Jeremy (Anjos Caídos #4). L. G. Castillo

Jeremy (Anjos Caídos #4) - L. G. Castillo


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e de sua família. — Eu tenho que me afastar por tempo suficiente para que quando voltar, eu possa amar você como uma verdadeira irmã.

      Se isso sequer é possível. Ele engoliu o nó na garganta ao pensar em nunca mais a ver ou a sua família.

      Ele foi até a beirada da janela, colocando as asas perto do corpo, pausou. Virando-se para Naomi, ele se aproximou dela. Sua mão gentilmente acariciou sua bochecha.

      — Diga ao meu irmão que vou sentir falta dele.

      — Não. Diga você mesmo. — Uma lágrima rolou por sua bochecha, molhando seu polegar.

      Ele baixou a mão e balançou a cabeça, afastando-se dela antes de mudar de ideia. — Será melhor para todos nós se não fizer. Por favor, faça isso por mim, Naomi.

      Sem ouvir sua resposta, ele saltou da borda, caindo livre no céu. Quando seu corpo disparou pela montanha, o vento passou, enchendo seus ouvidos com ruído branco e bloqueando os soluços de Naomi. Quando ele estava prestes a bater no chão, abriu suas asas e levantou seu corpo para cima, evitando o chão por apenas alguns metros. Ele foi para o Salão do Julgamento, o único lugar quieto onde poderia ficar sozinho e pensar em como iria convencer Gabrielle a deixá-lo ir.

      5

      Abrindo as pesadas portas de mogno, ele entrou na sala escura. Velas se alinhavam nas paredes. No outro extremo da vasta sala, situada no alto de uma plataforma de três andares, havia uma alta cadeira feita de madeira. A almofada de veludo vermelho brilhante reluzia sob as dezenas de velas que cercavam o Salão do Julgamento. Ele esteve na sala dezenas de vezes com Lash, e às vezes com outros anjos que tinham caído. Ele sempre ficava de lado, observando Michael realizar o julgamento, imaginando como seria se ajoelhar na frente do poderoso arcanjo, vulnerável, pedindo perdão e sendo levado de volta ao céu. Embora ele ignorasse as regras de tempos em tempos, nunca pensara em ir contra a lei celestial ao ponto de ser banido. Por que faria? Ele tinha tudo o que ele precisava ou queria… até agora.

      As chamas cintilaram quando ele caminhou rapidamente para a cadeira de Michael e se ajoelhou diante dela. Sua cabeça caiu em direção ao peito. Ele não precisava mais se perguntar como os outros se sentiam nessa posição, ele sentia em cada parte de seu corpo. Seu peito ficou pesado quando as últimas semanas passaram por sua mente. Lutando contra Lash, desejando a esposa de seu irmão, sonhando com uma vida em que seu irmão não existisse para que pudesse tê-la.

      — Perdoe-me, irmão.

      Sua voz pesada ecoou na câmara silenciosa. Ele lutou tanto para reconquistar a confiança de Lash, não queria perder seu irmão novamente. No entanto, o pensamento de sair e nunca mais ver sua família ou Naomi novamente estava rasgando seu coração, arrancando seu coração pedaço por pedaço. Ele não podia ficar, mas também não podia ir.

      — Ajude-me a encontrar um caminho.

      Uma brisa fresca passou por sua nuca, seguida por um toque em seu ombro. Ele ficou de pé e girou ao redor.

      — Gabrielle! — Por que ela estava aqui? Anjos não entravam na sala a menos que precisassem.

      — Eu estava… eu estava... — Ele passou a mão pelo cabelo enquanto examinava a sala, procurando por uma desculpa. — Eu estava procurando por uma vela extra.

      Ele pegou uma na prateleira, xingando quando a cera quente espirrou em sua mão. Esfregando a mão, ele olhou para Gabrielle. Seu estômago se contorceu com a expressão em seu rosto. Era o mesmo olhar que Naomi lhe dera... pena.

      Naomi lhe contara o que havia acontecido? Ele não conseguia pensar em nenhum outro motivo pelo qual Gabrielle, que sempre era toda focada nos negócios, olharia assim para ele. Que patético. Até o arcanjo mais forte sentia pena dele.

      — Ah, droga, desculpe por isso.

      Por que ela estava parada ali?

       Diga algo. Me repreenda. Me jogue para fora. Qualquer coisa.

      — Faz um tempo desde que este corpo teve cera quente sobre ele. — Ele piscou suas covinhas, esperando que ela entendesse a sua insinuação e chutasse sua bunda deplorável para fora da sala.

      — Jeremiel. — Ela soltou um suspiro lentamente. Seus cílios escuros se fecharam por um momento, depois se levantaram. Olhos esmeralda suaves o olhavam com ternura. Ela estava com medo de que ele se partisse.

      Ele deu um passo para trás, sorrindo com tanta força que seus dentes estalaram.

       Vamos, Gabrielle. Me mande parar com isso. Me castigue. Só não olhe para mim assim. Eu não posso aguentar isso de você também.

      O silêncio encheu a sala. Seu coração batia em seus ouvidos, o tempo passando enquanto esperava Gabrielle responder.

      — Para alguém que é um grande jogador de pôquer, você é um péssimo mentiroso — ela finalmente disse.

      — Sim, já me disseram isso antes.

      — Eu não queria te incomodar. Se você precisa de alguns momentos sozinho, posso pedir a alguém que fique de guarda na porta para garantir que ninguém entre.

      — Não, terminei aqui. — Ele soltou um suspiro. Ela não fez nenhuma pergunta sobre por que estava sozinho, ajoelhado como um dos caídos na frente da cadeira de Michael. Ela era muito educada para isso. Era a única coisa de que ele gostava nela.

      Seus lábios se curvaram em um sorriso suave. Se quisesse pedir permissão para ficar na Terra, deveria fazê-lo agora. Ele abriu a boca, mas as palavras ficaram presas na garganta.

      — Há algo que você quer me perguntar?

       Pergunte a ela, idiota.

      Sua boca ficou seca, com medo que tivesse que explicar por que estava pedindo isso. Como um arcanjo, ele não precisava de permissão para ir à Terra, mas para qualquer estadia prolongada, ele precisava obter aprovação dela ou de Michael. Gabrielle era sua melhor tentativa. Ela era rigorosa quando se tratava de seguir a lei dos anjos, e sempre estava comprometida ao seu dever, mas não se intrometia. Na primeira vez que ele fora embora depois da briga com Lash, fora ela quem o mandou ir. De alguma forma, ela sabia que ele precisava ir. E quando ele retornou, ela nunca questionou por onde esteve.

      — Eu, uh… — Ele olhou para a vela em sua mão, nervosamente passando-a entre o polegar e o dedo.

      Ele não podia fazer isso. Sabia que deveria ir, mas não suportava pensar em deixar Naomi e não vê-la todos os dias. E Lash... sua garganta ficou apertada novamente. Naomi estava certa. Depois de tudo que ele e seu melhor amigo tinham passado, isso iria partir seu coração. Lash finalmente estava feliz, e ele não queria ser aquele que destruiria seu mundo feliz.

      — Deixe-me ajudá-lo. — Gabrielle se aproximou e colocou uma mão delicada sobre a dele.

      Seus olhos se elevaram e olharam para o rosto deslumbrante. Ele nunca esteve tão perto dela. Ele observou o jeito que o seu vestido creme abraçava suas curvas e o modo como as mechas douradas pendiam como seda fina. Seus olhos eram tão vívidos, um caleidoscópio de amarelo e tons de verde. Ele olhou mais fundo nos olhos dela. Era como se um véu tivesse sido levantado e ele pudesse ver nas profundezas de sua alma. Havia muita força nela... e tristeza.

      Lentamente, ele levantou a mão e acariciou sua bochecha. Ela era linda. A mão dele não zumbiu com eletricidade como quando tocava Naomi. Mas havia uma certa paz quando estava com ela. Ela o entendia. Talvez eles estivessem destinados a ficarem juntos, ligados por seu amor não correspondido... dela por Raphael e dele por Naomi.

       Eu me pergunto como seria.

      6

      Não havia nada. Nenhum fogo correndo pelo seu corpo. Nenhuma agitação no seu estômago com a antecipação de algo mais. Era como beijar sua mãe.

      —


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