Seduzindo Uma Princesa Americana. Dawn Brower
Perdão — disse ela.
— A senhorita conhece a mulher com quem estava conversando? — perguntou o homem. Ele tinha um forte sotaque inglês que a lembrou do avô Thor. Tinha um quê de autoridade também. O cabelo dele era tão escuro quanto o céu noturno, e os olhos da cor do céu durante uma tempestade, uma mistura de cinza e azul.
— Eu não posso imaginar por que isso seria preocupação sua — respondeu ela. — Já que tenho certeza de que não conheço o senhor. — Brianne olhou feio para o homem e segurou o fôlego. Ele era deslumbrante. Se fosse honesta consigo mesma, teria que admitir que ele era o homem mais belo para o qual ela já teve o prazer de olhar. Se ele não estivesse sendo grosseiro, ela poderia até mesmo considerar flertar com ele.
Os lábios dele fizeram um leve esgar.
— Suponho que a senhorita esteja certa.
— Não há nenhuma suposição. Nunca fomos apresentados.
— Não estou discordando da senhorita — respondeu ele, com lisonja. — No entanto, eu conheço a sua família. Eu a vi, mesmo que nunca tenhamos sido apresentados.
Aquilo a fez recuar.
— Não acredito no senhor.
Ele riu baixinho e se virou levemente para que ela pudesse ver o irmão e a mãe vindo na direção deles.
— Aquela ali não é a sua família? — Ele ergueu uma sobrancelha. — Eu conheço William. Andrew e Alexander são meus amigos. Somos muito bons amigos. Frequentei Eton e Oxford com eles.
É claro que sim… Quais eram as probabilidades?
— Como o senhor me tem em desvantagem, por que não se apresenta?
— Lorde Julian Kendall — disse ele e fez uma mesura. — Agora, quanto àquela mulher…
— Ela não é preocupação do senhor — Brianne o interrompeu. Ela não precisava de quaisquer sermões. Especialmente quando não tinha intenção de se envolver com tipos como Alice Paul.
— Mas a senhorita sabe quem ela é?
— É claro que sei — respondeu ela. — Mas não preciso me explicar para o senhor. O senhor não é meu irmão, nem meu pai. Mal nos conhecemos. Agora, se me der licença, preciso me ajudar à minha família.
Não permitiu que ele emitisse outra palavra. Brianne passou por ele e foi em direção à mãe e ao irmão. Eles finalmente a tinha visto, e William veio na direção dela. Brianne meneou a cabeça para ele e fez sinal para que ele ficasse onde estava. Seria mais fácil se ambos não estivessem em movimento. Não tinha nenhum desejo de voltar a se separar deles. Duas conversas indesejadas não tinham sido do seu agrado, e já tivera a sua cota com a Penn Station. Na verdade, já estava começando a desgostar do lugar. Até aqui, não a tinha levado a nada de bom.
CAPÍTULO DOIS
Julian Kendall caminhou até o hotel Irving, que ficava no número 26 do Gramercy Park South. Era um hotel exclusivo localizado na ilha de Manhattan. Nada em Nova Iorque ou na América tinha lhe encantado.
Julian finalmente chegou ao hotel e entrou. Um funcionário o cumprimentou imediatamente.
— Olá, senhor — um homem com o cabelo castanho escuro e com as têmporas grisalhas disse. — Como posso ajudá-lo?
— Eu sou lorde Julian Kendall. Vocês receberam o telegrama com a minha reserva?
O homem se inclinou e verificou o livro de reservas e então fez que sim.
— Seu telegrama dizia que não tinham previsão do tempo de sua estadia.
— Isso mesmo — Julian respondeu. — Espero fazer de Nova Iorque um segundo lar. — Ele deu um dos seus sorrisos mais encantadores. — O que eu vi até agora me fez pensar que ficarei aqui por algum tempo. — Não era mentira. Esbarrar com Brianne Collins tinha sido bastante fortuito.
O funcionário se virou e abriu um armário, então tirou um jogo de chaves de um gancho. Ele as segurou na frente de Julian.
— A redonda é do quarto, a que tem o G gravado é do portão que dá para o Gramercy Park. Sinta-se livre para desfrutar do parque, ele é exclusivo. Só os que têm a chave podem acessá-lo. Por favor, não permita que a ralé tenha acesso a ele. Há damas que o usam regularmente e queremos garantir a segurança delas.
Que ideia inovadora. Nenhum dos parques de Londres era fechado dessa forma. Eles estavam tentando manter as pessoas desagradáveis fora do parque e permitir que somente as classes mais altas o acessassem. Quais eram as probabilidades de alguém das regiões pobres se aventurar a essa parte de Manhattan? Parecia que os ricos dominavam a área. Ele não tinha visto ninguém mais. Nenhum único membro da classe trabalhadora… Será que eles tinham uma regra sobre permitir que elas frequentassem lugares públicos ou algo assim?
— Obrigado — disse Julian tão educadamente quanto foi possível. Ele crescera com privilégios, mas nunca antes o tinham batido na cara com isso, ou talvez ele apenas não tivesse notado. — Pode me dizer como chego ao quarto?
— Suba as escadas e vá pela direita. O quarto é no final do corredor, à esquerda.
— Minha bagagem está vindo da Penn Station. Por favor, envie-as para o meu quarto assim que chegarem. — Ele tinha contratado alguém para cuidar da bagagem assim que chegou. Tudo o que trouxera consigo na caminhada para o hotel tinha sido uma pequena valise. Ele apertou as chaves em uma mão e a bolsa na outra, então seguiu na direção que o funcionário do hotel indicara. Não levou muito tempo para chegar ao quarto. Ele colocou a chave na fechadura e a virou. Assim que a tranca se abriu, empurrou a porta e entrou.
Era um quarto luxuoso. Havia um par de cadeiras iguais e uma mesinha perto da janela. Uma lareira estava do outro lado do quarto, em frente a um sofazinho, e uma mesa tinha sido disposta ali perto. Havia uma cama macia com uma colcha marrom escuro e detalhes dourados em quarto menor, à parte. Havia outra mesinha ao lado da cama. A luz que vinha das portas francesas que levavam à varanda que iluminava o quarto.
Não era tão grande quanto seus aposentos em Londres, mas serviria. O hotel tinha feito um trabalho excelente ao apelar para o bom gosto dos ricos e intitulados. Ele se encaixaria e, de alguma forma, aquilo deixava um gosto amargo em sua boca. Julian colocou a bolsa sobre a cama e foi até o lavatório que ficava do outro lado do quarto. Já haviam abastecido o jarro com água. Ele colocou um pouco na bacia do conjunto e lavou o rosto e o secou com uma toalha que estava ali por perto. Isso o deixou mais leve e lavou uma parte da sujeira da viagem. Talvez devesse ir dar uma olhada nesse Gramercy Park…
Pegou as chaves e saiu do quarto, inquieto. Ele poderia caminhar por ali e talvez encontrar um clube de cavalheiros. Ele poderia tomar uma bebida, ou várias. Dormir naquele meio tempo seria uma ilusão. Julian saiu do hotel e assoviou enquanto percorria a rua. O parque era bem perto, mas ele não queria ir lá naquele momento.
— Julian — um homem gritou.
Ele parou de supetão. Ninguém deveria saber que ele tinha chegado ou que estava em Nova Iorque. Lentamente, ele se virou em direção ao som e ficou aliviado. É claro que William Collins iria encontrá-lo. Ele o tinha visto falar com Brianne na Penn Station. Colocou um sorriso feliz no rosto e cumprimentou o homem.
— Você está hospedado por aqui? — Não sabia mais o que dizer a ele.
William balançou a cabeça para baixo e para cima.
— Sim, meu pai comprou uma casa bem ali na esquina. Este é o lugar para se estar em Manhattan. Ele gostou da ideia de um parque fechado para mamãe e Brianne poderem passear.
Era uma boa vantagem para o Gramercy Park. Se a irmã ou a mãe estivessem ali, ele se sentiria melhor sabendo que elas estariam seguras em um parque exclusivo.
— Estou hospedado no Irving Hotel — Julian apontou