A Esposa Perfeita . Блейк Пирс

A Esposa Perfeita  - Блейк Пирс


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“Me desculpe ligar tão tarde. Como você está?”

      “Eu estava preocupada com você”, disse ela, tentando conter a frustração de sua voz.

      “Oh, desculpe”, ele disse, soando levemente arrependido. “Eu não queria preocupar você. Surgiu uma coisa de última hora. O Teddy me ligou por volta das seis e disse que tinha mais alguns clientes potenciais para mim. Ele me perguntou se eu podia encontrar com ele e com esses caras a um bar chamado Sharkie na marina. Eu achei que, na verdade, não podia deixar passar esse tipo de oportunidade quando sou o cara novo no escritório, sabe?”

      “Você não podia ter ligado para avisar?”

      “Você está certa”, ele gritou. “Tudo foi tão rápido que não tive tempo para mais nada. Só agora consegui escapar para te ligar.”

      “Eu fiz um jantar especial, Kyle. Nós íamos celebrar hoje à noite, se lembra? Abri uma garrafa de vinho de cem dólares. Era para ser uma noite romântica.”

      “Eu sei”, disse ele. “Mas eu não posso desistir disso. Eu acho que posso tornar ambos os amigos de Teddy nossos clientes. E ainda podemos tentar fazer bebês quando eu chegar a casa.”

      Jessie suspirou profundamente para poder manter a voz calma quando respondeu.

      “Vai ser tarde quando você voltar”, disse ela. “Eu vou estar cansada e você vai estar meio bêbado. Não foi assim que eu imaginei isso.”

      “Ouça, Jessie. Peço desculpa por não ter ligado. Mas você quer que eu simplesmente jogue fora uma oportunidade como essa? Eu não estou apenas bebendo aqui. Estou fazendo negócios e tentando fazer alguns novos amigos ao mesmo tempo. Vai usar isso contra mim?”

      “Eu acho que estou conhecendo quais são suas prioridades”, ela respondeu.

      “Jessica, você é sempre minha maior prioridade”, insistiu Kyle. “Estou apenas tentando equilibrar tudo. Eu acho que estraguei tudo. Eu prometo que vou estar em casa às nove, ok? Isso se encaixa em sua agenda?”

      Ele soara sincero até à última frase, que pingava de sarcasmo e ressentimento. A barreira emocional que Jessie tinha erigido entre eles estava se desmoronando lentamente até ela ouvir aquelas palavras.

      “Faça o que você quiser”, ela respondeu bruscamente antes de desligar.

      Ela se levantou e se viu de relance no espelho da sala de jantar. Ela tinha vestido um vestido de noite de cetim azul com um decote profundo e uma longa fenda no lado direito que começava em sua coxa. Ela tinha seu cabelo apanhado num coque casual que ela esperava desfazer como sendo parte de uma sedução pós-jantar. Os saltos que ela usava a erguiam de seus normais cinco pés e dez polegadas para bem mais do que seis pés de altura.

      De repente, tudo pareceu tão ridículo. Era como se ela estivesse jogando um triste jogo em que se vestia elegantemente. Mas na realidade, ela era apenas mais uma patética dona de casa esperando que seu homem voltasse para casa e desse à sua vida algum sentido.

      Ela pegou os pratos e caminhou até à cozinha, onde colocou as duas refeições no lixo, peixe inteiro e tudo. Ela foi se trocar, vestindo roupa confortável. Depois disso, voltou para a sala de jantar, agarrou na garrafa aberta de Shiraz, encheu um copo até à borda e deu um gole enquanto caminhava para a sala de estar.

      Ela se atirou para o sofá, ligou a TV, se acomodando para ver o que parecia ser uma maratona de Life Below Zero, uma série de reality sobre pessoas que viviam voluntariamente em áreas remotas do Alasca. Ela justificou dizendo a si mesma que isso a ajudaria a apreciar que tinha pessoas que viviam muito pior do que ela em sua casa chique na Califórnia do Sul, com seu vinho caro e sua televisão de tela plana de setenta polegadas.

      Por volta do terceiro episódio e da meia garrafa vazia, ela adormeceu.

      *

      Ela foi acordada por Kyle lhe chacoalhando suavemente o ombro. Olhando para cima através de seus olhos embaçados, ela entendeu que ele estava um pouco embriagado.

      “Que horas são?”, ela murmurou.

      “Onze e pouco.”

      “O que aconteceu para você não estar em casa às nove?”, ela perguntou.

      “Eu fiquei retido”, ele disse timidamente. “Preste atenção, querida. Eu sei que deveria ter ligado antes. Isto não se faz. Lamento mesmo.”

      “Tudo bem” disse ela. Ela tinha a boca seca e lhe doía a cabeça.

      Ele passou um dedo ao longo do braço dela.

      “Eu gostaria de fazer as pazes com você”, ele propôs sugestivamente.

      “Hoje não, Kyle”, disse ela, afastando a mão dele enquanto se levantava. “Eu não estou com disposição. Nem um pouco. Talvez da próxima vez você possa tentar não me fazer sentir como se eu fosse sua segunda escolha. Vou para a cama.”

      Ela subiu as escadas e, apesar da vontade de olhar para trás para ver a reação dele, continuou sem dizer mais nada. Kyle não disse nada. Ela se arrastou para a cama sem sequer desligar a luz. Apesar da dor de cabeça e da boca seca, ela adormeceu em menos de um minuto.

      *

      Jessie sentiu um ramo espinhento lhe arranhar o rosto enquanto corria pela floresta escura. Era inverno e ela sabia que, mesmo descalça, seus passos, pisando as folhas caídas e secas que cobriam a neve, eram barulhentos; que ele provavelmente os ouviria. Mas ela não tinha escolha. Sua única esperança era continuar a correr e esperar que ele não conseguisse a encontrar.

      Mas, ao contrário dele, ela não conhecia bem a floresta. Ela estava correndo às cegas, completamente perdida e procurando qualquer referência familiar. Suas pequenas pernas eram demasiado pequenas. Ela sabia que ele se estava aproximando. Ela conseguia ouvir seus passos pesados e sua respiração ainda mais pesada. Ela não tinha onde se esconder.

      CAPÍTULO SEIS

      Jessie se sentou na cama, acordando a tempo de ouvir seu próprio grito. Ela demorou um pouco para se orientar e entender que estava em sua própria cama em Westport Beach, vestindo as roupas com as quais ela tinha adormecido bêbada na noite anterior.

      Seu corpo estava todo coberto de suor e sua respiração era superficial. Ela pensou que estava mesmo a ouvir o sangue a correr em suas veias. Ela levou a mão até sua bochecha esquerda. A cicatriz do galho ainda estava lá. Já não se notava tanto e poderia ser quase toda escondida com maquiagem, ao contrário da cicatriz mais longa em sua clavícula direita. Mas ela ainda conseguia sentir sua saliência. Até mesmo agora, ela quase que conseguia sentir a espetada afiada.

      Ela olhou para a esquerda e viu que a cama estava vazia. Ela percebeu que Kyle tinha dormido lá porque seu travesseiro estava recuado e os lençóis estavam todos bagunçados. Mas ela não sabia onde ele estava. Ela tentou ouvir o som do chuveiro, mas a casa estava em silêncio. Olhando para o relógio da cabeceira, ela viu que eram 7h45 da manhã. A esta hora ele já teria saído para o trabalho.

      Ela saiu da cama, tentando ignorar sua cabeça latejante enquanto se arrastava para o banheiro. Depois de um banho de quinze minutos, metade do tempo gasto simplesmente sentada nos ladrilhos frios, ela se sentiu pronta para se vestir e descer. Na cozinha, ela viu uma nota colocada na mesa do café. Dizia “Desculpa novamente pela noite passada. Adoraria uma outra oportunidade quando você estiver com disposição. Te amo.”

      Jessie deixou-o de lado e preparou um pouco de café e aveia, a única coisa de que se sentia capaz de comer agora. Ela conseguiu terminar meia tigela, jogou o resto no lixo e caminhou até à sala de estar da frente, onde uma dúzia de caixas fechadas esperava por ela.

      Ela se acomodou no sofá de dois lugares com uma tesoura, colocou o café na mesa de apoio e puxou uma caixa em sua direção. Enquanto ela, distraída, ia vendo o que estava nas caixas, eliminado os itens à medida que os localizava, sua mente viajou para


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