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acordou gritando, ainda sentada na cadeira. Ela levou as mãos até sua garganta e a esfregou com uma, enquanto a outra mão tentava afastar Scarlet.
“Caitlin? Você está bem?”
Depois de alguns segundos, Caitlin se acalmou e olhou para cima, percebendo que não era Scarlet. Era Sam. A princípio, ela estava confusa. Depois, ela percebeu, com um tremendo alívio, que ela tinha dormindo. Foi apenas um pesadelo.
Caitlin ficou ali, respirando com dificuldade. De pé, perto dela, estava Sam, com uma mão em seu ombro, parecia preocupado, e Polly. As luzes estavam acesas, e ela viu que estava escuro lá fora. Ela olhou para o relógio de seu avô e viu que era depois de meia-noite. Ela devia ter caído no sono na cadeira.
“Você está bem?”, Perguntou Sam novamente.
Agora Caitlin estava envergonhada. Sentou-se, limpando a testa.
“Desculpe acordá-la, mas parecia que você estava tendo um sonho ruim”, acrescentou Polly.
Caitlin lentamente se levantou e andou um pouco, tentando se livrar da visão terrível do sonho. Ele havia sido tão real, quase podia sentir a dor na garganta, onde ela havia sido mordida por sua própria filha.
Mas fora apenas um sonho. Ela precisava continuar dizendo a si mesma isso. Apenas um sonho.
“Onde está Caleb?”, Ela perguntou, se lembrando. “Você tem alguma notícia? Como foram as ligações?”
As expressões nos rostos de Polly e Sam lhe disseram tudo o que ela precisava saber.
“Caleb ainda está lá fora, procurando”, disse Sam. “Eu liguei para ele cerca de uma hora atrás. Está bem tarde. Mas nós queríamos lhe fazer companhia até ele chegar em casa.”
“Eu liguei para todos os amigos dela,” Polly entrou na conversa. “Um de cada vez. Consegui falar com a maioria deles. Ninguém viu ou ouviu nada. Estavam todos tão surpresos quanto nós. Eu até falei com Blake. Mas ele disse que não falou nenhuma vez com ela. Eu sinto muito.”
Caitlin esfregou o rosto, tentando se livrar das teias de aranha. Ela havia tido a esperança de acordar e descobrir que nada daquilo era real. Que Scarlet estava de volta em casa, em segurança. Que sua vida tinha voltado ao normal. Mas, ver Sam e Polly ali, em sua casa, depois da meia-noite, com rostos tão preocupados, lhe trouxe tudo de volta. Tudo fora real. Muito real. Scarlet estava desaparecida. E talvez não voltasse nunca mais.
Este pensamento atingiu Caitlin como uma faca. Ela mal podia respirar com esta ideia. Scarlet, sua única filha. A pessoa que ela mais amava no mundo. Ela não poderia imaginar a vida sem ela. Ela queria correr para fora, por todas as ruas, gritar e gritar contra a injustiça de tudo aquilo. Mas ela sabia que seria inútil. Ela só deveria se sentar ali e esperar.
De repente, houve um barulho na porta. Os três se levantaram, ansiosos. Caitlin correu para a entrada, torcendo para ver o rosto de sua filha adolescente.
Mas seu coração parou ao ver que era apenas Caleb voltando para casa, estava com uma expressão séria no rosto. Esta visão fez seu coração apertar ainda mais. Ele claramente não teve sucesso.
Ela sabia que era inútil, mas, de qualquer maneira, perguntou: “Achou alguma coisa?”
Caleb olhou para o chão, balançando a cabeça. Ele parecia um homem deprimido.
Sam e Polly trocaram um olhar e, em seguida, se aproximaram de Caitlin e cada um lhe deu um abraço.
“Eu estarei de volta logo de manhã cedo”, disse Polly. “Ligue se tiver alguma novidade. Mesmo que seja o meio da noite. Promete?”
Caitlin acenou de volta, muito atordoada para falar. Ela sentiu Polly abraçá-la, e a abraçou também, em seguida, abraçou seu irmão mais novo.
“Eu amo você, mana”, disse ele sobre seu ombro. “Aguente firme. Ela vai ficar bem.”
Caitlin enxugou algumas lágrimas e viu Sam e Polly saírem pela porta.
Agora, era só ela e Caleb. Normalmente, ela ficaria feliz de ficar sozinha com ele, mas, depois da briga, ela estava nervosa. Caleb, ela podia ver, estava perdido em seu próprio mundo de tristeza e remorso; ela também percebeu que ele ainda estava bravo com ela por ter expressado suas teorias para a polícia.
Era demais para Caitlin para suportar. Ela percebeu que tinha expectativas demais em relação ao retorno de Caleb, um pingo de otimismo que ele iria chegar e anunciar algo, alguma boa notícia. Mas vê-lo voltar assim, sem nada, absolutamente nada, só lhe trouxe mais sentimentos ruins. Scarlet esteve fora o dia inteiro. Ninguém sabia onde ela estava. Era mais que meia-noite e ela não tinha voltado para casa. Ela sabia que isso era um mau sinal. Ela nem queria imaginar as possibilidades, mas sabia que era muito, muito ruim.
"Eu vou para a cama", Caleb disse, então se virou e foi subindo os degraus.
Caleb sempre lhe dizia "boa noite", sempre pedia que ela fosse para a cama com ele. Na verdade, Caitlin não conseguia lembrar-se de uma noite em que não tivessem ido dormir juntos.
Agora, ele sequer lhe chamara.
Caitlin voltou para sua cadeira na sala de estar e se sentou ali, ouvindo as botas dele subindo as escadas, ouvindo a porta do quarto se fechando atrás dele. Era o som mais solitário que ela já havia escutado.
Ela começou a soluçar, e chorou por tanto tempo que ela perdeu a conta. Eventualmente, ela se encolheu como uma bola e ficou chorando em uma almofada. Lembrava vagamente Ruth chegando perto dela, tentando lamber seu rosto; mas era tudo apenas um borrão porque, logo, seu corpo torturado por tantos soluços caiu em um sono profundo e irregular.
CAPÍTULO TRÊS
Caitlin sentiu algo frio e úmido em rosto e abriu os olhos lentamente. Desorientada, ela olhou para sua sala de estar e depois para os lados; ela percebeu que tinha adormecido na poltrona. O quarto estava escuro e, pela tímida luz que vinha através das cortinas, ela percebeu que o dia estava apenas começando. O som da chuva torrencial batia contra o vidro.
Caitlin ouviu um gemido e sentiu algo molhado no rosto de novo, ao olhar para o lado, viu Ruth, de pé sobre ela, lambendo-a, chorando histericamente. Ela a cutucava com seu focinho molhado e frio e não parava.
Finalmente Caitlin sentou-se, percebendo que algo estava errado. Ruth não parava de choramingar, cada vez mais alto e, então, começou a latir para ela, ela nunca tinha a visto agir desta forma.
“O que foi, Ruth?”, perguntou Caitlin.
Ruth latiu novamente e, em seguida, se virou e saiu correndo da sala, em direção à porta da frente. Caitlin olhou para baixo e, sob a luz fraca, enxergou uma trilha de pegadas enlameadas em todo o carpete. Ruth deve ter saído, Caitlin percebeu. A porta da frente devia estar aberta.
Caitlin se levantou com pressa, percebendo que Ruth estava tentando lhe dizer alguma coisa, levá-la para algum lugar.
Scarlet, ela pensou.
Ruth latiu novamente, e Caitlin sentiu que era isso. Ruth estava tentando levá-la a Scarlet.
Caitlin correu para fora da sala, com o coração batendo. Ela não queria perder um segundo subindo as escadas para pegar Caleb. Ela atravessou a sala de estar pelo meio do salão e saiu pela porta da frente. Onde Ruth poderia ter possivelmente encontrado Scarlet? ela se perguntou. Ela estava a salvo? Ela estava viva?
Caitlin foi inundada com pânico quando irrompeu pela porta da frente, já entreaberta por Ruth, que tinha, de alguma forma, conseguido abri-la e saído na varanda da frente. O mundo estava tomando pelo som da chuva torrencial. Houve um trovão suave e retumbante e um clarão de relâmpago iluminando o céu e, sob a luz acinzentada, a chuva torrencial tocava o solo.
Caitlin parou no topo da escada, quando viu para onde Ruth estava indo. Ela foi tomada por terror. Outro relâmpago encheu o céu e, ali, diante dela, estava uma imagem que a traumatizou – uma que se fixou em seu cérebro, que ela nunca iria esquecer até o fim de sua vida.
Lá, deitada no gramado da frente, encolhida, inconsciente e nua, estava