podia ficar, porque aquilo me lembrava que eu não era tão boa.

      - Você ainda sente que você não é tão boa?

      - Bom... não. Posso parecer arrogante, mas eu sou muito boa no que eu faço.

      - E você sentiu falta do trabalho pelos últimos três meses, certo?

      - Sim – Avery admitiu.

      - Você acha que seu desejo de voltar é só para voltar a ter sua vida de antes ou você acha que pode ter algum progresso a ser feito lá?

      - Então, eu não sei. Mas estou chegando ao ponto onde eu acho que tenho que descobrir. Eu acho que tenho que voltar.

      A Doutora Higdon assentiu e escreveu algo.

      - Você acha que sua filha vai reagir negativamente se você voltar?

      - Sem dúvidas.

      - Tudo bem, então vamos dizer que ela não está nessa conta. Vamos dizer que Rose não está nem aí se você vai voltar ou não. Você hesitaria em voltar?

      A resposta atingiu Avery como uma pontada na cabeça.

      - Provavelmente não.

      - Acho que sua resposta está aí – Higdon disse. – Acho que, nesse ponto do processo de luto, você e sua filha não podem se intrometer uma no luto da outra. Rose precisa culpar alguém nesse momento. É o jeito dela de lidar com isso... e a relação difícil de vocês deixa tudo mais fácil para ela. E você... eu quero dizer que voltar ao trabalho é o que vai poder te ajudar.

      - Você quer dizer? – Avery perguntou, confusa.

      - Sim, eu acho que é o que faz mais sentido, dada sua história e seus relatos. No entanto, durante esse tempo sozinha, isolada de todos, você chegou a ter pensamentos suicidas?

      - Não – Avery mentiu. A mentira foi fácil e sem arrependimentos. – Eu ando mal, de fato. Mas não tanto.

      Sim, ela havia omitido seu quase-suicídio. Também não havia mencionado a encomenda de Howard Randall ao contar sobre seus últimos meses. Ela não sabia porque. Naquele momento, aquilo apenas parecia algo muito particular.

      - Se é assim – Higdon disse, - não vejo problemas em você voltar ao trabalho. Mas acho que você deveria ter alguém como parceiro. E eu sei que pode ser difícil, pensando em quem era seu último parceiro. Mesmo assim... você não pode ser colocada em situações de muito estresse sozinha, pelo menos não já. Eu recomendaria que


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