Sem Pistas . Блейк Пирс

Sem Pistas  - Блейк Пирс


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novos em folha, que ele tinha comprado para ela durante a sua licença, na esperança de que assim ela tiraria os problemas de sua mente. Nenhum dos livros parecia ter sido aberto.

      A sensação de apreensão de Bill se aprofundou. Aquela não era a Riley que ele conhecia. Meredith estava certo? Será que ela precisava de mais tempo de licença? Ele estava fazendo a coisa errada ao entrar em contato com ela antes de ela estar pronta?

      Bill preparou-se e foi adentrando a casa escura e, quando ele virou em um canto, encontrou Riley, sozinha na cozinha, sentada à mesa de fórmica, com seu roupão e chinelos e uma xícara de café a sua frente. Ela olhou para cima e viu um lampejo de constrangimento, como se ela tivesse esquecido que ele viria. Mas ela rapidamente disfarçou com um sorriso fraco e se levantou.

      Ele se adiantou e a abraçou e ela retribuiu fracamente o abraço. Usando chinelos, ela estava um pouco mais baixa do que ele. Ela tinha se tornado muito, muito magra, e isso o deixou mais preocupado.

      Sentou-se à mesa com ela e a examinou. Seu cabelo estava limpo, mas não estava penteado, e parecia que ela estava usando aqueles chinelos há dias. Seu rosto parecia magro, muito pálido e muito, muito mais velho desde que ele a vira pela última vez, há cinco semanas. Parecia que ela tinha passado pelo inferno. E ela tinha. Ele tentou não pensar sobre o que o último assassino tinha feito com ela.

      Ela desviou o olhar, e ambos ficaram ali sentados, com aquele denso silêncio. Bill tinha tanta certeza que ele saberia exatamente o que dizer para animá-la, despertá-la; porém, quando ele se sentou lá, sentiu-se consumido pela tristeza dela e ficou sem palavras. Ele queria vê-la com um olhar mais forte, como ela era antes.

      Ele rapidamente escondeu o envelope com os arquivos sobre o novo caso de assassinato no chão, do lado da cadeira. Ele não tinha certeza agora se deveria mesmo mostrar a ela. Estava começando a ter certeza de que tinha cometido um erro ao ir ali. Claramente, ela precisava de mais tempo. Na verdade, vendo-a naquele estado, ele, pela primeira vez, ficou incerto sobre se sua parceira de longa data um dia voltaria.

      "Café?" Ela perguntou. Ele podia sentir sua inquietação.

      Ele balançou a cabeça. Ela estava claramente frágil. Quando ele a visitou no hospital e até mesmo depois que ela voltara para casa, ele ficou preocupado com ela. Bill se perguntou se ela conseguiria deixar para trás a dor e o terror que sofrera, se sairia das profundezas de sua escuridão de longa data. Ela estava tão diferente; parecia invencível em todos os outros casos. Algo sobre este último caso, este último assassino, era diferente. Bill conseguia entender: o homem tinha sido o psicopata mais perverso que ele já havia conhecido – e isso significava muito.

      Enquanto ele a analisava, algo lhe passou pela cabeça. Ela realmente aparentava a idade que tinha. Ela tinha quarenta anos de idade, a mesma idade que ele, mas, quando trabalhava, quando era animada e estava noiva, sempre pareceu vários anos mais jovem. A cor cinza estava começando a despontar em seu cabelo escuro. Bem, seu próprio cabelo também estava ficando.

      Riley gritou para a filha, "April!"

      Sem resposta. Riley chamou o nome dela várias vezes, cada vez mais alto, até que ela finalmente respondeu. "O quê?" April respondeu da sala de estar, parecendo completamente irritada.

      "Que horas é a sua aula hoje?"

      "Você sabe."

      "Apenas me diga, ok?"

      "Oito e meia."

      Riley franziu a testa e parecia chateada. Ela olhou para Bill.

      "Foi reprovada em Inglês. Cabulou aulas demais. Eu estou tentando ajudá-la a sair dessa."

      Bill balançou a cabeça, entendendo muito bem. A vida na agência exigia muito de todos eles, e suas famílias eram as mais afetadas.

      "Sinto muito," ele disse. Riley deu de ombros.

      "Ela tem quatorze anos. E me odeia."

      "Isso não é bom."

      "Eu odiava todo mundo quando eu tinha quatorze anos," ela respondeu. "Você não?" Bill não respondeu. Era difícil imaginar que Riley um dia odiou todo mundo.

      "Espere até seus meninos alcançarem essa idade," disse Riley. "Quantos anos eles têm agora? Eu esqueci."

      "Oito e dez," respondeu Bill, depois sorriu. "Do jeito que as coisas estão indo com Maggie, nem sei se estarei na vida deles quando tiverem a idade de April."

      Riley levantou a cabeça e olhou para ele, preocupada. Ele sentia falta daquele olhar carinhoso.

      "Está tão ruim assim, hein?" – disse ela.

      Ele desviou o olhar, não querendo pensar nisso. Os dois ficaram em silêncio por um momento.

      "O que é que você está escondendo no chão?" Ela perguntou.

      Bill olhou para baixo, depois voltou a olhar para cima e sorriu; mesmo daquele jeito, ela nunca deixava nada passar despercebido.

      "Eu não estou escondendo nada," disse Bill, pegando o envelope e colocando-o sobre a mesa. "É só algo que eu gostaria de conversar com você."

      Riley sorriu abertamente. Era óbvio que ela sabia muito bem o que ele estava realmente fazendo ali.

      "Mostre-me," disse ela e depois acrescentou, olhando nervosamente para April, "Vamos lá pra trás. Eu não quero que ela veja."

      Riley tirou os chinelos e entrou no quintal com os pés descalços à frente de Bill. Eles se sentaram em uma mesa de piquenique de madeira que já estava lá bem antes de Riley ter se mudado, Bill olhou ao redor do pequeno quintal para a única árvore. Havia florestas por todos os lados. Isso o fazia esquecer que ele estava perto de uma cidade.

      Isolado demais, ele pensou.

      Ele nunca sentiu que aquele lugar era bom para Riley. A casa pequena no estilo de fazenda ficava quinze milhas fora da cidade, estava degradada e sem graça. Ficava perto de uma estrada secundária, com nada além de florestas e pastagens à vista. Não que ele achasse que a vida suburbana servisse para ela. Ele tinha dificuldade em imaginá-la fazendo um circuito de coquetéis e festas. Ela ainda podia, pelo menos, dirigir em Fredericksburg e pegar a Amtrak para Quantico quando ela voltava do trabalho. Quando ela ainda conseguia trabalhar.

      "Mostre-me o que você tem," disse ela.

      Ele abriu os relatórios e fotografias sobre a mesa.

      "Lembra-se do caso Daggett?" Ele perguntou. "Você estava certa. O assassino não tinha acabado." Ele viu seus olhos se arregalarem quando ela se debruçou sobre as imagens. Um longo silêncio caiu enquanto ela estudava os

      arquivos intensamente, ele se perguntou se era isso que ela precisava para voltar – ou se isso iria mantê-la afastada.

      "Então, o que você acha?" Ele finalmente perguntou.

      Outro silêncio. Ela ainda não tirara os olhos do arquivo.

      Finalmente, ela olhou para cima e, logo em seguida, ele ficou chocado ao ver lágrimas nos seus olhos. Ele nunca a tinha visto chorar antes, nem mesmo nos piores casos, diante de um cadáver. Aquela não era a Riley que ele conhecia. Aquele assassino havia feito alguma coisa a ela, mais do que ele sabia.

      Ela sufocou um soluço.

      "Estou com medo, Bill," disse ela. "Tenho tanto medo. O tempo todo. De tudo."

      Bill sentiu seu coração apertar ao vê-la assim. Ele se perguntou para onde a antiga Riley tinha ido, a única pessoa que ele sempre podia contar, que era mais durona do que ele, a fortaleza que ele poderia sempre recorrer em tempos de angústia. Ele sentia falta dela mais do que ele era capaz de dizer.

      "Ele está morto, Riley," ele falou, no tom mais confiante que conseguiu fazer. "Ele não pode te machucar mais."

      Ela balançou a cabeça. "Você não sabe disso."

      "Claro que sei," respondeu ele. "Eles encontraram o seu corpo após a explosão."

      "Não conseguiram identificá-lo," disse ela.

      "Você sabe que era ele."

      O rosto


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