Sem Pistas . Блейк Пирс
é um novo caso," ele falou. "Não tem nada a ver com o que aconteceu com você." Ela balançou a cabeça.
"Não importa."
Lentamente, enquanto chorava, ela estendeu a mão e entregou-lhe o arquivo, desviando o olhar.
"Sinto muito," disse ela, olhando para baixo, segurando com a mão trêmula. "Acho que você deve ir," acrescentou.
Bill, chocado, entristecido, estendeu a mão e pegou a pasta de volta. Nunca, em um milhão de anos, ele teria esperado este resultado.
Bill ficou ali sentado por um momento, lutando contra suas próprias lágrimas. Finalmente, ele gentilmente afagou-lhe a mão, levantou-se da mesa e fez o seu caminho de volta pela casa. April ainda estava sentada na sala de estar, de olhos fechados, balançando a cabeça com sua música.
Riley permaneceu sentada, chorando sozinha na mesa de piquenique após Bill ir embora.
Eu achei que estava bem, ela pensou.
Ela realmente queria ficar bem, por Bill. E ela pensou que poderia realmente aguentar. Ficar sentada na cozinha, falando sobre trivialidades tinha sido fácil. Em seguida, eles tinham ido para fora e, quando ela tinha visto o arquivo, ela pensou que continuaria bem, também. Melhor do que bem até. Ela estava acreditando nisso. Seu antigo desejo pelo trabalho foi reacendido, ela queria voltar a campo. Ela estava compartimentalizando, é claro, pensando naqueles assassinatos quase idênticos como se fossem um quebra-cabeça para resolver, quase em abstrato, um jogo intelectual. O que também foi bom. Sua terapeuta tinha lhe dito que ela teria que fazer isso se ela tivesse expectativas de voltar a trabalhar.
Mas, então, por algum motivo, o quebra-cabeça intelectual se tornou o que ele realmente e verdadeiramente era – uma tragédia humana monstruosa em que duas mulheres inocentes morreram perante dor e terror imensuráveis. E ela se perguntou de repente: Foi tão ruim para elas como fora para mim?
Seu corpo foi então inundado por pânico e medo. E constrangimento, vergonha. Bill era seu parceiro e seu melhor amigo. Devia-lhe muito. Ele ficara com ela durante as últimas semanas, quando ninguém mais o fizera. Ela não teria aguentado seus dias no hospital sem ele. A última coisa que ela queria era que ele a visse reduzida a um estado de desamparo.
Ela ouviu April gritar atrás da porta de tela. "Mãe, nós temos que comer agora ou vou me atrasar."
Ela sentiu vontade de gritar de volta, "Prepare o seu próprio café da manhã!"
Mas ela não o fez. Ela estava há muito tempo exausta de suas batalhas com April. Ela desistiu de lutar.
Então levantou-se da mesa e caminhou de volta para a cozinha. Puxou uma toalha de papel fora do rolo e o utilizou para limpar as lágrimas e assoar o nariz, em seguida, preparou-se para cozinhar. Tentou recordar as palavras de seu terapeuta: Mesmo tarefas de rotina vão requerer muito esforço consciente, pelo menos por um tempo. Ela tinha que se contentar em fazer as coisas com um passo de bebê de cada vez.
Primeiro, ela tirou as coisas fora da geladeira – a caixa de ovos, o pacote de bacon, o prato com manteiga, o pote de geleia, porque April gostava de geleia mesmo que ela não gostasse. E então ela colocou seis tiras de bacon em uma panela sobre o fogão e ligou o fogo a gás debaixo da panela.
Ela cambaleou para trás com a visão da chama amarelo-azul. Fechou os olhos e tudo lhe veio à tona.
Riley estava em forro apertado, debaixo de uma casa, em uma pequena jaula improvisada. A tocha de propano era a única luz que ela podia enxergar. O resto do tempo estivera em uma completa escuridão. O piso do forro era de terra. O assoalho acima dela era tão baixo que ela mal conseguia agachar.
A escuridão era total, mesmo quando ele abriu uma pequena porta e entrava no foro, junto com ela. Ela não podia vê-lo, mas podia ouvir sua respiração e seus grunhidos. Ele destrancava a jaula e a abria e então entrava.
E só então ele acendia a tocha. Ela podia ver seu rosto cruel e feio sob a luz. Ele a insultava com um prato de comida miserável. Se tentasse pegá-lo, ele empurrava a chama para ela. Ela não podia comer sem se queimar…
Ela abriu os olhos. As imagens eram menos vivas com os olhos abertos, mas ela não conseguia afastar a corrente de memórias. Continuou preparando o café da manhã, todo o seu corpo se agitando com a adrenalina. Ela estava arrumando a mesa quando a voz de sua filha gritou novamente.
"Mãe, quanto tempo vai demorar?"
Ela deu um salto, o prato escorregou de sua mão, caiu no chão e quebrou. "O que aconteceu?" April gritou, aparecendo ao lado dela.
"Nada," disse Riley.
Ela limpou a sujeira e, enquanto ela e April sentavam para comer juntas, a hostilidade silenciosa era quase palpável, como de costume. Riley queria acabar com esse clima, se aproximar de April e dizer, April, sou eu, sua mãe, eu te amo. Mas ela já tinha tentado tantas vezes e isso só piorava. Sua filha a odiava, e ela não conseguia entender o motivo, nem como acabar com isso.
"O que você vai fazer hoje?" ela perguntou a April.
"O que você acha?" April retrucou. "Vou para a aula."
"Quero dizer depois disso," disse Riley, mantendo a voz calma, compassiva. "Eu sou sua mãe. Gostaria de saber. É normal."
"Nada na nossa vida é normal."
Elas comeram em silêncio por alguns momentos.
"Você nunca me conta nada," disse Riley.
"Nem você."
Isso acabou com qualquer esperança de ter uma conversa de uma vez por todas.
Isso é justo, Riley pensou amargamente. Era mais verdadeiro do que April imaginava. Riley nunca lhe contava coisas sobre seu trabalho, seus casos; ela nunca tinha contado sobre seu cativeiro, nem sobre seu tempo no hospital, ou por que ela estava "de férias" agora. Tudo o que April sabia era que ela teve que viver com seu pai durante grande parte desse tempo e ela o odiava ainda mais do que odiava Riley. Mas, por mais que ela quisesse conversar, Riley achava melhor que April não tivesse nem ideia sobre o que sua mãe havia passado.
Riley se arrumou e levou April para a escola, elas não trocaram nenhuma palavra durante o caminho. Quando April saiu do carro, ela gritou para ela: "Vejo você às dez."
April lhe deu um tchau descuidado, enquanto se afastava.
Riley dirigiu até um café nas proximidades. Tinha se tornado uma rotina para ela. Era difícil para ela passar algum tempo em um lugar público, e ela sabia que era exatamente por isso que ela precisava fazê-lo. O café era pequeno e nunca estava cheio, mesmo no período da manhã como aquele e, por isso ela o achou relativamente inofensivo.
Enquanto estava sentada ali, bebendo um cappuccino, lembrou-se novamente do pedido de Bill. Fazia seis semanas, caramba. Aquilo precisava mudar. Ela precisava mudar. Ela não sabia como iria fazer isso.
Mas uma ideia estava se formando. Riley sabia exatamente o que precisava fazer primeiro.
CAPÍTULO 4
A chama branca da tocha de propano tremulou à frente de Riley. Ela teve de se esquivar para trás para escapar de uma queimadura. O brilho a deixou cega e ela não conseguia sequer ver o rosto de seu sequestrador. À medida que a tocha era movimentada, ela parecia deixar vestígios remanescentes suspensos no ar.
"Pare!" ela gritou. "Pare!"
Sua voz estava crua e rouca de tanto gritar. Ela se perguntou por que estava perdendo o fôlego. Ela sabia que ele não iria parar de atormentá-la até que estivesse morta.
Foi então que ele levantou uma buzina de ar e a apertou em seu ouvido.
Uma buzina de carro soou. Riley voltou ao presente e olhou para fora, a luz do cruzamento tinha acabado de ficar verde. Uma linha de motoristas esperava atrás de seu veículo, então ela pisou no acelerador.
Riley, com as palmas das mãos suando, forçou-se a se livrar daquela memória e lembrou-se de onde estava. Ela estava indo visitar