Desejo Mortal. Amy Blankenship
respiração de Ren congelou em seu peito quando ele observou que ela se transformara de um menino de rua sujo para alguém de pele macia, cabelos limpos e sedosos e um corpo que o fez desejar estar no lugar do sabonete. Ele ouvira dizer que ela era bonita, mas novamente ele a havia subestimado. Sua visão instantaneamente focalizou na toalha que estava parcialmente aberta e expondo o lado de Lacey que estava voltado para ele, parando a uma curta distância do mamilo e do suave montÃculo.
Ele rapidamente forçou-se a desviar os olhos, seguindo o olhar dela no espelho e franziu a testa ao ver a camada de gelo que havia se formado ali. O espelho escolheu esse exato momento para rachar por conta da baixa temperatura, o som ecoando de forma sinistra no súbito silêncio.
Lacey arregalou os olhos ao ver o olhar desconfiado no rosto de Ren e rapidamente pensou em uma maneira de distraÃ-lo do espelho.
"Que diabos você pensa que está fazendo ao entrar assim pela porta do banheiro enquanto estou aqui dentro, seu pervertido?" ela gritou com ele, enquanto se arrumava e tentava consertar a posição da toalha.
"Pensávamos que você estava em apuros", ofereceu Gypsy suavemente por trás dele.
Lacey suspirou dramaticamente: âBem, como você pode ver, eu estou bem. Achei que tinha visto algo no espelho e foi só isso. Agora, se não se importam", ela bateu a porta na cara de Ren novamente. "Eu disse que você não conseguiria ficar sem me espionar", ela zombou dele através da porta.
"Se é isso que você dizâ, retrucou Ren estreitando o olhar. "Eu não fui o único que gritou com o próprio reflexoâ.
"Ren", Gypsy advertiu-lhe e, em seguida, fechou a boca quando observou o olhar bastante determinado no rosto dele.
Lacey abriu a boca para gritar algo em resposta, mas fora forçada a conter-se totalmente. Ela declarara uma guerra pessoal sobre ele, mas jamais poderia achar qualquer coisa que valesse a pena dizer para conseguir superá-lo.
"Droga, ele é bom", sussurrou ela e, depois, voltou a olhar para o espelho nervosamente. Não mais se sentindo segura, ela começou a se vestir rapidamente.
Ren sorriu quando ouviu o elogio dela, mas isso não durou muito tempo, pois seus pensamentos se voltaram para o espelho e a estranha formação de gelo. Ele havia resfriado a água nos tubos, mas isso não teria afetado o espelho ou qualquer outro objeto do banheiro. Não... o grito dela tinha sido tão real quanto o medo que ele tinha visto no próprio rosto quando ele abrira a porta pela primeira vez.
Querendo dar mais tempo a Ren para ficar a sós com Lacey e esperançosamente acender a chama que ele poderia dizer que surgiu ali, Nick olhou a hora em seu celular e, em seguida, novamente para Gypsy: âVocê está pronta? São quase nove horas".
Os olhos de Gypsy iluminaram-se e ela sorriu para ele, ansiosa pelo seu primeiro dia de volta à atividade. Ela estava um pouco mais do que curiosa sobre como conseguiria convidar para sua loja seus clientes não-humanos, um de cada vez, quando entrassem em contato com a barreira criada por ela. Também ia ser divertido quando alguém que ela conhecera durante anos tentasse entrar e não conseguisse⦠revelando-se como um paranormal. Seja como for⦠o dia de hoje seria muito esclarecedor.
"Bem, isso deve revelar-se interessante. Estou feliz pelo fato de que os humanos normais podem entrar sem serem convidados ou então eu teria que ficar de pé na porta o dia todo como um anfitrião em Wal-Mart. "Bom dia! Por favor, você não quer entrar?" ela deu uma risada enquanto fazia um gesto de convite com a mão, fazendo brotar em Nick um sorriso malicioso.
Gypsy olhou para Ren por cima do ombro: âVocês dois combinam bem agoraâ. Ela subiu rapidamente as escadas antes que Ren pudesse dizer qualquer coisa para impedi-la.
Os lábios de Nick se contraÃram, mas ele também não disse nada, visto que Ren agora estava franzindo a testa de forma inquietante. Enfiando ainda mais as mãos no bolso, ele seguiu Gypsy no andar de cima para que ele pudesse pendurar a placa de Halloween que havia preparado. A maior parte pensaria que era apenas uma decoração de Halloween, mas simplesmente estava escrito: âTodos os Paranormais Devem Pedir Permissão antes de Entrar". Ele pretendia colocá-la na porta bem na altura dos olhos para que ela não passasse despercebida.
Ren esfregou o queixo enquanto olhava cuidadosamente para a porta do banheiro. Ele estivera certo em achar que Lacey tinha usado um spritzer de máscara aromatizada quando ela invadira o local na noite anterior. Agora que ela tinha lavado tudo aquilo durante o banho, ele poderia cheirá-la. A utilidade desse pequeno poder estava se revelando nele provavelmente a partir do jovem apaixonado que acabara de seguir Gypsy no andar de cima.
Ele podia sentir o cheiro do medo que tomava conta dela agora, juntamente com o som de sua respiração rápida, enquanto ela se apressava para se vestir. Ela havia mentido para ele novamente. Tudo o que ela tinha visto naquele espelho realmente a havia assustado e ele estava bem consciente de que não adiantaria nada perguntar a ela. Foi quando ele decidiu que isso já era o suficiente.
Tirando o telefone móvel, Ren discou mentalmente o número de Storm e aguardou, sorrindo quando ele ficou preso no meio do primeiro algarismo.
"Vou ver se consigo impedir Zachary por você", disse Storm e desligou abruptamente, antes de Ren pudesse ouvir uma palavra distorcida. Nem se sentiu intimidado quando os outros dois homens imediatamente apareceram com ele na sala de estar de Gypsy.
"Que diabos, Storm", queixou-se de Zachary enquanto ensacava a camisa desabotoada novamente nas calças. Ele ia ter uma conversa com o Time Walker sobre ficar entrando e saindo de seu quarto daquele jeito. Já era ruim o suficiente que Nighthawk tinha o hábito de promover essa pequena façanha. "Eu estava no meio de algo muito importante como você podia ver perfeitamente bemâ.
"Isso não vai demorar mais que um minuto", disse Ren e sorriu maliciosamente, sabendo exatamente em que Zachary estivera metido. Ele conhecia o senso de humor de Storm bem o bastante para saber que, da forma como Time Walker via isso⦠o tempo era tudo.
Ele tirou os óculos escuros e enfiou-os no bolso, sabendo que, por um momento, ele teria que olhar Lacey diretamente nos olhos enquanto estivesse usando o poder da Fênix.
CapÃtulo 4
Lacey terminou de vestir-se, evitando o espelho tanto quanto possÃvel, enquanto resmungava silenciosamente consigo mesma. Por que diabos aquele cara insistia em vir salvá-la?⦠ela estava bem muito, obrigada. Claro, ela tivera seus momentos de ficar descontrolada de tanto medo, mas nada que com que ela não conseguisse lidar. Sua irritação drenou sua razão agora que os demônios a haviam encontrado, ela não estaria viva por tempo suficiente até mesmo para ficar com ele.
Ela fechou o baú e empurrou-o para o canto, antes de contornar a parede para que ela pudesse ficar fora do reflexo do espelho no trajeto em direção à porta.
O sorriso de Ren tornou-se descaradamente maligno quando a maçaneta começou a girar e ele teleportou-se diretamente na frente da porta do banheiro. Ele não permitiu que ela desse mais que um passo, antes de estirar o braço rapidamente para tocar na testa e, simultaneamente, apoiar a parte de trás da cabeça dela com a outra mão para mantê-la imóvel.
Inclinando a cabeça dela para cima, ele se inclinou para frente e travou seu olhar de mercúrio junto com a dela.
Lacey separou os lábios para gritar com ele, mas de repente sua voz falhou quando ela viu as chamas escuras surgirem em seus lindos olhos prateados. Em um instante, lembranças detalhadas do ano anterior começaram a percorrer sua mente de forma tão rápida que ela mal conseguia acompanhá-los. A avalanche de emoções que seguiram as visões a oprimiram.
Com medo do que estava acontecendo, ela tentou se desvencilhar